Cotidiano

Hugo em emergência

Diário da Manhã

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 00:39 | Atualizado há 1 semana

O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) continua enfrentando dificulda­des. Segundo relatório do Minis­tério do Trabalho, que mantém ordem de interdição do hospital, faltam mais de 150 itens, entre medicamentos, insumos e mate­riais de trabalho. A lista inclui an­tibióticos, antifúngicos, agulhas para anestesia, luvas cirúrgicas, sondas, além do básico parace­tamol e álcool em gel.

Diretor-geral do hospital, Ciro Ricardo admite dificuldades de­vido a falta de repasse financei­ro por parte do governo de Goiás, mas afirma que o setor de Urgên­cia e emergência, principal ob­jetivo da unidade de saúde, está sendo mantido. A dívida hoje do governo de Goiás com a OS que gere o Hospital gira em torno de R$ 38 milhões.

Também, de acordo com o Mi­nistério do Trabalho, a quantidade de seringas é inferior à necessária para o consumo diário. Conforme informações, há estoque de 850 se­ringas de 20 ml, sendo que o consu­mo diário é de 1.663. Há 550 serin­gas de 10 ml, sendo que o consumo diário é de 1,4 mil por dia.

O relatório de avaliação fei­to pela auditora do trabalho Ja­cqueline Carrijo constatou que os médicos, pela falta de medi­camentos, acabam substituindo uns por outros, o que é muito ar­riscado. Ela afirma que há 21 pa­cientes usando polimixina, sendo que se o estoque estivesse norma­lizado, apenas 5 estariam usando esse antibiótico, o que aumenta o risco no tratamento.

Trecho do documento do Mi­nistério do Trabalho sobre as con­dições precárias do Hugo.

Como não há no estoque do hospital coletores de urina, estes estão sendo substituídos por co­madre/marreco (pinico), o que é desaconselhável do ponto de vis­ta de higiene ocupacional.

DÍVIDA

O Estado deve à Gerir, Orga­nização Social que administra o Hugo, R$ 38 milhões. A Secretaria da Saúde disse que o pagamento está sendo feito o à medida que a Secretaria da Fazenda (Sefaz) faz o repasse dos recursos.

ATENDIMENTO

O hospital é um dos maiores do Estado, e faz cerca de 5,8 mil aten­dimentos por mês.

ENCAMINHAMENTOS

O Ministério do Trabalho noti­ficou dia 15/10, a Central de Regu­lação da Secretaria Municipal de Saúde, para que não encaminhe mais pacientes ao hospital.

Em resposta, o Complexo Re­gulador de Goiânia afirma que, apesar de notificado, continuará cumprindo seu dever legal de re­gular, já que cabe ao Estado definir alternativas (hospitais) para que para que sejam feitos os encami­nhamentos dos pacientes. O ór­gão aguarda um posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde.

SECRETARIA DA SAÚDE

Apesar do atraso de milhões no pagamento da OS que gere o Hugo, Gerir, a Secretaria Esta­dual de Saúde afirma que “a uni­dade vem garantindo assistência ao público”. De acordo com a SES, o Hugo teve 329 pacientes inter­nados no último domingo (14), quer seja em leitos de UTI ou en­fermaria. Além disso, apesar das dificuldades enfrentadas, reali­zou 1.411 cirurgias em setem­bro, o que corresponde a quase 50 procedimentos por dia.

SINDSAÚDE

A presidente do Sindsaúde Flaviana Alves Barbosa, disse ao Diário da Manhã que o que está acontecendo é o abando­no total do Governo do Estado em relação à saúde. Ela reafir­ma que esse modelo de gestão, de OS’s, vem sendo denunciado há muito pelo sindicato, como não sendo o melhor modelo de gestão pública. “Ninguém traba­lha de graça. Se não há repasse, não há atendimento”, finaliza so­bre a crise no Hugo.

DIREÇÃO DO HOSPITAL

O diretor geral do Hugo, Ciro Ricardo, admite dificuldades na gestão do hospital devido ao atra­so no repasse de recursos destina­dos a manutenção da unidade de saúde. Em entrevista ao Diário da Manhã ontem Ciro afirmou que o serviço de emergência vem sendo mantido mesmo com todas as di­ficuldades.

“É uma situação difícil, sem re­cursos a gente não tem como man­ter os insumos necessários para a manutenção geral do Hospital. Mas mesmo com toda esta situação a gente continua trabalhando nor­malmente. Neste mês já foram feitas 1.380 cirurgias. Os setores de emer­gência e urgência do Hugo estão sendo mantidos normalmente, mas se não forem repassados os recursos poderemos sim ter problemas mais adiante”, afirma o diretor.

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