A dor é necessária, mas merece cuidado
Diário da Manhã
Publicado em 16 de outubro de 2018 às 21:54 | Atualizado há 1 semanaA dor é um mecanismo de defesa do nosso corpo. Ela alerta que algo pode não estar bem, quando um tecido está sofrendo dano, mas às vezes ela pode agir de maneira exagerada e persistente, caracterizando uma dor crônica. Neste dia 17 de outubro é celebrado o Dia Mundial de Combate à Dor, data criada em 2004 pela International Association for the Study of Pain (Iasp) para garantir a assistência integral de atendimento para portadores de dor crônica. O tratamento da dor inerente a qualquer doença é um direito do paciente. Sentir dor pode ser comum, mas não é normal, por isso é importante pedir ajuda.
A data chama a atenção para a necessidade de atenção e tratamento para pacientes cuja dor contínua e muitas vezes intensa gera limitações funcionais com impactos importantes sobre relacionamentos pessoais e profissionais. O dia 17 tem como objetivo mobilizar a área médica e organismos públicos e privados da saúde no tratamento da dor crônica. E este não é um quadro raro, um terço da população apresentará algum tipo de dor crônica durante a vida.
Segundo o mestre e doutor em neurocirurgia pela Unifesp, com especialização no tratamento da dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), Claudio Fernandes Corrêa, a dor crônica atinge indivíduos que sob constante processo de sofrimento passam a ter sérias consequências físicas e emocionais que precisam ser atendidas de forma global. “Pacientes oncológicos, portadores de doenças neuropáticas, doenças reumatológicas, lombalgias e cefaleias estão entre os que não conseguem obter alívio de suas crises dolorosas com medicamentos comuns, necessitando muitas vezes de intervenções cirúrgicas para implantação de bombas de opioides, de apoio da medicina física de reabilitação e também de profissionais da área da saúde mental, entre outros”, relata o especialista.
O médico destaca a necessidade de expansão da formação médica e do campo de atendimento em dor pelas instituições. “Ampliar a formação e a estrutura dos serviços neste sentido é essencial para agregar em diversos aspectos, a começar pelo fato de muitas dores crônicas estarem dissociadas da própria doença de base que a causou e ser ela, a dor, a própria doença de foco a ser tratada”, completa.
CUIDADOS DE CORPO E MENTE
A dor crônica tem sérios aspectos emocionais, cerca de 80% dos pacientes crônicos apresentam quadro de depressão e ansiedade que comprometem a adesão aos tratamentos propostos e levam a piora do quadro geral. Neste sentido, o seguimento de pacientes crônicos com profissionais da psicologia e da psiquiatria são fundamentais, considerando um melhor manejo diante dos desafios que enfrentam em seu dia a dia, explica o dr. Claudio Fernandes.
O médico ainda salienta a importância das atividades físicas no combate à dor: “Exercícios bem orientados, manutenção das atividades intelectuais e prática de atividades artísticas ajudam na funcionalidade do indivíduo e melhor enfrentamento dos quadros dolorosos, além de contribuírem para uma boa reserva cognitiva no paciente mais idoso.”
A caminhada é um ótimo recurso no combate da dor, como explica a cinesiologista Mariana Schamas, para o site Drauzio, a especialista estuda os movimentos: “Além dos muitos benefícios à saúde, a atividade física é reconhecida como um método não medicamentoso de grande impacto na melhora da dor, do humor e da qualidade de vida”
- CLAUDIO CORRÊA DESTACA OS ASPECTOS A CONSIDERAR PARA O MELHOR ENTENDIMENTO E SUPORTE SOBRE A DOR:
Sinal vital – A dor, por si só, é um sintoma que nos avisa de que algo no organismo não está bem, indicando a necessidade de procurar ajuda profissional. Esta condição é importante para o rápido atendimento de situações críticas que podem, inclusive, levar à morte se não houver socorro em tempo, como ocorre em casos de infarto do coração, derrame, apendicite, pancreatite, entre outros.
Diferentes tipos de dor – Ao contrário da dor aguda, que tem origem bem definida e é passível de cura na medida em que é curado o motivo que a causou como nas situações descritas acima, a dor crônica persiste em função de sua origem não ser definida ou pelo fato de sua doença de base não ser passível de tratamento em definitivo. São exemplos: neuropatia diabética, dor neuropática por consequência de herpes-zoster, fibromialgia, enxaqueca crônica, lesões do sistema nervoso geradas por traumas ou tratamentos quimioterápicos, radioterápicos, algumas doenças da coluna, artrose, artrite, gota, entre outras.
Mudanças climáticas e estresse – A dor pode sofrer interferências de mudança de clima, especialmente em quedas bruscas de temperaturas, de muito quentes para muito frias. As crises também podem ser agravadas com traumas emocionais: perda de emprego, pressão no trabalho, rompimento de relacionamentos, bullying, luto.
Automedicação – Além de mascarar e dificultar o diagnóstico de doenças, se automedicar gera o efeito rebote da dor, em que a pessoa precisa de doses cada vez maiores de medicamento, obtendo cada vez menos efetividade.
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