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Editora BestSeller lança livro de menina que relata os horrores da guerra

Redação

Publicado em 11 de julho de 2018 às 22:20 | Atualizado há 7 anos

Bana Alabed levava uma infância tranquila em Aleppo, na Síria, e gostava de tomar banho de piscina, brincar no balanço e ir ao mercado com­prar gelatina. Até que, ainda com três anos, a guerra fez com que sua rotina mudas­se e a menina se viu apren­dendo a diferenciar tipos de bomba. “Aviões enormes voa­vam pelo céu e deixavam cair bombas por todos os lados, onde quer que lhes desse na cabeça. Às vezes um avião voava tão baixo que conse­guíamos ver o piloto. Ele sa­bia que estava ferindo e ma­tando pessoas? Devia saber, mas como ele podia fazer aquilo?”, se pergunta a meni­na no livro Querido Mundo, que a Editora BestSeller lan­ça ainda este mês.

Na obra, Bana e sua mãe Fate­mah relatam o dia a dia da guerra e como suas vidas foram impactadas por ela. A menina perdeu a escola, a melhor amiga, passou dias escon­dida com a família no porão de casa com poucos alimentos e água. Ela inventava brincadeiras para distrair os irmãos mais novos e com um Ipad de segunda mão que seu pai comprou teve a ideia de pedir aju­da pelo Twitter. Foi assim que o ape­lo de Bana Alabed ganhou o mun­do e foi capaz de mobilizar milhões de pessoas contra a guerra na Síria com a hashtag #StandwithAleppo.

“As pessoas que ajuda­vam a consertar o Wi-Fi sem­pre vinham ao nosso bair­ro para testar a conexão e se certificar de que os cabos es­tavam funcionando depois de um bombardeio. Elas di­ziam que era importante que eu continuasse a contar para o mundo o que estava acon­tecendo”, escreve Bana.

Bana e sua família tive­ram uma sorte melhor do que milhares de famílias que foram exterminadas pela guerra. Eles foram le­vados em segurança para a Turquia, onde refazem suas vidas.

TRECHO

Muitas famílias como a minha não tiveram esco­lha senão deixar o país que amamos e ir para outros lu­gares onde somos refugiados. Al­gumas pessoas dizem que não querem refugiados no seu país. Elas querem que eles voltem para casa, embora eles não tenham mais uma casa. Ou então que vão para outro lugar, embora as pes­soas desse “outro lugar” também não desejem acolhê-los. Mas as pessoas não podem ir para ne­nhum outro lugar. Se você não tivesse um país ou se seus pais ou filhos fossem mortos, o que você faria?Quando você vai para a casa de alguém na Síria, nós o acolhemos como se fosse da fa­mília e dividimos com você o que nós temos, como chá ou doces. É assim que eu gostaria que pudes­se ser se uma pessoa fosse para o seu país, que você dividisse suas coisas com ela, a ajudasse e ten­tasse entender o que ela passou.

Bana Alabed nasceu em 2009, na cidade de Aleppo, Síria, e é co­nhecida mundialmente por seus tuítes feitos durante o cerco da ci­dade em 2016 e, posteriormen­te, por seus apelos por paz e pelo fim do conflito. Os tuítes revela­vam uma visão extraordinária so­bre os horrores do cotidiano na cidade – incluindo ataques aé­reos, fome e risco de morte –, e conquistaram uma legião de ad­miradores. Quando crescer, Bana quer ser professora, assim como a mãe. Seu pai é advogado, e ela tem dois irmãos mais novos, Noor e Mohamed. Querido Mundo é seu primeiro livro.

 

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