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Amélie: um festival de cores, músicas e emoções

Diário da Manhã

Publicado em 19 de outubro de 2018 às 23:33 | Atualizado há 7 dias

Existem filmes que, por mais que anos passem, nunca fi­cam velhos. É assim com clássicos como Jurrasic Park, All About Eve, Central do Brasil e Amé­lie Poulain, que foi lançado no lon­gínquo ano de 2001 e presenteia o espectador com uma imagem poética e sentimental, um filme de identidade marcante que que fica tatuado na memória do expectador.

Amélie é uma produção diferen­te do que estamos acostumados a ver, sobre um tema pouco comum em produções de grande orçamen­to, a solidão. Claro que a solidão no mundo atual já é um tema batido em diversas obras, mas a forma como é abordada em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é fasci­nante e completamente delicada. O diretor francês Jean-Pierre Jeunet, conhecido por filmes como Delica­tessen, de 1991 e Ladrão de Sonhos, de 1995, constrói um filme doce, simples, sentimental e profundo.

Um filme sobre uma garota ex­centricamente linda, uma garota que prefere o mundo dos sonhos à dura realidade externa. Interpreta­da de forma sensacional por Audrey Tautou, Amélie Poulain se apresen­ta como uma personagem comple­xa, carregada de pequenos detalhes que são a marca de sua vida. A foto­grafia do filme é uma expressão de Amélie, podemos dizer que ela é a imagem da poesia, de um devaneio, de um sonho. A constante mistura do vermelho, verde e amarelo dão esse tom poético ao filme, que con­ta a história de uma garota com uma infância complicada e que, por esta razão, ainda não conseguiu encon­trar seu lugar no mundo.

Amélie Poulain cresceu com pra­ticamente nenhuma interação com o mundo exterior devido à um diag­nóstico errôneo que à manteve em casa. Ela foi educada pela mãe, que faleceu antes que ela completasse 10 anos, o que a forçou a morar com o pai, um médico militar que não era conhecido pelo afeto e atenção. Em razão disso, Amélie precisou re­correr à imaginação e acabou se re­fugiando na solidão.

A história começa mesmo no momento em que Amélie sai da casa do pai e passa a morar e a tra­balhar em algum lugar em Paris. Os 10 primeiros minutos do filme são usados para apresentar a garota que ainda não se encontrou, não con­seguiu quebrar a casca da solidão e acaba se apaixonando pelas peque­nas coisas da vida. Tudo isso é nos contado como um conto de fadas por um narrador onipresente/não participante, ele conta toda a his­tória da garota, seus pais e de boa parte dos personagens ao seu redor.

Esta é uma das características que nos marca durante as duas ho­ras de filme, o próprio narrador e a quebra da 4ª parede dão um tom mais intimista e nos ajuda a “cap­tar” os personagens. O filme foca na preocupação de Amélie em “dei­xar sua vida se esvair no redemoi­nho do sofrimento universal”, como diz o narrador, e nas ações que ela toma para tornar o mundo um lu­gar um pouco melhor.

A jornada de Amélie para aju­dar as pessoas ao seu redor tem início na noite em que Lady Di morre, em 31 de agosto de 1997, quando ela encontra um peque­no tesouro perdido em seu apar­tamento, uma caixa contendo itens que marcara a infância de um garoto 40 anos antes. Naquela madrugada ela promete a si mes­ma que faria de tudo para encon­trar o dono e, ao encontrar, iria descobrir se a ação teria algum efeito emocional e ajudaria a mu­dar a vida desse alguém.

Pouco tempo depois, após vários becos sem saída na busca do dono daquele tesouro, Amélie o encontra e é relembrada da velocidade com que a vida passa. O retorno dos bens perdidos há 40 anos mudam com­pletamente a vida do agora senhor, e Amélie decide continuar com es­sas pequenas ações.

Em meio ao turbilhão de emo­ções que as ações de Amélie cau­sam, ela descobre uma que nunca antes havia sentido, o amor. Falar sobre histórias de amor no cine­ma é algo complicado, já que boa parte das produções que encon­tramos trata deste tema de uma forma ou de outra, podendo ser a temática principal do filme ou mesmo um mero romance du­rante a produção, mas em Amé­lie Poulain existe uma aura dife­rente, densa e tocante.

Amélie não se apaixona por qualquer um, ela encontra al­guém tão excêntrico quanto, e isso é apresentado de forma tão simples e doce que não dei­xa de marcar todos que tem a oportunidade de ver. Em uma de suas andanças ela encontra Nino Quincampoix, aqui inter­pretado por Mathieu Kassovitz, um rapaz que coleciona fotogra­fias tiradas e perdidas nas famo­sas cabines fotográficas.

Apesar disso, o foco da histó­ria não é no romance de Amélie e Nino, mas sim no percurso que ela precisou passar para criar la­ços com todos ao seu redor, no caminho que ela percorreu para fugir da solidão. Amélie inicia o fil­me como uma pessoa perdida em meio à imaginação, sonhado com o impossível e pouco vivendo mas, ao fim desta história, ela se torna uma pessoa disposta a enfrentar riscos, uma mulher que encon­trou o sentido em sua vida e agora sabe qual caminho deve percorrer. Como o Sr. Dufayel disse à Amé­lie pouco antes do final: “Quando chegar a hora é preciso saltar sem hesitar”, e ela saltou.

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