Cultura

As rosas de Outubro

Diário da Manhã

Publicado em 6 de outubro de 2016 às 02:00 | Atualizado há 2 semanas

Vários estados americanos realizavam, de maneira isolada, campanhas de conscientização e prevenção ao câncer de mama desde meados do século passado. Foi também nos Estados Unidos que surgiu o autoexame de mama, o que viria a contribuir significamente para a detecção precoce do câncer, e, por conseguinte, aumentando a probabilidade de cura das pacientes. O Congresso Nacional norte-americano determinou que outubro fosse o mês oficial dedicado à causa. A história efetiva da campanha Outubro Rosa tem início na última década do século XX, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure lançou e distribuiu laços na cor rosa para os participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990.

No Brasil, surgem anualmente cerca de 2 milhões de novos caso de câncer de mama. A enfermidade atinge mulheres de todas as idades,  e, em casos mais raros, também afeta pacientes do sexo masculino. O diagnóstico deve ser obtido através de consulta clínica. Recomenda-se que mulheres a partir dos cinquenta e cinco anos realizem a mamografia anualmente, e, em casos de câncer na família, os exames devem ser realizados a partir dos trinta e cinco anos. Os tratamentos são os mais diversos, sendo variáveis de acordo com a causa e estágio do câncer.

O câncer de mama é o mais frequente em mulheres em todo o mundo, atrás apenas do melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos de câncer em todo o mundo. É a quinta responsável de mortes por câncer de maneira geral, e a mais frequente em mortes de mulheres. Só este ano foram estimados cerca de cinquenta e oito mil novos casos no País, com incidência de 56,2% de óbito, sendo que as regiões Sudeste e Sul correspondem a 13,7% e 14,25% destes casos que desencadearam em óbito. Os sintomas consistem em nódulos irregulares nos seios ou axilas (em algumas situações, os nódulos se apresentam definidos), alteração no formato dos seios, secreções mamárias, que podem ser de cor transparente ou rosada, devido a presença de glóbulos vermelhos, e alterações cutâneas na região (pele com aspecto de casca de laranja).

De acordo com o Hospital Israelita Albert Eisntein, o tratamento é variável, de acordo com o estágio da doença. Quimioterapia (mata as células que estão crescendo ou se multiplicando de maneira desordenada); ortopedia reconstrutiva adulta (cirurgia reconstrutiva ou plástica); mamoplastia (cirurgia plástica para aumentar ou reduzir o tamanho dos seios ou para reconstruir uma mama); expansão de tecido (inserção de um balão sob a pele, objetivando a expansão do tecido ao redor); linfadenectomia (remoção cirúrgica de um linfonodo); tumorectomia (remoção cirúrgica de um nódulo no peito); mastectomia radical (remoção cirúrgica total da mama, do músculo peitoral subjacente e dos linfonodos); mastectomia (remoção cirúrgica total ou parcial da mama); excisão local ampla (remoção cirúrgica de uma pequena área de tecido canceroso ou pré-canceroso, juntamente com uma margem de tecido normal).

Em 2005, Gislene Divina Vieira, professora aposentada, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Sua filha, a terapeuta ocupacional Karine Vieira Carvalho, relembra o choque que a família teve ao receber a notícia e a sensação de pena que eles encontravam nos olhares de conhecidos ao verem Gislene enferma. “Naquele primeiro momento, era como se o chão abrisse em nossos pés, a primeira palavra que veio à mente foi: morte! A família toda desestruturou, não tínhamos a menor ideia do que viria pela frente. Após todos exames médicos necessários, vieram os procedimentos: quimioterapia, radioterapia, acompanhados por muito enjoo, queda de cabelo, fraqueza, o semblante de dó e piedade no rosto das pessoas ao vê-la careca”, recorda.

Gislene Divina relembra que antes de saber da doença chegara a pensar no tamanho descuido de mulheres consigo mesmas, para chegarem ao ponto de perder a mama. Ela não poderia imaginar que tal fatalidade poderia ocorrer com ela mesma. “Eu sempre fiz meus exames no mesmo laboratório e nunca acusavam nada. Foi quando uma amiga me disse que a pele dos seios ficava irregular, com aspecto poroso. Procurei um novo laboratório e veio o diagnóstico, mas era tarde demais, e acabei perdendo um dos seios. Quero fazer este alerta a todas as mulheres. Se houver alguma dúvida, procure outro laboratório, outro médico”, frisa a aposentada.

