A revolução social da capoeira
Diário da Manhã
Publicado em 21 de outubro de 2018 às 02:04 | Atualizado há 1 semanaO educador físico Júnior Borges Rodrigues, conhecido como Instrutor Pirata, do grupo “Três Raças Capoeira”, faz mais do que muitos secretários de Segurança Pública que passaram pelo Governo de Goiás: ele combate de forma efetiva a violência.
Através da capoeira, e um projeto que executa há 10 anos na região oeste de Goiânia, o “Mais capoeira”, cuja base está localizada no setor João Braz, Pirata retira crianças e adolescentes do universo das drogas.
A ação esportiva é de graça, diz o instrutor. “Já passaram mais de 300 alunospelaacademia. Tiramos várias crianças e adolescentes do mundo das drogas e da bandidagem. Tenho hoje 40 alunos pelo projeto social que desenvolvo”, explica ao DM.
Júnior Borges atua de forma voluntária, com foco na lei do retorno: o que faz hoje pode melhorar ou piorar amanhã o ambiente que transita. “A missão do projeto é resgatar as crianças da rua e dar uma oportunidade no esporte, na capoeira, que é o que sei ensinar”, diz o educador.
Ontem, 20, foi um dia importante para a comunidade. Só se falava uma coisa na região oeste da metrópole: a garotada do “Instrutor Pirata” iria mudar de corda.
Pode ser algo banal para quem não está focado no bairro e vizinhança, mas é a vida daqueles meninos que segue o exemplo do instrutor e procura se adaptar a outra realidade. Para a família, é uma progressão do jovem, uma continuidade, um processo que aprimora o caráter.
A capoeira representa para o jovem duas atividades: luta e dança. É algo intrínseco ao brasileiro. Surgiu das ‘revoltas’ e do inconformismo do negro com a escravidão. É tão simbólica para esse povo quanto para os meninos do Pirata. E assim deveria servir ao Brasil, que não a incluiu nas Olímpiadas nem como estética. A capoeira impõe obrigações, disciplina o jovem.
VOLUNTARIADO
“Não cobro um real dos alunos. O projeto é totalmente voluntário, sem fins lucrativos e sem ajuda de nenhum órgão do governo”, diz o “soldado” resistente, que ajuda a tirar jovens das ruas violentas da região oeste.
Júnior Borges Rodrigues é obstinado e leciona por absoluto amor ao que faz. Amigos e parentes aconselham a desistir da “missão” por tomar tempo e dinheiro. Mas ele não dá bola e toca em frente: “Tudo que faço por esse projeto de capoeira é tirado do meu salário que ganho como professor de educação física”.
Júnior dá corretamente os créditos: “Alguns pais ajudam, pois acreditam no meu trabalho e na seriedade do projeto com as crianças”.
O projeto do setor João Braz tem filiados e associados em outras regiões de Goiânia. Pirata diz que “mestre Carcará”, seu supervisor, por exemplo, dedica sua vida aos meninos da região sul de Goiânia há mais de 30 anos. “Da mesma forma, ele tirou também vários alunos das ruas e das drogas”.
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