Vítimas da violência e os traumas físicos e psicológicos
Diário da Manhã
Publicado em 8 de setembro de 2018 às 22:06 | Atualizado há 6 anosAlém dos graves problemas de insegurança em que países emergentes estão passando, incluindo alguns países desenvolvidos que constantemente sofrem com ataques terroristas e outras formas de crimes, a insegurança psicológica dever ser tratada e levada em consideração tanto quanto a violência física.
Toda modalidade de crime deixa seus traumas, sejam físicos, moral ou psicológicos. Os gestores públicos e da área de segurança devem estar prontos para lidar com o fenômeno do crime e suas consequências, sendo uma delas, os traumas sofridos pelas vítimas da violência urbana.
Contabilizadas, somente em 2017, foi registrado no Brasil mais de 600 mil mortes por assassinatos, números que alarma a sociedade e deixa a população em estado de pânico coletivo, ainda que silencioso, onde as pessoas têm medo de sair de suas casas, para divertir e trabalhar, temendo ser a próxima vítima da guerra não declarada.
Enquanto isso, os governos estão buscando soluções imediatistas, ou seja, sem impacto para médio e longo prazo. Não há investimento em políticas de segurança pública que possa dar tratamento médico psicológico para as vitimas do crime em suas mais diversas vertentes.
Como a segurança pública é uma somatória de fatores e órgão que juntos se fortalecem, ela não deve ser tratada apenas no cenário policial e prisional. É preciso investimento em serviço de inteligência que evite confrontos desnecessários entre polícia e criminosos, cujos resultados, na maioria das vezes, representam gastos públicos e desgaste emocional na sociedade de bem.
Junto aos fatores descritos, há ainda a questão do encarceramento que, mesmo sendo necessário o combate ao crime, não há política pública eficiente para a criação de novos presídios capazes de conter fugas e motins, o que acarreta mais prejuízos ao estado e, consequentemente, aos seus contribuintes.
Neste aspecto, além de maior investimento em serviço de inteligência das forças policiais, são necessárias também ações sociais que levem até as zonas de risco programas de educação e de prevenção contra o uso de drogas e outras modalidades de crimes.
Se dentro das forças de segurança há programas de medicina psicológica para tratar os traumas sofridos pelos agentes públicos, ocasionados pela função exercida no policiamento ostensivo e preventivo, por exemplo, os gestores públicos devem também implementar tais programas nas redes de saúde pública para atender de forma eficiente as vítimas do crime, assim como o exame de corpo de delito, onde o preso deve passar antes de ser conduzido até à autoridade policial.
Portanto, a questão da insegurança psicológica deve ser uma das metas principais a serem incorporadas nos programas governamentais e das empresas privadas para atender a população e seus funcionários vítimas da violência.
Não se faz segurança pública ou privada apenas com armas e homens. É preciso de um conjunto bem elaborado de programas subsidiários e complementares que dê sustentação às demais ações governamentais nas políticas de segurança, seja nas empresas públicas ou privadas.
Os traumas psicológicos deixam marcas tão profundas quanto os traumas físicos deixados pelas as ações de violência, sem que haja tratamento gratuito e rápido para as vítimas, tão rápido quanto o próprio registro da ocorrência policial e o comparecimento da vítima em uma delegacia.
(Izaías Sousa Especialista em Segurança izaias-sou[email protected])
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