Cotidiano

Inimigo do olho

Diário da Manhã

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 01:29 | Atualizado há 1 semana

O número de crianças com distúrbios visuais vem crescendo nos últimos anos. De acordo com estudos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), eles afetam cerca 20% das crianças em idade escolar. As doen­ças oculares mais comuns em crian­ças são os erros de refração (mio­pia, hipermetropia e astigmatismo), estrabismo, catarata infantil, glau­coma congênito, traumatismos ou emergências e retinopatia da pre­maturidade (ROP), o que pode cau­sar a ambliopia (cansaço nos olhos), conforme dados da Sociedade Bra­sileira de Oftalmologia Pediátrica.

O Brasil tem cerca de 29 mil crianças cegas, segundo a Agên­cia Internacional de Prevenção à Cegueira. O médico oftalmolo­gista Henrique Rocha, que é só­cio do CBCO (Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos), afirma que se as doenças oculares fossem trata­das precocemente, com consultas regulares, esse número seria sig­nificativamente menor. A OMS (Organização Mundial da Saú­de), relata que 60-80% das doen­ças oculares poderiam ser trata­das ou curadas, se tivessem sido diagnosticadas precocemente.

Ele esclarece que a visão da criança se desenvolve até atingir a mesma capacidade que a de um adulto, o que ocorre em torno dos dez anos de idade. “A luz preci­sa passar pela retina para que o nervo óptico leve essa imagem à parte occipital do cérebro, e assim desenvolver a visão”, explica o mé­dico. Após os 10 anos de idade, se o distúrbio não for verificado, exis­te a possibilidade da criança de­senvolver a chamada ambliopia, que é o famoso olho cansado, que não tem potencial de 100% da vi­são. “Passada a idade, não é possí­vel reverter o quadro”, alerta.

Henrique Rocha pontua que a prevenção e os cuidados com a saúde dos olhos começam as­sim que o bebê nasce, com o teste do olhinho. O exame, fei­to no primeiro mês de vida, irá diagnosticar se o recém-nasci­do tem alguma alteração na reti­na, no cristalino, córnea, se sofre de glaucoma congênito, catarata congênita ou retinoblastoma, que podem ser detectados no início.

Segundo o especialista, um dos reflexos dos distúrbios da visão nos primeiros anos de vida é o mau desenvolvimento das crian­ças na escola. “Os pais podem pensar que seu filho é hiperativo ou ter algum outro tipo de distúr­bio, por não conseguir concentrar e acompanhar a escola. Na verda­de tal problema pode ser somen­te um erro refracional, ou seja, um simples óculos poderia ajudá-lo. Por isso, ir ao oftalmologista para ver esse tipo de problema é mui­to importante”, esclarece.

CELULARES E TABLETS

O excesso de visão de perto está causando um aumento no núme­ro de míopes no mundo. Com as crianças não é diferente, princi­palmente pelo uso exagerado de celulares e tablets. “Isso faz com que a construção estrutural do olho mude, podendo desenvol­ver a miopia e se não for diagnos­ticada, bem como também resul­tar em ambliopia, o que é muito sério”, alega o oftalmologista.

Apesar de existir diferentes casos de estrabismos, Henrique Rocha ressalta que crianças po­dem ter o quadro revertido fa­zendo tratamento com óculos, oclusão, ortoptia, que é uma fi­sioterapia ocular, e cirurgia.

Crianças e adolescentes com as­tigmatismo também podem desen­volver ceratocone, doença séria e degenerativa que ocorre, geralmen­te, na puberdade. O acompanha­mento médico e exames constantes, como o exame de córnea, se fazem imprescindíveis, já que a doença pode levar ao transplante de cór­nea para tentar reverter a cegueira.

O médico oftalmologista fi­naliza ao afirmar que os pais de­vem ficar atentos à alguns sinais que as crianças apresentam. “São eles: olhos que não se movem ao mesmo tempo, quando evitam as luzes brilhantes, sentem tonturas ou perda de equilíbrio, têm náu­seas ou perda de apetite, ir contra as coisas com frequência, franzir os olhos ou pôr a cabeça de lado, sentar-se muito perto da televi­são e esfregar os olhos com fre­quência”, recomenda.

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