Opinião

Fundador do Dergo e patrono do setor de transportes em Goiás

Diário da Manhã

Publicado em 2 de setembro de 2018 às 00:18 | Atualizado há 6 anos

Em 1944, atra­vés do De­cre­to n° 15.093, o pre­si­den­te Ge­tú­lio Var­gas or­ga­ni­zou a ma­lha ro­do­vi­á­ria fe­de­ral num do­cu­men­to a que cha­mou de pri­mei­ro Pla­no Ro­do­vi­á­rio Na­ci­o­nal (PRN). Dois anos de­pois, du­ran­te o go­ver­no pro­vi­só­rio do pre­si­den­te Jo­sé Li­nha­res, o De­cre­to-Lei n° 8.463 – co­nhe­ci­do co­mo Lei Jop­pert – es­ta­be­le­ceu au­to­no­mia ad­mi­nis­tra­ti­va e fi­nan­cei­ra do De­par­ta­men­to Na­ci­o­nal de Es­tra­das de Ro­da­gem (DNER), com su­por­te na cri­a­ção do Fun­do Ro­do­vi­á­rio Na­ci­o­nal (FRN), do qual 40% cons­ti­tu­í­am re­cei­ta do DNER e 60% se­ri­am re­pas­sa­dos aos es­ta­dos, ter­ri­tó­rios e Dis­tri­to Fe­de­ral.

A con­di­ção pa­ra re­pas­se do FRN pa­ra as uni­da­des fe­de­ra­ti­vas é que es­tas ti­ves­sem um ór­gão es­pe­cí­fi­co pa­ra a cons­tru­ção, pa­vi­men­ta­ção e con­ser­va­ção de ro­do­vi­as.

O Es­ta­do de Go­i­ás, em 1946, sob in­ter­ven­ção fe­de­ral, não dis­pu­nha de um ór­gão ro­do­vi­á­rio nem de re­cur­sos fi­nan­cei­ros pa­ra ini­ci­ar um pro­gra­ma de cons­tru­ção de ro­do­vi­as. Por is­so, o in­ter­ven­tor ge­ne­ral Fe­lip­pe An­tô­nio Xa­vi­er de Bar­ros bai­xou o De­cre­to-Lei n° 512, de 31/08/1946, pu­bli­ca­do no DOE de 11/09/1946, cri­an­do a Co­mis­são de Es­tra­das de Ro­da­gem de Go­i­ás (Cerg).

Fa­ce às pon­de­ra­ções do In­ter­ven­tor, no to­can­te as di­fi­cul­da­des do Es­ta­do ins­ta­lar e dar su­por­te fi­nan­cei­ro à re­cém cri­a­da Cerg, em ou­tu­bro de 1946 o DNER con­tra­tou o en­ge­nhei­ro Mário Mendes de Resende e de­ter­mi­nou que ele exer­ces­se sua fun­ção jun­to ao Go­ver­no de Go­i­ás.

No­me­a­do che­fe da Cerg pe­lo Go­ver­no Es­ta­du­al, re­fe­ri­do en­ge­nhei­ro ins­ta­lou em 19/11/1946 a Co­mis­são de Es­tra­das de Ro­da­gem de Go­i­ás – Cerg, re­cém-cri­a­da com o De­cre­to-Lei n° 512/46.

Não ob­stan­te a dis­po­ni­bi­li­da­de de es­cas­sos re­cur­sos fi­nan­cei­ros, ori­un­dos do FRN, e de equi­pa­men­tos, a Cerg ini­ciou a cons­tru­ção das ro­do­vi­as GO.3 (atu­al GO-060) e GO.4 (atu­al GO-070), a par­tir de Go­i­â­nia, vez que no Es­ta­do só exis­ti­am es­tra­das car­ro­çá­veis, de di­fí­cil trân­si­to.

O in­sig­ne en­ge­nhei­ro Má­rio Men­des de Re­sen­de não foi ape­nas um téc­ni­co com­pe­ten­te ao ini­ci­ar a im­plan­ta­ção do Se­tor Tran­spor­tes em Go­i­ás. Co­mo seu fun­da­dor e pri­mei­ro di­ri­gen­te (1946-1949), ani­mou-o com o seu en­tu­si­as­mo e ca­ris­ma, dig­ni­fi­cou-o com a hon­ra­dez, a for­ça e a de­ter­mi­na­ção de seu tra­ba­lho di­u­tur­no. De ou­tu­bro de 1951 a mar­ço de 1952, por no­me­a­ção do Go­ver­na­dor do Es­ta­do, exer­cer o car­go de Di­re­tor Ge­ral do De­par­ta­men­to de Vi­a­ção e Obras Pú­bli­cas (DVOP).

Com o seu dis­cer­ni­men­to e en­tu­si­as­mo par­ti­ci­pou das de­mar­ches pa­ra a trans­for­ma­ção da CergG em Dergo – De­par­ta­men­to de Es­tra­das de Ro­da­gem de Go­i­ás, no fi­nal de 1952, atra­vés da Lei n° 727/52.

