O papel do franchising nas eleições de 2018
Diário da Manhã
Publicado em 29 de setembro de 2018 às 04:03 | Atualizado há 6 anosAinda é tabu uma marca se posicionar politicamente, polêmica que vai desde o mundo empresarial até os setores populares da sociedade. A última polêmica ocorreu quando a cantora Pablo Vittar rompeu seu contrato com a grife Vicenza, após o proprietário da empresa declarar apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro. Porém, como todo tabu, este precisa ser vencido, pois o fato de as empresas e empresários se posicionarem perante a coletividade na forma de apoio a causas e bandeiras, ao invés de indivíduos, é também uma forma destas exercerem seus papéis como produtoras de riquezas e cidadania na (e para a) sociedade. Importante ressaltar que, especificamente no caso do setor do franchising, ponto central deste artigo, é necessário a franquia ter ciência que o debate político junto a seus públicos – interno e externo da marca – não deve ser partidarizado, mas deve ser pautado do ponto de vista dos interesses econômicos, sociais e ambientais dos franqueadores, franqueados, fornecedores e funcionários.
O poder de atuar em rede de uma franquia é também orientar e influenciar os franqueados para boas práticas corporativas, que incluem o respeito às regulações internas da própria marca, assim como princípios éticos da legislação tributária e comercial nos níveis municipal, estadual e nacional. As primeiras questões que devem estar bem claras para a franquia são o seu segmento ou setor de atuação, as principais demandas que a empresa tem e os gargalos relativos às políticas econômica, social e ambiental que enfrenta e quais mudanças seriam necessárias para que o seu desempenho fosse ainda melhor. Assim, a franqueadora (detentora da marca) deve fazer uma análise de oportunidades e riscos, incluindo a comparação com seu segmento de atuação em outros países também pelo viés regulatório, para formar o seu posicionamento político e disseminá-lo para os seus stakeholders de maneira clara e didática.
Empresas e setores da economia que não se posicionam acabam “pagando a conta”, pois o dinheiro público é um só e, à medida que os governos enfrentam pressões de diferentes setores, eles podem ceder e, consequentemente, alguém terá que pagar a conta. Em geral, aqueles menos articulados, mobilizados ou representados. É cada vez mais urgente que as franqueadoras desenvolvam e disseminem os seus posicionamentos também alinhadas às entidades representativas, criando canais mais efetivos no diálogo com os poderes constituídos. Assim, criar espaços para educação e formação para a cidadania empresarial ou corporativa desenvolve anticorpos e gera um futuro cada vez mais forte e resistente.
Empresas devem ser feitas para durar. Portanto, só uma boa visão de médio e longo prazo para nosso país nos levará adiante.
(Claudio Tieghi, membro idealizador do projeto Acelera Franchising e autor do livro “Uma Nova Geração no Franchising”)
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