Carlos Catini: entre o passado e o futuro
Diário da Manhã
Publicado em 6 de julho de 2018 às 21:29 | Atualizado há 3 semanasO artista Carlos Catini é um homem de seu tempo, usa as redes sociais, onde divulga seus amplos talentos – além de pintar, ainda faz joias. No entanto, podemos dizer que ele tem um pé ainda no passado. Alguns de seus ídolos são Elvis Presley, Carmem Miranda, Chaplin. E este elo com o que já passou aparece em sua pintura, onde revela amplas facetas.
Algumas delas, Carlos Catini vai mostrar na exposição “Do Princípio ao Meio”, na Galeria 588 Artshow, localizada na Rua C-167, no Setor Nova Suíça. A entrada é franca e a abertura acontece hoje, das 10h às 18h. A mostra ficará aberta para visitação, das 13h às 17h, no mesmo local até o dia 13 de julho.
A mostra é repleta de simbolismo. A começar pelo nome. “Seria muita audácia da minha parte falar que tenho o direito de dizer que a arte tem princípio, meio e fim. Prefiro dizer que é do começo ao meio, já que não tenho a mínima ideia quando será o fim, pois acredito que a arte não termina, ela simplesmente transforma-se”, justifica Catini sobre como surgiu o nome da atual exposição.
“Do Princípio ao Meio” faz parte de uma série de exposições do artista pela capital, que revela um período fértil para suas criações. Conjuntamente com “Do Princípio ao Meio” está em cartaz também o Espaço Expositivo ARTCO – Ciranda da Arte. Nos dois projetos o artista traz obras pintadas em acrílico sobre tela, com forte identidade.
Suas criações atuais remetem ao colorido, à leitura – propositalmente – fácil da pop art. Sendo assim, uma referência clara de Catini é o empresário, pintor e cineasta norte-americano Andy Warhol. “Optei pela pop art por ser uma arte de massa, popular e que atinge o público jovem mais facilmente, já que o mundo virtual é deles”, explica o artista.
O ar descolado da pop art, o artista utilizou então para interpretar o mundo virtual dos dias atuais. Consequentemente, seus personagens nunca aparecem sozinhos nas suas pinturas, estão sempre empunhando um celular na direção do rosto. Sim, estão fazendo selfs. “Hoje é muito comum tirar uma foto e, através dos filtros, podemos modificar aquela imagem e transformá-la em obra de arte. Aí pensei: por que não trazer isso do virtual para o pessoal? Daí surgiu essa ideia de pegar uma foto e fazer o filtro da vida real”, diz.
Catini, com a sensibilidade de artista, arranca a frieza dos aplicativos, fazendo uma espécie de filtro com sua arte, permitindo ao observador visualizar a ruptura das formas demonstrando a essência e o reconhecimento do valor estético das pessoas.
Sua maior inspiração são as pessoas comuns e celebridades. Ele consegue intervir nas figuras célebres e símbolos icônicos da história das artes visuais e da música, como também em pessoas comuns de suas redes sociais, suscitando rupturas e desconstruindo formas que delineiam outras estruturas pictóricas.
“As pessoas desta mostra eram muito cultuadas e, se estivessem vivas, certamente, iriam estar fazendo muitas selfs. Elas conseguiam expor sua vida pessoal, mesmo sem redes sociais”, argumenta o artista, que na traz sua versão de ícones como Marilyn Monroe, Charlie Chaplin.
EU E EU MESMO
A grande sacada da mostra de Catini é que tudo isso revela um mundo focado no egocentrismo e na vaidade. O que o artista considera comum nos dias atuais. Ele mesmo assume vício por mostrar a vida nas redes sociais. “Tenho quatro Instagrams, cada um para um assunto específico”, admite o pintor, que tem também o costume de seguir perfis de celebridades.
Contudo, as estrelas não foram o ponto de partida para Catini criar. O artista, que já possui 25 anos de estrada, no começo da carreira era aficionado em desenhar castelos medievais, inspirado por filmes. “Não desenhava figura humana. Tudo começou recentemente, após receber uma proposta para criar uma tela neste estilo. Criei uma e logo depois já tinha várias”, relembra.
Depois disso veio a inspiração de abordar em seu trabalho críticas às redes sociais. Assim, no começo do ano estreou a exposição “Poética Contemporânea”, que terminou no último dia 23. Nesta mostra, ao contrário de criar inspirado em alguma estrela, se baseou nos rostos das pessoas comuns, que ele via diariamente navegando nas redes sociais.
“Comecei o processo me inspirando na proposta dessa ‘era self’. Pegava fotos de quem eu conhecia e de quem eu não conhecia, me apropriava destas imagens e as transformava em um trabalho pop. Aí eu postava nas redes. Algumas pessoas falavam “parece comigo, outras não”, relembra o artista, que também foi “vítima” de si mesmo, quando produziu um autorretrato.
EXPOSIÇÃO DO PRINCÍPIO AO MEIO
Artista: Carlos Catini
Local: Galeria 588 Artshow (Rua C-167, Qd. 588, Lt. 11, Setor Nova Suíça)
Abertura: 7 de julho, das 10h às 18h
Visitação: 9 a 13 de julho, das 13h às 17h
Entrada: franca
Informações: (062) 3259-0939
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