Opinião

O que falta no trânsito de Quirinópolis?

Diário da Manhã

Publicado em 14 de janeiro de 2017 às 01:02 | Atualizado há 8 anos

Que a cidade de Quirinópolis cresceu de forma considerável nos últimos anos, muita gente sabe. Principalmente seus moradores! Aliado a esse crescimento, sobretudo populacional, aumentou e muito a quantidade de veículos nas ruas. O hoje próspero município do sudoeste goiano, com seus quase 50 mil habitantes (47.950 hab./IBGE-2016) possui uma grande movimentação de pessoas e veículos. Destaque para duas grandes usinas de açúcar e álcool bem como por ser um polo universitário da região, recebendo muitos ônibus universitários de várias cidades todos os dias.

Esse avanço fez com que aumentasse consideravelmente a quantidade de acidentes de trânsito, o que tem assustado toda a população. Nos últimos meses, a gravidade como alguns acidentes aconteceram, reacendeu o alerta a respeito de providências que precisam ser tomadas para se melhorar a segurança no trânsito da cidade que hoje ultrapassa os 32.458 mil veículos circulando conforme o DETRAN/GO. Muitas situações de imprudências são presenciadas pela população e muitos desabafos inclusive de situações irregulares no trânsito são relatados constantemente por populares, sobretudo em redes sociais.

Sabemos que Quirinópolis é atualmente uma das 38 cidades goianas que integra o Sistema Nacional de Transito (SNT), vinculado ao Departamento Nacional de Trânsito e consequentemente ao Ministério das Cidades, possuindo assim um trânsito municipalizado, ou seja, gerido por uma Superintendência Municipal de Trânsito. Vale ressaltar que para   integração ao SNT, conforme preceitua o artigo 333 do CTB do (Código de Trânsito Brasileiro), e Resolução nº 296/2008 do CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito, o órgão municipal deve dispor de estrutura organizacional e capacidade instalada para o exercício das atividades e competências legais que lhe são próprias, sendo estas no mínimo as de: engenharia de tráfego; fiscalização e operação de trânsito; educação de trânsito; coleta, controle e análise estatística de trânsito, e disponha de Junta Administrativa de Recursos de Infrações – JARI. E já de algum tempo, isso não acontece em Quirinópolis.

Cabe à esfera municipal, de acordo com o artigo 24 do CTB, manter a operação e manutenção do sistema de sinalização, dispositivos e equipamentos de controle viário, planejamento e regulamentação para operação do trânsito de veículos, pedestres, desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas, regulamentação da circulação de ciclomotores, regulamentação de estacionamentos, bem como as ações de fiscalização de trânsito, buscando autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis, por infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro. É também do município a função de promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN, dentre outras atribuições.

O que ocorre em Quirinópolis é um reflexo do que acontece em muitas outras cidades que possui o trânsito municipalizado (no papel), porém as atribuições previstas na legislação não são ou não foram aplicadas/implementadas em toda sua essência. Isso faz com que muitas regras de trânsito não sejam observadas e assim a imprudência impere. Percebemos diariamente o desrespeito a sinalização, acidentes com vítimas aliado a omissão de socorro, acidentes estes muitas vezes por inobservância de regras básicas de segurança, desrespeito a vagas preferenciais (as que existem), deficiência de sinalização vertical (placas), além da escassez de semáforos (só existem três na principal avenida da cidade – A Brasil), sendo que muitas outras avenidas com grande movimentação de veículos necessitam também da instalação deste equipamento imprescindível para controlar a fluidez do trânsito. Muitos acidentes são registrados em cruzamentos sem sinalização. Em sua grande maioria por imprudência dos condutores. Só no ano de 2016 no município de Quirinópolis foram registrados pelo Corpo de Bombeiros aproximadamente 375 acidentes de trânsito.

Em suma, nosso intuito neste artigo como profissional da área e atuante no serviço de socorro pré-hospitalar é justamente alertar sobre a necessidade de Quirinópolis, uma cidade importante no Estado de Goiás, ter uma gestão de trânsito que envolva a busca pela otimização dos recursos humanos, materiais e financeiros destinados à resolução dos problemas de trânsito do município, visando reduzir ou até mesmo eliminá-los. É justamente essa gestão que falta no trânsito de Quirinópolis. Um passo já foi dado há anos atrás que foi o de inserir o município no Sistema Nacional de Trânsito. Agora necessita executar o que prevê o artigo 333 do CTB, bem como investir no corpo humano com o auxilio de equipes técnicas, agentes de trânsito nas ruas (hoje se observa apenas 2 agentes nas ruas) dentre outras tantas melhorias que isso pode acarretar. Este trabalho “árduo” sendo realizado de fato por profissionais qualificados e comprometidos, não tenho dúvidas que a cidade ficará mais segura, mais bem vista, o comportamento dos condutores tende a melhorar e com isso perceberemos a curto, médio e longo prazo, resultados destas ações pontuais, importantes e necessárias o que acarretará mais respeito no trânsito, cumprimento de regras básicas bem como a redução do número de acidentes em virtude da conscientização das pessoas. Estaremos torcendo por isso!

 

(Cristiano Garcez Gualberto, especialista pós-graduado em Gestão de Trânsito e Transportes, instrutor de CFC credenciado pelo DETRAN/GO desde 2003 atuando principalmente nas áreas de Direção Defensiva e Legislação de Trânsito, graduado em Ciências Contábeis pela Universidade de Rio Verde, pós-graduado em Segurança do Trabalho, professor da Faculdade Quirinópolis, consultor e palestrante – E-mail: [email protected])

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