“Era como se víssemos nossa mãe morrer um pouquinho a cada dia. Mas o que estava morrendo era nossa esperança. Ela se manteve o tempo todo forte, firme, obcecada pela vida! Ela tinha certeza que aquele diagnóstico não seria o seu fim. E realmente não foi. Em abril de 2006, foi feita a mastectomia da mama esquerda. Foram mais 14 quimios e sim, minha mãe estava curada! Dez anos se passaram, a rotina mensal de exames segue até hoje, livre de recaídas! Minha mãe sempre frisa que prevenção ainda é o melhor e mais eficaz remédio. Que o acompanhamento médico é indispensável, e que, infelizmente, a diferença do tratamento pela rede pública e privada é gritante e revoltante! Seguimos contando sua história de superação, tendo como missão informar e fazer acreditar que o câncer de mama pode sim acometer qualquer pessoa, mas que podemos, sim, superá-lo e seguir em frente!”, conclui Karine.

 


Outubro Rosa no Sesc

Pelo terceiro ano consecutivo, o Sesc realiza ações educativas em saúde, voltadas para a informação e conscientização da prevenção do câncer de mama. “Outubro Rosa – O Sesc toca nesse assunto, e você?” teve início neste sábado, primeiro de outubro, distribuindo laços cor-de-rosa, símbolo mundial da luta contra o câncer de mama. Serão realizadas palestras, debates e mesas redondas nas unidades Sesc Campinas, Centro, Itumbiara e Jataí. As atividades serão ministradas por agentes de saúde, como enfermeiros e médicos. O Sesc também está recolhendo lenços para doação para pacientes de câncer de mama.

Quem se cuidavoa mais longe” 

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, em parceria com a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), promove este ano a maior mobilização de Outubro Rosa de sua história nos últimos sete anos, desde que a empresa aderiu à campanha. A ação da empresa consiste na construção de uma nova identidade visual, com novos uniformes e caracterização de aviões nas cores da campanha, exibição de curtas-metragens durante os voos, diálogos entre o passageiro e a tripulação (dentro do propósito da companhia aérea de aproximar a empresa de seus clientes), além de material de conscientização amplamente divulgado nas redes sociais e página oficial da campanha. “A campanha mais robusta de Outubro Rosa de nossa história sem dúvida trará inúmeros benefícios à população em termos de informação. Queremos que as pessoas conheçam e falem sobre uma das doenças que mais vitima mulheres no mundo, e nossa cultura de estar próxima a pessoas é uma excelente oportunidade para que possamos fazer a diferença na sociedade”, ressalta a diretora de marketing e comunicação da Azul, Cláudia Fernandes.

 

 Easy e o Outubro Rosa

Outra empresa privada engajada na campanha de conscientização da prevenção do câncer de mama é a Easy, antiga Easy Taxi. A maior companhia de transportes da América Latina, em parceria com com o Instituto de Quimioterapia e Beleza. A empresa estará recolhendo doações durante todo o mês de outubro, que serão revertidas para ações realizadas pelo Instituto de Quimioterapia e Beleza. As doações serão coletadas através do aplicativo Easy, ao final de cada solicitação de viagem. Os passageiros poderão doar quantas vezes quiser, lembrando que a doação é de apenas um real, e que a cada real doado a Easy também doará o mesmo valor para o Instituto. “Ficamos tocados com a iniciativa do Instituto Quimioterapia e Beleza. A essência do nosso negócio são as pessoas e isso nos motivou ainda mais a contribuir.“, afirma contente Fernando Matias, CEO Brasil da Easy. “O lenço é um símbolo para dizer a outras mulheres que elas não estão sozinhas e podem enfrentar a doença com autoestima. Meu objetivo é devolver a alegria e a vontade de viver às pacientes”, conta Flávia Flores. Flávia é ex-modelo e em 2012 foi diagnosticada com câncer de mama. Após vencer a batalha contra a doença, Flávia teve a ideia de criar o Instituto Quimioterapia e Beleza, cujo objetivo principal é fortalecer pacientes com câncer de mama, usando a beleza como ferramenta.

 

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