Politica

Padre Luiz Augusto recomenda Bolsonaro

Diário da Manhã

Publicado em 12 de setembro de 2018 às 01:45 | Atualizado há 2 semanas

O padre Luiz Augusto, da Paróquia Santa Teresinha, postou no Facebook um ví­deo recomendando o voto em Jair Bolsonaro, “a nossa melhor opção”. O padre católico à moda antiga (ain­da usa batina quando não reza mis­sa), aparece rodeado de imagens sacras ouvindo um militante de or­ganizações católicas carismáticas, cujo discurso é um amontoado de frases banais sobre “políticos”. No final o padre faz a recomendação: “Bolsonaro é a nossa melhor opção”.

Todavia o padre Luiz Augusto não expõe as razões de sua crença de ser Bolsonaro “a nossa melhor op­ção”. Como nos tempos d’antanho, em que os sacerdotes tinham auto­ridade para dirigir espiritualmente os fiéis, ordenando-lhes isto ou aqui­lo sem achar necessário explicar.

Além da fala do padre, a Paróquia Santa Teresinha ainda postou o se­guinte texto: “Há muita influência midiática nas pessoas e isso é muito ruim. É preciso que você se apoie na verdade, é preciso iluminar com a luz do Espírito Santo e perceber que cer­tas coisas neste país precisam mudar. É hora de votar na vida, votar na jus­tiça e na família. Bolsonaro é a nos­sa melhor opção nesse momento!”

O que soa estranho nesta reco­mendação do padre é que ela vai na contra corrente do catolicismo brasileiro. Há, no clero católico brasileiro, uma quase unanimida­de no repúdio às declarações es­candalosas do capitão candidato.

Bolsonaro, de fato, é fortemente apoiado no baixo protestantismo. O linguajar do candidato e de seus fi­lhos denota serem eles seguidores de alguma seita neopentecostal. O pastor Silas Mafalaia, um dos mais histriônicos líderes da extrema direi­ta religiosa, e inimigo figadal de tudo quepareçaminimamentedeesquer­da. Silas já postou várias de suas visi­tas a Bolsonaro no hospital.

Houve algumas manifestações de internautas apoiando o posicio­namento do padre. Mas também houve desaprovação. Uma inter­nauta, cujo nome preferimos omi­tir, escreveu o seguinte: “Como as­sim? Quem vive pela espada, pela espada morrerá! Não dá pra seguir Cristo e votar num homem desses”.

Bolsonaro não é unanimidade entre os evangélicos. Pelo menos um dos maiores nomes do protes­tantismo brasileiro diz abertamen­te que a eleição de Bolsonaro seria um mal para o País. Trata-se do ex­-pastor presbiteriano Caio Fábio, hoje em dia pregador independen­te não vinculado a denominações religiosas, e que ganha a vida ven­dendo os livros que escreve. Numa postagem recente, Caio explicou por que não vota em Bolsonaro.

“O Cristo em mim não permite; o Evangelho em mim não permite”, afirmou ele. Segundo Caio, a conduta política de Bolsonaro está em contra­dição com os ensinamentos de Jesus. Caio salienta que acompanha Bol­sonaro há mais de 30 anos, sobretu­do pelo fato de ser também carioca.

Para Caio Fábio, Bolsonaro faz uma pregação de ódio e intolerân­cia. Mas, a despeito disso, diz Caio, “não lhe quero mal”. E afirma que, se um dia Bolsonaro precisar dele, é capaz de visitá-lo, de tomar-lhe a mão, e orar por ele. Mas sem apro­var as coisas fanfarrônias que o de­putado costuma dizer.

Caio avisa que não é lulista. Pelo contrário, ele sempre foi um crítico severo do PT. Diz ter sim­patias por Marina Silva, mas acre­dita que ela não seria boa presi­dente. Segundo Caio, ela deveria voltar para o Senado.

As opiniões de Caio Fábio cho­cam os neopentecostais, que o acu­sam de ser até mesmo comunista. Apesar do seu jeitão um tanto pe­dante, resvalando para o pernóstico, Caio é um apóstolo da tolerância, da pluralidade e da democracia. É con­tra preconceitos, combate discrimi­nações, e ataca sobretudo o pasto­res charlatães que vão ficando ricos à custa da boa-fé do pobre. Entre seus inimigos estão Silas Malafaia, Edir Macedo e pastor Waldomiro.

Em geral esses pastores saem perdendo em confronto direto com Caio. Ele não é apenas um profundo conhecedor da Bíblia e dos Evangelhos. É um homem com sólida formação acadêmica, ba­charelado em História, em Filo­sofia, em Direito e em Psicologia. Mora atualmente em Brasília. Ao contrário dos pastores tradicionais, não usa terno e gravata–embora no passado esse fosse o seu traje cos­tumeiro. Já idoso, barbudo, cabe­ludo, usando jeans e tênis, ele mais parece um poeta hippie do anos 60 do que um homem de Deus. Mas, apesar da aparência nenhum pou­co eclesiástica, é isso mesmo que ele é: um homem de Deus.

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