Opinião

Manter relações sexuais sabendo que tem doença sexualmente transmissível e não informar a vítima é crime

Diário da Manhã

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 03:11 | Atualizado há 6 anos

Do­en­ças se­xu­al­men­te trans­mis­sí­veis (DST), são do­en­ças in­fec­cio­sas trans­mi­ti­das atra­vés do con­ta­to se­xu­al, po­den­do tam­bém ser trans­mi­ti­das por via não-se­xu­al, em­bo­ra es­ta for­ma de trans­mis­são se­ja me­nos fre­quen­te.

Mal que as­so­la gran­de par­te da po­pu­la­ção bra­si­lei­ra, que mui­tas das ve­zes não sa­bem que es­tão con­ta­mi­na­das ou sa­bem e não fa­zem o tra­ta­men­to ne­ces­sá­rio por inú­me­ras ques­tões.

Den­tre elas, des­ta­co os jo­vens bra­si­lei­ros, com uma imen­si­dão de pos­si­bi­li­da­des, pra­ti­cam se­xo sem os cui­da­dos e pro­te­ção de­vi­da, ou mo­vi­dos pe­lo do­lo em pra­ti­car o cri­me de con­tá­gio ve­né­reo.

O ob­je­to a ser dis­cu­ti­do é a pre­ser­va­ção da sa­ú­de hu­ma­na, di­rei­to cons­ti­tu­ci­o­nal­men­te ga­ran­ti­do, que de­ve ser cui­da­do e pre­ser­va­do.

O di­rei­to à sa­ú­de es­tá in­ter­li­ga­do ao di­rei­to à vi­da e à exis­tên­cia dig­na, re­pre­sen­ta um dos fun­da­men­tos da Re­pú­bli­ca Fe­de­ra­ti­va do Bra­sil, sen­do con­si­de­ra­do pe­la dou­tri­na, le­gis­la­ção e ju­ris­pru­dên­cia uma obri­ga­ção do Es­ta­do e uma ga­ran­tia de to­do o ci­da­dão.

Ago­ra, se vo­cê tem a DST, sa­be e mes­mo as­sim con­ta­mi­na seu par­cei­ro ou al­guém, sai­ba que é cri­me! O ar­ti­go 130 do Có­di­go Pe­nal des­cre­ve o de­li­to de pe­ri­go de con­tá­gio ve­né­reo, que con­sis­te no ato de co­lo­car al­guém em ris­co de con­ta­mi­na­ção por ato se­xu­al, sa­ben­do que pos­sui do­en­ça que po­de ser trans­mi­ti­da, mas dei­xa de in­for­mar o par­cei­ro. A pe­na pre­vis­ta é de 3 mes­es a 1 ano de de­ten­ção e mul­ta.

A pe­na é mai­or pa­ra o ca­so de a pes­soa ter a in­ten­ção de trans­mi­tir a do­en­ça, nes­te ca­so a pu­ni­ção é de re­clu­são de 1 a 4 anos e mul­ta. (Có­di­go Pe­nal Bra­si­lei­ro).

Nes­se sen­ti­do, tra­ta-se de cri­me de pe­ri­go, pois se ca­rac­te­ri­za pe­la me­ra pos­si­bi­li­da­de de da­no, ou se­ja, bas­ta que o bem ju­rí­di­co se­ja ex­pos­to a uma si­tu­a­ção de ris­co e não de da­no. É im­por­tan­te des­ta­car a re­la­ção ao do­lo, bas­ta que o agen­te te­nha a in­ten­ção de ex­por a ví­ti­ma a tal si­tu­a­ção de pe­ri­go.

 

(Lo­re­na Ayres, ad­vo­ga­da, es­pe­cia­lis­ta em di­rei­to pú­bli­co e cri­mi­nal (pre­si­den­te da co­mis­são de di­rei­tos hu­ma­nos da Abra­crim GO, vi­ce pre­si­den­te da co­mis­são de di­rei­to cri­mi­nal e po­lí­ti­cas pú­bli­cas oab/go sub­se­ção apa­re­ci­da de go­i­â­nia), pro­fes­so­ra uni­ver­si­tá­ria, ar­ti­cu­lis­ta e co­men­da­do­ra)

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