Mourão quer o lugar de Bolsonaro
Diário da Manhã
Publicado em 13 de setembro de 2018 às 05:11 | Atualizado há 6 anosEstá em curso uma conspiração para tirar Jair Bolsonaro da corrida presidencial. E não é coisa de algum diabólico esquerdista, de algum petralha esquerdopata. Quem está querendo dar um chega pra lá em Bolsonaro é o presidente do PRTB, Levy Fidelix, sigla coligada ao PLS, que encabeça a chapa presidencial.
Junto com Fidelix está o ex-general Hamilton Mourão, atual candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
O ex-general Hamilton Mourão avaliou ontem, segundo o Globo News, que “esse troço já deu o que tinha que dar”. O que ele chama de “esse troço” é o episódio do atentado à vida de Bolsonaro, que levou uma facada em Juiz de Fora-MG. Para Mourão, é preciso “acabar com a vitimização”.
Filiado ao PRTB, o candidato deu as declarações após participar de uma reunião em Brasília com correligionários. “Esse troço já deu o que tinha que dar. É uma exposição que eu julgo que já cumpriu sua tarefa. Ele, Bolsonaro, vai gravar vídeo do hospital, mas não naquela situação, não propaganda. Vamos acabar com a vitimização, chega”, afirmou Mourão.
Na última sexta-feira, Mourão afirmouementrevistaàGloboNewsque a campanha divulgaria pequenos vídeos nas redes sociais sobre o assunto e faria contato com os apoiadores de Bolsonaro nos Estados para repassar a “palavra de ordem”. “A palavra de ordem é reduzir as tensões. Não adianta haver confronto neste momento, não faz bem para ninguém e é péssimo para o País”, declarou.
Ontem Mourão afirmou que o PRTB consultará o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se ele pode substituir Jair Bolsonaro em debates na TV. “Nós vamos fazer uma consulta ao TSE porque o ‘não’ nós já temos garantido. […] A consulta será feita pelo PRTB. Eu acho que será protocolado no mais tardar amanhã (quarta). A gente não pode ficar perdendo tempo”, afirmou o general.
“É uma consulta. Vamos querer ouvir a própria mídia para ver se ela deseja. Vou falar com as emissoras. Vou fazer pelo PRTB. Será feita hoje a consulta”, acrescentou, em seguida, o presidente da legenda, Levy Fidelix.
Já o “Blog do Esmael”, do Paraná, informou que Hamilton Mourão e seu partido (PRTB), entraram com pedido para que Mourão assuma a cabeça da chapa.. Ele entraria no lugar de Bolsonaro pelo PTBR mesmo. Entendem que Bolsonaro não terá a mínima condição de fazer a campanha preso a um leito de hospital, e sem poder ir aos debates.
Do lado de Bolsonaro, ainda não surgiu nenhuma manifestação sobre o assunto. Mas é certo que o episódio tem potencial para gerar uma crise interna. Os filhos de Bolsonaro, em várias declarações, afirmam que o pai deles vai vencer no primeiro turno. Acreditam que o episódio será eleitoralmente benéfico ao presidenciável da extrema direita.
Mourão parece certo ao afirmar que “esse troço já deu o que tinha que dar”. Pesquisa Ibope, feita logo depois do atentado, ainda no calor das emoções, constatou que o candidato esfaqueadocresceumuitopouconaspesquisas. Ele foi de 18% para 26%. No mesmo período, Haddad subiu de 4% para 8%, um incremento de 50%.
Os bolsonaristas esperavam cravar pelo menos 30%. Os números do Ibope, porém, indicam que o incidente não teve o condão de fazer a candidatura de Bolsonaro disparar. Projeções do Ibope apontam que havendo segundo turno, Bolsonaro terá chances mínimas de vencer.
Para azar dos bolsonaristas, não há absolutamente nada que vincule o atentado a Bolsonaro ao PT ou ao PDT. Foi um ato isolado de um lunático que, eventualmente, esteve filiado ao PSol, já faz tempo. Num primeiro momento, o próprio Mourão acusou publicamente o PT de ser o responsável pelo atentado. Horas depois, já esclarecido os fatos pela Polícia Federal, ele voltou às TV com discurso moderado, pedindo a todos para baixarem o tom.
Mourão não tem muito tato político. Dias atrás, em entrevista à Globo News, sugeriu que o Brasil poderia ir à guerra contra a Venezuela. Nos meios militares reformados (pois militares da ativa não podem se manifestar), algumas vozes já se levantam contra ele. Recentemente, em artigo publicado na Tribuna da Imprensa, em forma de manifesto aos sócios do clube militar, o general da reserva Bolivar Meirelles o acusou de transgredir os estatutos da centenária entidade ao arrastá-la para a disputa partidária. Mourão é o atual presidente do Clube Militar. Ele não respondeu aos ataques do general.
Recentemente, Mourão foi acusado por um coronel do Exército, que entrou para a reserva, de ter fraudado licitação do Exército para favorecer uma empresa espanhola, que andou bancando viagens de Mourão e senhora à Espanha. Mourão negou que tivesse fraudado a licitação, mas admitiu que turistou pela Espanha por conta da tal empresa, coisa que, segundo ele, é normal. A tal empresa venceu a licitação.
]]>