Caiado virou vítima
Diário da Manhã
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 22:00 | Atualizado há 6 anosOntem, nesse mesmo periódico jornalístico, um artigo fora escrito exclusivamente com o intuito de denegrir a imagem do candidato ao governo de Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM). No pobre texto do autor não há nenhuma menção concreta a um fato realizado pelo candidato que sequer motive uma indignação ou a perda da reputação ilibada do senador. No lugar, o articulista critica seu modo de falar, sua formação, origem e o fato de ser homem, detraindo destas características o que ele chamou de “profunda abominação política”.
É risível a postura infantil desse autor. Como um jovem mancebo ao exprimir sua insatisfação em ser preterido por um cavalheiro mais garboso, seus lamentos suspiram por menosprezá-lo em retaliação. Seus leitores, assim como os amigos que consolariam um jovem, sentem nada mais do que pena da sua fragilidade argumentativa.
O extremismo ideológico citado no começo do artigo não é, necessariamente, um problema. Democracia se dá por diversidade de ideias, num embate de propostas e meios para que vivamos numa sociedade melhor. A esquerda, outrora acostumada em proferir discursos solos no cenário político contra o fisiologismo sem ideologia, hoje esperneia com a nova direita e os novos liberais que apontam para os erros das suas propostas.
A boa política é calcada no estudo e no embate argumentativo com o objetivo de equilibrar as opiniões e os grupos de interesse existentes na sociedade. Não há problema algum em ter pontos de vistas diferentes. O articulista, desse modo, demonstra não respeitar quem pensa diferente dele, assumindo o autoritarismo que ele mesmo critica. Olha que ironia!
O verdadeiro problema que existe na democracia hoje é exatamente o que o jornalista representa. Um militante apaixonado que ignora a relevância da discussão de ideias e parte para o vil desrespeito moral de quem discorda das suas colocações. Ora se não é exatamente o que ele denuncia por parte do senador!
É surpreendente perceber como o debate político insiste em ser raso. Um produtor rural não precisa ser necessariamente machista. Ser mulher não significa ser frágil. Usar um estereótipo para julgar qualquer pessoa é a origem da discriminação e do totalitarismo. Ademais, além de todas as características que nos diferenciam estão as nossas propostas.
Se o pedido do articulista for no sentido de optar pela ponderação no debate, meu pedido é pela consistência argumentativa, pelo estudo do conteúdo oferecido pelos candidatos, antes de rotular o discurso pelo “lugar de fala” do orador. Trocando o conhecimento pela conspiração e o respeito pelo desprezo, a vítima pode ser o Caiado, como pode ser eu ou até mesmo você.
(Desirée Peñalba, advogada, presidente da Comissão de Processo Legislativo e Políticas Públicas da OAB, especialista em políticas públicas pela UFG e mestranda em Economia)
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