Opinião

O meu Ibope – o Brasil tem jeito?

Diário da Manhã

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 03:39 | Atualizado há 6 anos

Eu não sou e nun­ca fui po­lí­ti­co, mas che­ga uma ho­ra que não tem jei­to, a gen­te tem que me­ter o be­de­lho na pa­ço­ca, por­que mo­ti­vos não fal­tam. Nun­ca fui en­tre­vis­ta­do por ne­nhum Ibo­pe e tam­bém nun­ca sou­be de al­guém que foi en­tre­vis­ta­do pa­ra re­sol­ver a si­tu­a­ção do Pa­ís. Pes­qui­sei pes­so­as que não são po­lí­ti­cas e que tam­bém não de­ci­di­ram o vo­to, mas são ci­da­dã­os e bra­si­lei­ros con­vic­tos. Lem­brar que “A voz do po­vo é a voz de Deus” e os bra­si­lei­ros são sá­bi­os, in­ven­ti­vos e sa­bem se o Bra­sil tem jei­to ou não, pois fo­ram os bra­si­lei­ros que in­ven­ta­ram a má­qui­na de es­cre­ver (Pa­dre Fran­cis­co Jo­ão de Aze­ve­do, pa­rai­ba­no), in­ven­ta­ram o ba­lão (Bar­to­lo­meu de Gus­mão, San­tos-SP), o avi­ão (San­tos Du­mont, mi­nei­ro) e o câm­bio au­to­má­ti­co por dois me­câ­ni­cos da Pa­raí­ba e ven­de­ram pa­ra os Es­ta­dos Uni­dos por 20 mil dó­la­res.

Va­mos co­me­çar o Ibope pe­las prin­ci­pa­is cau­sas, que es­tão em mai­o­res cri­ses:

Saúde – Co­mo re­sol­ver o pro­ble­ma da Sa­ú­de?

– Mui­to sim­ples, só que de­pen­de­rá de tem­po: o es­tu­do de Me­di­ci­na de­ve­rá ser gra­tui­to em to­das as uni­ver­si­da­des. O dou­tor ob­se­qui­a­do fi­ca­rá na obri­ga­ção de pres­tar ser­vi­ços por dois anos, du­as ho­ras se­ma­nais, em hos­pi­tais pú­bli­cos.

Educação – E a Edu­ca­ção?

– Tam­bém mui­to sim­ples e pa­ra co­me­çar já! O prin­ci­pal é o En­si­no Fun­da­men­tal, que faz a ba­se do ci­da­dão. Tem­po in­te­gral do alu­no na es­co­la, com três re­fei­ções, por­que o alu­no mal ali­men­ta­do tem di­fi­cul­da­des em apren­der. Edu­ca­ção li­vre em ca­sa, por­que são os pa­is que sa­bem o que é me­lhor pa­ra os fi­lhos; apren­di­za­gem na es­co­la, os pro­fes­so­res com sa­lá­ri­os con­di­cen­tes e to­do o res­pei­to que lhe são de­vi­do, o que não es­tá acon­te­cen­do.

Segurança – E a se­gu­ran­ça?

– Tam­bém mui­to sim­ples. Bas­ta en­du­re­cer as nos­sas leis que são mui­to frou­xas. Um de­lin­quen­te é pre­so até por dez ve­zes (A Po­lí­cia pren­de e a Jus­ti­ça sol­ta).

Corrupção – E a Cor­rup­ção?

– Foi um mal ins­ti­tu­í­do ofi­ci­al­men­te, di­fí­cil de se er­ra­di­car. Po­lí­ti­cos ca­da vez mais ri­cos e o po­vo sem os seus di­rei­tos cons­ta­dos na Cons­ti­tu­i­ção, in­clu­si­ve, prin­ci­pal­men­te, sem ci­tar mui­tos ou­tros, o “pla­no de sa­ú­de” e re­mé­di­os.

Cracolândia – Drogas e Drogados –- E es­te pro­ble­ma gra­ve das dro­gas, que des­gra­çam a ju­ven­tu­de e as fa­mí­lias?

– É o mes­mo ca­so das leis frou­xas. É aca­bar com as dro­gas, evi­tar que en­trem no Pa­ís, co­mo fa­zem vá­rios paí­ses de­sen­vol­vi­dos. Pri­são per­pé­tua pa­ra os tra­fi­can­tes e tra­ta­men­to ade­qua­do aos do­en­tes. Há cen­te­nas de gal­pões de­so­cu­pa­dos que de­ve­rão ser alu­ga­dos pe­lo Go­ver­no pa­ra aco­mo­da­ção de ca­ma, ba­nho, ali­men­ta­ção e tra­ta­men­to mé­di­co.

Já te­mos uma cra­co­lan­di­nha aqui a 100 me­tros do Pa­lá­cio do Go­ver­no, na rua Do­na Ger­ci­na. Se­rá que as au­to­ri­da­des re­fe­ren­tes são ce­gas?

– Pa­re­ce que são ou que não que­rem en­xer­gar.

Maioridade – E a mai­o­ri­da­de, de­ve per­ma­ne­cer em 18 anos?

