Mudanças climáticas continuarão, diz Sentelhas
Diário da Manhã
Publicado em 23 de junho de 2018 às 01:47 | Atualizado há 7 anosAs mudanças climáticas sempre existiram e continuarão, diz o professor Paulo César Sentelhas, um dos maiores especialistas mundiais do assunto, colocando mais lenha na fogueira num tema que tem causado polêmica internacional. Títulos não faltam a esse renomado mestre da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Por isso, ele foi escolhido para proferir palestra sobre mudanças climáticas e seus impactos na agricultura, na 4ª Conferência Internacional Santa Clara Agrociência, recém realizada em Ribeirão Preto (SP), e que teve a representação do Diário da Manhã.
Sentelhas recomenda à sociedade em geral, e em particular aos produtores rurais, “ajustar às mudanças com o uso de tecnologia”. Na sua visão, quando o sistema muda, costuma apresentar situação de caos. Lembra o professor que a água cobre a maior parte do planeta. Segundo ele, “é difícil fazer previsões de longo prazo, porque o sistema é dinâmico”. Então, assinala, “o que vai ocorrer daqui a cem anos é difícil prever”. Mas, mostra-se convencido de que a “a agricultura sempre se adaptou”. Deu exemplos na cafeicultura, sob a observação de “que não devemos pegar casos isolados”.
PROVOCAÇÕES DO EL NIÑO E LA NIÑA
O professor lembrou que o posto meteorológico da Esalq-USP em Piracicaba, São Paulo, já levantou todas as condições climáticas de 1917 a 2017. Por esse trabalho, pode-se dispor dos dados referentes às crises hídricas, ou seja, a série histórica das grandes enchentes, secas entre outras anomalias positivas ou negativas. Paulo Sentelhas, no entanto, “não se deve tirar conclusões precipitadas”. Foram lembradas, ainda, as provocações do El Niño e da La Niña com precipitações pluviométricas de um as secas de outro fenômeno.
Essas situações de resfriamento, de chuvas, ou de seca, exercem influência naturalmente nos plantios, nas colheitas ou em todo o decorrer da safra. Há ainda situações de cobertura vegetal, o efeito estufa, a urbanização acelerada, desmatamento, asfaltamento, provocação de fogo na floresta ou nos campos, como ocorreu na Chapada dos Veadeiros, norte de Goiás. Situações, assim, provocam aumento da temperatura e graves prejuízos ao bioma dos Cerrados. Para o professor, tomando por base dados da NASA, “a mudança não é apenas em função do Sol” ao observar que a temperatura mais alta se deu mais a partir da década de 60.
AGRICULTURA
Ele teceu considerações, também, sofre o efeito estufa, com consequentes modificações na composição da atmosfera em função do dióxido de carbono. O efeito estufa é a concentração de gás carbônico na atmosfera. Sua condição provoca elevação da temperatura com diferentes cenários. E incertezas com referência às chuvas. Esses fatores são determinados na produtividade agrícola. A recomendação para conter o problema é que o produtor promova rotação de culturas, promova análise de solo, manejo e irrigação. O zoneamento agrícola é recomendado.
Como o aumento da temperatura provoca maior incidência de pragas e doenças, a saída dos produtores é prevenir com a adoção de práticas fitossanitárias no controle. A implantação de sistemas de integração lavoura, floresta, pastagem é recomendado pela Embrapa. “Além do mais, a inserção de floresta sempre dá mais conforto aos animais”, observa, lembrando que também a irrigação reduz a temperatura das folhas, dos frutos e ações de manejo contribuem para a adaptação.
INDUSTRIALIZAÇÃO
Fatores como a industrialização e urbanização ajudaram nesse processo de aquecimento. “É uma sauna, está demais de calor. Está insuportável”, afirma. Pode parecer pouco, mas no dia a dia, o aumento médio de um grau e meio na temperatura faz com que a sensação térmica seja maior. Fato que aumenta o desconforto. Nas casas, moradores consomem mais água e mais energia. Neste cenário, a grande preocupação é com a produção agrícola. Quanto maior a temperatura, mais água as plantas precisam.
“Ao analisar estes dados, vamos ver que as plantas estão consumindo mais água, mas a reposição do que elas consomem continua a mesma coisa. Isto gera um déficit no balanço hídrico. Consequentemente, a produtividade é prejudicada”, explica o professor de agrometeorologia.
Protetor solar para planta aumenta produtividade do algodão até 39%
Aumento de até 39% na produtividade do algodão, incremento de 39 sacas por hectare na produção de batata e crescimento de 73 para 82 sacas de soja por hectare obtidos em um experimento realizado numa fazenda em Chapadão do Sul/MS. Esses são alguns ganhos obtidos por produtores que aplicaram o Protex, um produto desenvolvido e produzido pela Santa Clara Agrociência, que funciona como um “protetor solar” para diversas culturas, protegendo-as da insolação e da radiação UV.
Todos esses resultados foram divulgados na palestra Proteção Solar e Redução de Estresse Climático, proferida pelo engenheiro agrônomo Flávio Humberto Soares, diretor de Comércio Exterior da empresa, durante a 4ª Conferência Internacional, promovida esta semana, em Ribeirão Preto/SP, e que foi encerrada quarta-feira com a inauguração de uma nova fábrica da Santa Clara, em Jaboticabal/SP.
Os benefícios do uso do Protex destacados durante a palestra são resultados de aumento da fotossíntese, da redução na temperatura média das plantas, da melhor formação de frutos e flores, da redução do abortamento de plantas e do aumento do peso de grãos e frutos. Tudo é conseguido graças a pulverização do Protex, produto que incorpora as mais avançadas tecnologias e, em razão disso, permite que não sai com a chuva, representando, portanto, um aprimoramento em comparação com produtos semelhantes que já são empregados há vários anos, sobretudo, nas culturas de frutas em geral.
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