Não por aca­so, es­se ro­do­vi­á­rio ide­a­lis­ta di­ri­giu o Dergo em du­as ou­tras opor­tu­ni­da­des (1961 e 1963), e ocu­pou, no ór­gão de que era fun­cio­ná­rio, di­ver­sas fun­ções téc­ni­cas, che­gan­do, em 1965/1966, a exer­cer o car­go de Se­cre­tá­rio de Es­ta­do de Vi­a­ção e Obras Pú­bli­cas – Sevop.

Em me­a­dos de 1966 o en­ge­nhei­ro Má­rio Men­des de Re­sen­de foi co­lo­ca­do à dis­po­si­ção da Agên­cia Nor­te Ame­ri­ca­na pa­ra o De­sen­vol­vi­men­to In­ter­na­ci­o­nal – Usaid, por de­cre­to go­ver­na­men­tal, pa­ra exer­cer a fun­ção de en­ge­nhei­ro-con­sul­tor da­que­le or­ga­nis­mo in­ter­na­ci­o­nal na exe­cu­ção, que fi­nan­cia­ra, das obras de im­plan­ta­ção e pa­vi­men­ta­ção da ro­do­via GO.5 (atu­al GO-080), tre­cho Go­i­â­nia – Ne­ró­po­lis, com 30 qui­lô­me­tros de ex­ten­são.

Em 1967, me­di­an­te bol­sa de es­tu­dos con­ce­di­da pe­lo De­par­ta­men­to de Es­ta­do ame­ri­ca­no, fez a pri­mei­ra vi­a­gem aos Es­ta­dos Uni­dos com o ob­je­ti­vo de fre­quen­tar um cur­so de aper­fei­ço­a­men­to re­a­li­za­do em 5 Highways De­par­ta­ments da­que­le pa­ís. No Es­ta­do de Vir­gí­na vi­si­tou o La­bo­ra­tó­rio Cen­tral do Asphalt Ins­ti­tu­te, do Bu­re­au Pu­blic Ro­ads. Na se­de do DER do Es­ta­do de Ken­tucky sub­me­teu-se a cur­so in­ten­si­vo so­bre a exe­cu­ção de ba­ses es­ta­bi­li­za­das, bem co­mo so­bre o em­pre­go de dre­na­gem pro­fun­da em obras ro­do­vi­á­rias.

Ao re­gres­sar dos Es­ta­dos Uni­dos foi no­va­men­te de­sig­na­do En­ge­nhei­ro-Con­sul­tor da Usaid pa­ra a exe­cu­ção das obras de as­fal­ta­men­to da ro­do­via GO.3 (atu­al GO-060), tre­cho Na­zá­rio – São Lu­iz de Mon­tes Be­los, nu­ma ex­ten­são de 55 Km. Obra fi­nan­cia­da pe­la Usaid.

No fi­nal de 1970, Dr. Má­rio – co­mo era tra­ta­do por to­dos, co­me­çou a exer­cer a sua ter­cei­ra con­sul­to­ria co­mo en­ge­nhei­ro-con­sul­tor da Usaid pa­ra a exe­cu­ção das obras da ro­do­via GO.5 (atu­al GO-080), tre­cho Ne­ró­po­lis – Pe­tro­li­na – en­tron­ca­men­to com a BR-153, nu­ma ex­ten­são de 63 Km.

Em no­vem­bro de 1975 foi no­me­a­do di­re­tor téc­ni­co da Co­mis­são Exe­cu­ti­va de Cons­tru­ção da Pon­te so­bre o Rio Ara­gu­aia, en­tre os mu­ni­cí­pios de Cou­to Ma­ga­lhã­es (GO) e Con­cei­ção do Ara­gu­aia (PA). Cons­tru­í­da com re­cur­sos fe­de­ra­is do Pro­gra­ma Po­la­ma­zô­nia, com 700 me­tros de ex­ten­são, es­sa mo­nu­men­tal obra de ar­te te­ve su­as fun­da­ções no lei­to do rio re­a­li­za­das com o em­pre­go de per­fu­ra­tri­zes WIRHT jun­ta­men­te com gran­de quan­ti­da­de de equi­pa­men­tos au­xi­li­a­res.

Pe­lo con­jun­to e pi­o­nei­ris­mo de su­as re­a­li­za­ções, du­ran­te to­da sua vi­da pro­fis­si­o­nal até apo­sen­tar-se no Dergo em 1985, o en­ge­nhei­ro Má­rio Men­des de Re­sen­de é re­ve­ren­ci­a­do co­mo Fun­da­dor do De­par­ta­men­to de Es­tra­das de Ro­da­gem de Go­i­ás – Dergo e Pa­tro­no do Se­tor de Tran­spor­tes em Go­i­ás.

Co­ra­jo­so, dig­no e ín­te­gro, fa­le­ceu em 02/04/1990. Dei­xou im­por­tan­te le­ga­do de pro­fis­si­o­na­lis­mo e ho­nes­ti­da­de no ser­vi­ço pú­bli­co.

 

(Rai­mun­do Ho­no­ra­to de Amo­rim, ad­mi­nis­tra­dor e eco­no­mis­ta, ex-di­re­tor ad­mi­nis­tra­ti­vo do Dergo)

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