Retrato partidário brasileiro
Diário da Manhã
Publicado em 10 de outubro de 2018 às 00:39 | Atualizado há 6 anosAs eleições de domingo revelaram algo que já era sabido mas velado por todos. Não são os partidos que estão fazendo os políticos. Pessoas disputam as eleições. Muitos partidos irão desaparecer, mormente com a implantação da cláusula de barreira. Entretanto, há um partido que tem disputado a presidência por muitos anos, polarizando a disputa: o Partido dos Trabalhadores.
As eleições de domingo demonstraram que o povo quer mudança. Muitos nomes conhecidos, de peso político e trajetória consolidada, fizeram as malas para voltar para casa.
Os partidos se transformaram em legenda, dormitório de quem quer um passe para subir degraus políticos.
A Assembléia Legislativa de Goiás (Alego) manteve nos seus quadros 20 deputados, que se reelegeram. Todos com um perfil de equilíbrio e porte de dignidade. 21 novos nomes ocuparão as cadeiras da instituição, ou seja, renovou em mais de 50%.
Na Câmara Federal, as 17 cadeiras goianas foram preenchidas por candidatos de partidos variados. O tão festejado PSDB fez apenas um representante para a Câmara Federal goiana.
Aliás, o PSDB é um partido em extinção. Fernando Henrique, decano idealizador da Social Democracia Brasileira, fala em refundar o partido. Isso ensejará a expulsão de nomes outrora importantes, que hoje foram expurgados pela população e que pela primeira vez em muitos anos, se mostra interessada e atenta ao desempenho dos seus parlamentares.
A despeito de Dilma Rousseff, Lindemberg Farias e outros considerados nomes importantes do quadro petista terem perdido as eleições, o Partido dos Trabalhadores permanece firme e fez o maior bancada da Câmara Federal, com 56 cadeiras. O PSL fez 52 Deputados Federais, se constituindo na segunda maior bancada.
O Partido dos Trabalhadores está mais vivo e forte do que nunca, e não dá sinais de que irá desaparecer.
A cláusula de barreira vem para colocar em ordem a organização partidária brasileira, quando muitos partidinhos surgem de olho no fundo partidário. Esses carrapatos do poder deixarão de existir.
Muitos partidos sobrevivem de negociar tempo de televisão ou legenda em troco de benesses. Isso não será mais tolerado.
A democracia não se consolida sem partidos políticos. E partidos se justificam pela difusão de ideias e fidelidade.
No Brasil, legendas irão desaparecer, dando lugar para que ideias partidárias permaneçam. Sacos vazios não permanecerão em pé.
Um partido se justifica pela sua militância, discussões internas, mobilização de greves, luta dos trabalhadores e movimento estudantil. E isso é o que o Partido dos Trabalhadores faz: proximidade às bases.
De que vivem os demais partidos brasileiros, com exceção do PT e PSol? De barganhas e orgias, traindo ideais e entronizando interesses individuais. Todos cairão.
Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores triunfa ao falatório e vai para as finais de uma disputa presidencial.
Mas não é a primeira vez. Desde a redemocratização, o PT tem polarizado as eleições presidenciais, demonstrado o quanto é grande.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) encarou Lula (PT) duas vezes e venceu. Lula (PT) encarou Serra (PSDB) e Alckmin (PSDB) posteriormente, e venceu. Dilma (PT) venceu Serra (PSDB) e Aécio Neves (PSDB). Hoje, Fernando Haddad (PT) enfrente Jair Bolsonaro (PSL).
Não é difícil entender a grandeza de um partido que tem disputado todas as finais presidenciais, derrotando adversários, a partir de sua combatividade irrepreensível, trazendo o Brasil a debates importantes, fomentando a democracia deste país.
O Partido dos Trabalhadores, ao contrário do que afirmam alguns desavisados, não morreu, e segue, firme, brilhando, enfrentando grandes desafios e permancendo em pé.
A presença do PT em todas as finais eleitorais dos últimos 24 anos basta para provar que tem influenciado profundamente o processo democrático brasileiro.
Dia 27 de outubro, independente do resultado, já sairá vitorioso.
(Silvana Marta é advogada, escritora e jornalista)
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