Entretenimento

Os Cabeloduro lança vinil na Europa

Diário da Manhã

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 23:50 | Atualizado há 1 semana

O cenário atual do Brasil deixa qualquer um indignado. O medo de que o passado seja posto como um possível futuro traz muitos artistas de volta a atividade, numa tentati­va de elucidar pontos relevantes que estão obscurecidos. A música, como outras formas de protestar por meio da arte, tem um papel mais profun­do. É algo que une os diferentes e promove com um jeito menos brus­co uma conscientização diferencia­da. Até mesmo o nosso tempo histó­rico pode ser dividido desta forma, como por exemplo é impossível fa­lar de anos 60 e 70 sem lembrar dos avanços musicais através das guitar­ras elétricas e do experimentalismo.

Na década de 90, em Brasília, a banda Os Cabeloduro era um dos nomes mais emblemáticos do ce­nário punk rock. Recentemente, de­pois de 12 anos sem gravar, o grupo lançou pelo selo goiano Monstro Discos, em 2016, o disco A Gente só se Fode! O álbum fazia alusão ao dia a dia dos brasileiros e as dificulda­des impostas por um sistema opres­sivo e caótico. Inclusive, o título veio de uma brincadeira entre os mem­bros da banda que diziam que em 27 anos de existência, eles “só se fo­dem por se posicionar de forma ver­dadeira num cenário musical hipó­crita e desonesto”.

A novidade é o que o mesmo dis­co ganha uma nova versão em vi­nil amarelo, que será distribuído na Europa. O LP A Gente só se Fode! sai pelo selo português Rastilho Record. “É nossa mensagem contra o exter­mínio da juventude negra nas peri­ferias do Brasil”, afirma Helio Gazú. A capa foi desenhada por Túlio (do DFC) e traz uma referência aos pro­testos de Baltimore (EUA), com a re­pressão policial aos negros america­nos, assim como acontece no Brasil.

RETRATO DO BRASIL

De acordo com os membros da banda as músicas seguem o mesmo tom dos outros trabalhos da banda. Com uma pegada sarcástica o gru­po fala de temas como política, alie­nação, violência urbana e drogas. Desta forma, a banda considera A Gente só se Fode! como um retrato do Brasil atual, ou uma trilha sono­ra perfeita para tempos estranhos, fascistas e intolerantes.

A realidade é a base para a mú­sica e por seguinte a música acaba se tornando realmente um espelho da realidade. Para criar é necessário um ponto de partido, um objeto que será trabalhado. No caso do disco da banda Os Cabeloduro, é a falta de perspectiva do cidadão comum e o mau opressor que ameaça ou­tra vez conseguir o poder da nação.

O disco, ao final, também tema­tiza a epidemia do crack e como a forma de combate às drogas dire­ciona uma parte da população, ge­ralmente negra e pobre, para situa­ções cada vez mais marginalizadas.

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias