Opinião

Eu estava lá. Major Araújo não mentiu

Diário da Manhã

Publicado em 25 de novembro de 2016 às 00:53 | Atualizado há 8 anos

Era eleição no Clube dos Oficiais quando o Major Araújo integrou chapa do TC Carrijo. Eu apoiava o TC Alessandri que se sagrou vitorioso com expressiva votação. Pelo final da tarde, um grupo de praças procurou o Major e apresentou argumentos para que ele, agora vice-prefeito eleito, não assumisse o cargo. Entre os diversos motivos apresentados, estava o fato de que, assumindo a vice de Iris Rezende, os PM ficariam sem quem os defendesse na Alego dos projetos que, como disseram, o Governo tem apresentado contra os interesses da Tropa. Disseram mais: que a atuação do Major foi determinante para barrar o projeto que eliminaria uma data de promoção das praças, vitória que os Oficiais não lograram.

Eu, na condição de mero ouvinte, não deveria participar da conversa. Como não me pediram reserva, intrometi-me dizendo que, do meu ponto de vista o major deveria assumir a vice-prefeitura. Fora eleito para o cargo e isto lhe daria projeção. Ademais, é preciso focar em 2018 quando a PM poderá, com folga, eleger 1 Deputado Federal e 2 Estaduais. Sugeri que o Major fosse nosso candidato a federal, o que parece não te-lo empolgado. Então arrematei: você pode ser então candidato a Estadual e apoiar um Federal.

Não estou aqui defendendo o Major Araújo graciosamente. Apenas, pelos ataques que vem recebendo, julguei que teria obrigação de contar esta história. Há muita facilidade em atacar PM neste país. O fato de ser deputado e vice-prefeito eleito parece não ter imunizado o major. Como nos sentimos vítimas dos ataques institucionais, acredito que não temos mais o direito do silêncio ante as injustiças. Araújo está sendo injustiçado pela imprensa. Não é dinheiro que tem movido sua decisão. Há realmente um clamor de certa ala da PM para que ele permaneça deputado.

Por outro lado, a posição do Major Araújo permite a visão de outra perspectiva. Seu partido, obviamente, se opõe a sua decisão de permanecer deputado. Isto é óbvio: perdem força junto ao governo municipal. Mas o PMDB não se toca e, pelo contrário, gosta da idéia. Os vereadores mais ainda. Por quê?

Primeiro, porque exceto seu partido todos os demais ganharão com sua renúncia. Haverá um vácuo político a ser preenchido. Segundo, porque serão mais cargos disponíveis na praça para serem disputados pelos personagens aboletados no poder. Terceiro, porque ninguém sabe de fato para que serve um vice de qualquer coisa.

Esta deveria ser a grande questão e a maior contribuição do major com sua renúncia. Colocar em discussão o cargo de vice. Para que serve esta figura eminentemente parda? Para ocupar secretarias? É muito luxo um país quebrado como o nosso pagar o custo de um cargo de vice, de prefeito à presidente, passando por governos Estaduais, para ter um estepe de luxo para as secretarias. O melhor mesmo seria abolir de vez esta figura.

Fui contra a renúncia do Major por entender que, com isto, facilitaria a vida de adversários em 2018. Agora penso o contrário: não lhe darão voz na prefeitura. Se derem, não fará diferença onde esteja já que foi determinante para a vitória do Iris. O prefeito eleito deverá mais esta decisão ao deputado. Afinal, com a renúncia, Araújo abre espaço para o prefeito articular sua base. Quanto a PM, precisa do Major hoje como voz a defendê-la na Assembléia legislativa. A decisão é difícil, mas sei que ele saberá ouvir a voz de seus eleitores.

 

(Avelar Lopes de Viveiros, coronel RR da PMGO)

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