A demência coletiva
Diário da Manhã
Publicado em 29 de outubro de 2018 às 22:53 | Atualizado há 6 anosParece um enredo kafkiano, mas não é. Sério. O que me intriga, destroça e ofende é o comportamento de muitos brazucas proletas fodidos que se mostram incapazes de compreender o grau da parvoíce atingido pelo Brasil da Casa Grande & da Senzala, cada vez mais próximo da Idade Medieval. A demência coletiva atingiu graus mágicos, como dizia o nobel da literatura Gabriel Garcia Marquez, na terra tupiniquim.
Aff, veja bem, não me refiro ao quociente de (não)inteligência o qual País se deixou levar, aludo ao quociente de delírio, propagados aos borbotões pelos oligarcas dos três jornalões, desculpe Mino, que mandam e desmandam nas investigações judiciais e ditam os rumos da esfera pública de discussão. Crime de lesa pátria ao exercício do bom jornalismo, e péssimo para a democracia – que, diga-se de passagem, respira com ajuda de aparelhos desde a redemocratização, e onde residem os fundamentos básicos da imprensa. Me refiro à milícia virtual que tomou conta da internet nos últimos meses, bradando léxicos autoritários e (por que não?), pró fascista.
A eleição do ultradireitista (prefiro não dar nome aos bois neste espaço) não passa de uma pregação desvairada e perversa de um moralismo de araque, apoiada por barões midiáticos ensandecidos por impunidade, vibe o larapio da bíblia (isto, aquele mesmo que está com o nome sujo na terra do poeta português Fernando Pessoa) que enche os cultos de gente desesperada atrás de solução para seus problemas. .
Inexplicavelmente, o Partido dos Trabalhadores(PT) virou inimigo público número um, para parafrasear o cineasta Rogério Sganzela, em Bandido da Luz Vermelha. Primeiro, foram asescutasvazadaspor Moro, em março deste ano, depois o golpe travestido de impeachment e, por fim, a eleição do dito cujo.
E Cunha e sua mulher? Ah, deixem eles pra lá, ora pois. O charlatão cristão recebeu apenas 52 milhões de reais, e os transferiu para paraísos fiscais. Temos de lembrar que o cara é amiguíssimo do nobre Temer, pô. Jeito peemedebista de resolver as coisas. Fazer o quê?
Depois do golpe que usava a veste do impeachment, tudo tem sido permitido. Uma farsa tirara o filme Aquarius da corrida pelo Oscar; uma emboscada noturna do Congresso tentara fazer do “Caixa 2” uma atividade primorosa e honrosa e o governo, numa canetada do “poeta”, que deixaria o cronista brasileiro Millôr Fernandes entristecido, reformulou o ensino médio.
Adiós espanhol, Filosofia, Sociologia. Adiós à Educação Física, no país, que até ontem, orgulhava-se das Olimpíadas, mesmo sem ter uma assertiva política esportiva. Dançamos, amigo, no ritmo do polichinelo. Que lindo! Sem falar no famigerado projeto de 12 horas de labuta, que tentam botar goela abaixo da população, além da tal reforma da previdência.
Dá pra crer?
Bem, todo boteco, do sujo ao metido a chique, tem um elenco de Nelson Rodrigues. Nas mesas do Bar da 12, ponto de discussões acaloradas sobre o contexto político, não se falava de outra coisa, a não ser da eleição delirante do candidato de extrema-direita.
Chegadesseblá-blá-blá, meucaro Oswald de Andrade, agora é contigo, vai:
Negatividade histórico-materialista
Uma criança não tem defesa
Nasceu no morro
É fêmea
O que ela vai ser?
O que a sociedade mandar
Será feita a sua vontade
É destino
Das classes
Menos favorecidas
]]>