Operação aplica multa de mais de R$ 1 mi por desmatamento
Diário da Manhã
Publicado em 31 de julho de 2018 às 01:42 | Atualizado há 6 anos
Operação realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, Recursos Hídricos Hídricos Naturais e Renováveis (Ibama) na região Noroeste de Goiás já aplicou mais de R$ 1 milhão em multas para proprietários de terras que deixaram de cumprir as leis ao desmatar cerca de 800 hectares de Áreas de Reserva Legal e de Proteção Permanente. A operação, que é feita anualmente, ainda está em andamento, e atingiu até o momento cerca de ⅓ dos trabalhos.
O superintendente do Ibama em Goiás, Renato de Paiva, lembra que a preocupação maior é a proteção das áreas de preservação legal e as áreas de proteção permanente que são essenciais para a proteção do Cerrado. Diz ainda que a continuidade do desmatamento de forma ostensiva como vem ocorrendo coloca em risco um dos biomas mais importantes do mundo pela sua biodiversidade e pela sua capacidade hidrográfica.
“As áreas de Preservação Permanente, vinculadas aos cursos d’água e matas ciliares e as áreas de reservas legais, precisam ser protegidas no Cerrado. Os proprietários das terras onde se encontram estas áreas têm que entender que, aos destruí-las, eles estão colocando em risco também a sua própria sobrevivência”, afirma.
O superintendente explica que, aos proprietários de terras multados, além de pagarem as multas, terão também que reflorestar as áreas devastadas. “No ano passado fizemos esta operação na região da Chapada dos Veadeiros. Foram aplicados cerca de R$ 2 milhões em multas. Após a multa, monitoramos as propriedades. As que não cumprirem as metas estabelecidas nos autos são acionadas judicialmente com ação civil pública. Ou seja, após a multa, o processo só é finalizado se o infrator reflorestar a área desmatada”, explica. A multa por desmatar uma área de reserva legal fica entre R$ 5 a R$ 50 por hectare desmatado.
O superintendente do Ibama, Renato de Paiva, diz que a operação ainda vai se estender por cerca de dois meses. Já foram levantados mais de 170 laudos, mas só 45 tiveram concluída a fiscalização. “Esta é uma das operações mais importantes do ano, até porque o Estado vem vivendo uma crise hídrica com proporções épicas e a sobrevivência do bioma é de fundamental importância para que tenhamos água tanto para beber como também para produzir”.
APREENSÕES
Até o momento, com a operação em andamento, foram apreendidos dois caminhões, duas motosserras e oito tratores de grande porte, destes quatro utilizados para a derrubada de árvores e dois correntões para corte raso que retira toda a cobertura vegetal causando grandes danos ao Cerrado. Renato Paiva lembra que o fazendeiro que desmata áreas de preservação legal ou de preservação permanente tem consciência de que a ação é irregular e faz isso achando que nunca vai ser flagrado pela fiscalização. Faz isso também por não conseguir entender as consequências de sua ação para o meio ambiente e para o Cerrado.
“A gente sabe que o Cerrado é um bioma antigo, que já foi deserto e pode voltar a ser se continuarmos devastando as matas da forma como está ocorrendo. Mas muitos fazendeiros não têm esta consciência, de que ao agir desta forma estarão contribuindo para que as crises hídricas piorem e que poderemos no futuro ter um novo deserto no Cerrado”, alerta o superintendente.
O superintendente do Ibama explica que a escolha das áreas a serem fiscalizadas é feita por imagens via satélite comparando as imagens de um ano anterior com o atual. Ou seja, os fiscais avaliam pelas imagens onde é que houve maior devastação da vegetação e aí a fiscalização é feita em terra no local identificado pelas imagens via satélite. Além dos fiscais do Ibama, auxiliam na fiscalização outros órgãos, como o Batalhão da Polícia Militar Florestal.
O Cerrado é reconhecido pelos profissionais da área de geografia como um dos mais importantes biomas do mundo. Estes costumam dizer que o Cerrado term uma biodiversidade enorme e é a caixa d’água do Brasil, onde estão as nascentes de vários rios brasileiros, entre eles o Araguaia, Tocantins e São Francisco.
As áreas de Preservação Permanente, vinculadas aos cursos d’água e matas ciliares, e as áreas de reservas legais precisam ser protegidas no Cerrado. Os proprietários das terras onde se encontram estas áreas têm que entender que, aos destruí-las, estão colocando em risco também a sua própria sobrevivência.” Renato de Paiva, superintendente do Ibama em Goiás
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