– Não. Um jo­vem com 16 anos po­de ca­sar e po­de vo­tar. Co­mo não ser res­pon­sá­vel pe­los seus atos?

– E reeleição é boa pa­ra o Bra­sil?

– De jei­to ne­nhum. Re­e­lei­ção é ni­nho de “ra­po­sões” vi­ci­a­dos e re­pe­ti­ti­vos, há mais de 40 anos na mes­ma po­si­ção.

– E carreira política?

– Car­rei­ra po­lí­ti­ca sim, pois dá opor­tu­ni­da­des a no­vos va­lo­res.

-Quan­tos de­pu­ta­dos fe­de­ra­is e se­na­do­res de­ve­ri­am ter pa­ra ca­da es­ta­do?

– Um se­na­dor e dois de­pu­ta­dos. São 81 se­na­do­res e 563 de­pu­ta­dos. Mui­tos ca­ci­ques pa­ra pou­cos ín­di­os. E o que eles cus­tam? Nem é bom fa­lar…

-Qual­quer um po­de ser can­di­da­to?

– Não. Os can­di­da­tos te­rão que pres­tar ves­ti­bu­lar co­mo os can­di­da­tos às uni­ver­si­da­des. Por­que o po­lí­ti­co tem que ter ca­pa­ci­da­de pa­ra en­ten­der as leis, pa­ra exe­cu­tá-las e tam­bém cri­ar, quan­do ne­ces­sá­rio.

– Quan­tos par­ti­dos po­lí­ti­cos se­ri­am ne­ces­sá­rios?

– Nun­ca mais de três, co­mo é nos paí­ses do pri­mei­ro mun­do. Aqui são 35 par­ti­dos e 42 es­pe­ran­do re­gis­tros. Um ab­sur­do!

-E quan­tos sin­di­ca­tos?

– Te­mos mais de 17 mil… al­guns atra­pa­lhan­do em­pre­sas.

Caixa dois – E Cai­xa Dois?

– Não, por­que quem dá vai re­ce­ber com acrés­ci­mos ab­sur­dos, ver­go­nho­sos,  ele­van­do os pre­ços das obras pú­bli­cas.

– Quem é mais im­por­tan­te pa­ra o po­vo: um po­lí­ti­co ou um pro­fes­sor (a)?

– Se fi­zer um ple­bis­ci­to, a di­fe­ren­ça de vo­tos vai ser mui­to gran­de. Não pre­ci­sa­mos fa­lar “quem”.

– Quan­to de­ve re­ce­ber um po­lí­ti­co? Sa­lá­rio e be­ne­fí­ci­os?

– So­men­te o sa­lá­rio, que já é mui­to al­to. E o ro­sá­rio de be­ne­fí­ci­os é um in­sul­to pa­ra quem tra­ba­lha ho­nes­ta­men­te. A vi­da fi­cou di­fí­cil pa­ra os jo­vens for­man­dos, cau­san­do a eva­são pa­ra ou­tros paí­ses, de­vi­do os car­gos pú­bli­cos se­rem do­a­dos aos apa­ni­gua­dos po­lí­ti­cos, sem con­cur­sos.

– Fi­nal­men­te, o que é pre­ci­so pa­ra o Pa­ís en­trar nos tri­lhos?

– Pri­mei­ro e úni­co: Ar­qui­var em um mu­seu a atu­al Constituição e cri­ar ou­tra com­pos­ta por uma equi­pe téc­ni­ca sem par­ti­ci­pa­ção de po­lí­ti­cos. Por ju­ris­tas e tam­bém em­pre­sá­rios, que es­tes são os que pro­du­zem e con­tri­bu­em na al­ta car­ga tri­bu­tá­ria. O Pa­ís não pro­duz, so­men­te ar­re­ca­da. A Cons­ti­tu­i­ção es­tá com 30 anos e em 30 anos o mun­do mu­dou de­mais. E te­rá que ser sim­ples, re­su­mi­da, co­mo é nos Es­ta­dos Uni­dos e nos paí­ses de­sen­vol­vi­dos.

– O Bra­sil vai ter fu­tu­ro com es­sa elei­ção de ou­tu­bro?

– Não. As pro­pos­tas são as mes­mas cha­pas ba­ti­das, são ve­lhos fil­mes que já can­sa­mos de as­sis­tir. Can­di­da­to ne­nhum po­de­rá pro­me­ter que fa­rá is­so ou aqui­lo, por­que o fa­zer po­lí­ti­co não de­pen­de de uma só pes­soa, mas Deus per­mi­ta que po­de­rá sur­gir um mi­la­grei­ro. Diz a sa­be­do­ria po­pu­lar que “Uma an­do­ri­nha só não faz ve­rão”. Mas, se pu­ser uma in­ter­ro­ga­ção, fa­rá: “Uma an­do­ri­nha só não faz? Ve­rão.” Quem se­ria?

Macktub!

 

(Ba­ri­a­ni Or­ten­cio per­ten­ce a to­das as en­ti­da­des cul­tu­ra­is de Go­i­â­nia. É pre­si­den­te do Icebo – Ins­ti­tu­to Cul­tu­ral e Edu­ca­cio­nal Ba­ri­a­ni Or­ten­cio)

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