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“Nunca deixamos a nostalgia nos pautar”

Diário da Manhã

Publicado em 27 de julho de 2018 às 23:16 | Atualizado há 3 semanas

A banda Capital Inicial este­ve em Goiânia nesta sexta­-feira para tocar pra galera agitada do Deu Praia. O caloroso vocalista Dinho Ouro Preto, jun­tamente com os irmãos Fê Lemos (bateria) e Flávio Lemos (baixo) e o guitarrista Yves Passarel (guitar­ra), mostrou o que sabe fazer de melhor: um rock pop repleto de lembranças, mas também de no­vidades. Presente, passado e futu­ro se cruzam na história e canções desta que é uma das bandas mais longevas do rock nacional e traz em seu som uma máxima: não parar no tempo nunca.

É uma banda em paz com sua história, com olhos atentos nos movimentos atuais. O show dos brasilienses é prova disso. No palco, há sim clássicos oi­tentistas, como Primeiros Erros, À Sua Maneira, Natasha e Vera­neio Vascaína. Contudo, é no­tório que a banda tem sede por novidades e, mesmo com certa resistência assumida em entre­vista ao DMRevista pelo voca­lista Dinho, a banda tem se ade­quado às exigências do mercado pelo menos no quesito, mas sem perder a essência.

Prova disso é que a Capital Ini­cial chegou em Goiânia com no­vidade e ela atende pelo nome de Sonora, o último álbum da banda que está sendo lançado em par­tes, inicialmente, apenas nas pla­taformas digitais. Desse trabalho, os brasilienses já mostraram as canções e seus clipes de Não Me Olhe Assim e Tudo Vai Mudar. A última faixa – lançada no dia 13 de julho, o Dia do Rock, con­ta com parceiros recorrentes de Dinho: Alvin L e Kiko Zambian­chi, compositor de Primeiros er­ros (Chove), um dos maiores su­cessos do quarteto.

Aproveitando a presença da banda em Goiânia e ainda este momento em que a Capital apre­senta Sonora ao mundo, conver­samos com Dinho Ouro Preto. Na conversa falou ainda sobre proje­tos atuais e passados, além de rock nacional, engajamento político, entre outros assuntos

 

ENTREVISTA DINHO OURO PRETO

 

DMRevista – Sonora está sendo lançado de forma diferenciada. Como tem sido a experiência de mostrar um álbum aos poucos?

Dinho Ouro Preto – Estou tendo que me adaptar aos novos tempos. Pra mim, discos são lançados de uma só vez. Mas com o streaming tudo mudou. Parece que voltamos aos anos 60, pra era dos com­pactos. Mas tudo bem, a essência conti­nua inalterada. Fazemos o que quere­mos. Só a forma de lançamento mudou…

DMRevista- Em Tudo Vai Mudar você voltou a trabalhar com Kiko Zambianchi, compositor de Primeiros erros (Chove). Como foi retornar a esta parceria?

Dinho Ouro Preto – Componho com o Kiko há anos. Dessa vez, ele me man­dou uma demo que ele fez no garage band. Ela já tava quase pronta. Só co­locamos a letra, eu e o Alvin, e a deixa­mos bem mais pesada.

DMRevista – Já se passaram quatro anos desde o lançamento de Viva a Revolução, quais as mudanças que a banda passou neste período que podem ser notadas em Sonora?

Dinho Ouro Preto – A cada disco nos deparamos com o mesmo dile­ma como nos manter fiéis às nossas raízes e ao mesmo tempo apresentar algo novo e, se possível, fora do es­perado. No Viva a Revolução busca­mos parcerias novas. Tocamos e com­pusemos com o Thiago Castanho e o Cone Crew. Em Acústico NYC convi­damos, além do Thiago, o Seu Jorge e o Lenine. E com o Sonora procura­mos o Lucas, que vem de um univer­so muito mais “indie”. E o resultado é o que queríamos está o Capital, mas com outra cara…

DMRevista – As bandas de Brasília nas décadas de 1990, a exemplo da Capital, Legião Urbana, Plebe Rude, assumiram posições críticas nas composições. Como vê que o rock atual anda reagindo aos problemas da contemporaneidade? Tem cumprido seu papel revolucionário?

Dinho Ouro Preto – Há bandas mais engajadas do que outras. Não acredito que isso determine a qualidade de uma banda. Várias bandas nunca falaram uma palavra sobre política e são óti­mas. Outras só falam de política e soam panfletárias. Sempre falamos sobre o que está a nossa volta. E o que está a nossa volta é um País complicado. Mas não só. Falamos muito de aspectos emo­cionais das nossas vidas. Mas voltando à sua pergunta, acredito que haja um monte de bandas engajadas sim, prin­cipalmente bandas punks.

DMRevista – Estamos em ano eleitoral, como é a postura da banda em relação à política. Vocês se posicionam?

Dinho Ouro Preto – Nas eleições pas­sadas fui até o Recife conhecer o Eduar­do Campos. Eu o apoiei. Quando ele morreu, fui conhecer a Marina. Eu a apoiei. Sinto simpatia por ela. Concor­do com muito do ela diz. Mas dessa vez quero ouvir um pouco mais antes de ba­ter o martelo.

DMRevista – A Capital Inicial possui o mérito de conseguir ser atrativa para a juventude e manter os fãs mais velhos. Os shows devem ser exemplo desta mistura de gerações que acompanha o trabalho da banda. O que fazem para manter esta fonte da jovialidade?

Dinho Ouro Preto – Acho que é por­que lançamos ininterruptamente. Nun­ca deixamos a nostalgia nos pautar. Não queremos viver só do nosso passado, es­tamos sempre de olho no projeto seguin­te. Suspeito que seja por isso que reno­vamos sempre nossa plateia.

DMRevista – Mas, apesar do público jovem, o que a banda mantém dos anos 1980?

Dinho Outro Preto – O entusiasmo, com certeza. Ainda hoje, toda vez que piso no palco meu coração dispara. Toco toda noite como se fosse a primeira e a última.

DMRevista – Vocês já realizaram praticamente tudo o que uma banda de rock pode sonhar, já venderam milhares de cópias, tocaram em grandes festivais e fizeram grandes parcerias. Existe ainda algo que ainda falta concretizar nesta trajetória de rock star? Se sim, o quê?

Dinho Ouro Preto – Me sinto feliz com o que conseguimos realizar. Feliz e, sinceramente, surpreso. Nunca imagi­nei que fôssemos chegar tão longe. Meus planos eram bem mais modestos. Tal­vez essa seja a atitude correta. Gratidão, humildade e seguir sempre em frente. Aí coisas inesperadas acontecem.

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