O segundo maior assassino de Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 16 de setembro de 2016 às 02:16 | Atualizado há 1 semanaEles têm em média 26 anos e compreendem quase 38% do total da população brasileira, conforme censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Denominada de geração Y, os nascidos entre os anos de 1980 e 2000 transitam por extremos, que vão da relutância em adquirir a casa própria ao engajamento veemente em causas sociais e ambientais. Além de demandar um remodelamento econômico que atenda às novas expectativas, esta tendência global deixa marcas singulares e irreversíveis em cada país. Em qualquer um deles, porém, uma das esferas mais estremecida é o trânsito, responsável por levar 1,25 milhão de pessoas a óbito anualmente ao redor do mundo. Diante disso, compreender os anseios das novas gerações pode ser um caminho para preservar a segurança no trânsito.
Por ano, morrem mais de 17 jovens em Goiânia em decorrência de acidentes de trânsito. O número só não é maior que de homicídios, cerca de 41 mortes por ano. Esses dados revelam que a situação no trânsito na região é alarmante: o índice do Estado de Goiás (31.44) é maior que o da própria região Centro-Oeste (30.25).
Para a especialista em trânsito Idaura Lobo Dias, é muito importante despertar e reforçar uma postura mais consciente dos usuários. “Estimular esta mentalidade entre os jovens é uma ferramenta poderosa para levar à mudança”, defende.
Apesar de ter aumentado o número de debates que levantam essa problemática, há ainda pouca adesão da geração Y brasileira para o diálogo. Este é o ponto de vista do mestre em Sociologia e consultor em educação para segurança no trânsito Eduardo Biavati. Para ele, a realidade do Brasil está distante do retrato desenhado por pesquisas que revelam a inclinação dos jovens em, por exemplo, se desvencilhar dos automóveis e apostar no compartilhamento de veículos.
“Este movimento global ainda é restrito à classe média-alta, com amplo acesso à cultura e à informação. Para a maioria dos jovens brasileiros, o sonho do carro ainda permanece vivo, já que o acesso a um veículo e outros bens nunca foi fácil”, contrapõe.
Para o especialista em trânsito e coordenador da comissão consultiva em avaliação psicológica do Conselho Federal de Psicologia, João Alchieri, as raízes socioeconômicas deste fenômeno encontram amparo no imaginário do jovem. “Este apelo consumista da mocidade brasileira também reflete a retração econômica vivida pela geração anterior à deles. Assim, o veículo é entendido como um bem potencial que agrega valor à imagem do jovem, que tem uma necessidade constante de construir sua identidade”, esclarece.
Para Alchieri, os resultados desta ânsia pela motorização devem ainda auxiliar a construção de indicadores mais precisos e atualizados, que mobilizem a sociedade para a importância deste cenário que está em construção. Ele lembra ainda que, por estar mais propenso a aceitar provocações no trânsito, brecar e acelerar com mais vigor, o jovem se enquadra como uma presa fácil do trânsito. “A tipologia de acidente varia conforme a idade. É mais comum, por exemplo, que a juventude se envolva em colisões frontais e capotamentos”, avalia.
Por conta desse comportamento, o Mapa da Violência Os Jovens do Brasil aponta um aumento de 38,3% no número de mortes por acidentes de trânsito entre jovens (considerados pela pesquisa como aqueles na faixa dos 15 aos 29 anos), entre 2002 e 2012.
“Os jovens gostam de emoção e por isso sempre correm mais do que necessário, por isso se envolvem em tantos acidentes”. A frase é do técnico em aparelhos telefônicos Fábio Melo, 26 anos, que está se recuperando dos ferimentos de um acidente de trânsito ocorrido há 20 dias.
Segundo ele, o motivo do acidente foi a falta de atenção do outro veículo que não respeitou o sinal de trânsito. “Eu estava com minha moto subindo uma avenida preferencial, e um carro não parou no “pare”, eu bati no veículo e cai de cara numa placa, resultado foi que fraturei meu nariz”, conta.
Esse é o segundo incidente de Fábio este ano. No mês de abril, ele também ficou bastante ferido depois de cair da sua moto, mais uma vez se envolvendo com outro veículo. Para Fábio Melo, os motoristas não respeitam as leis de trânsito e os jovens muito menos. Ele também acredita que os motociclistas sofrem muitos acidentes, porque os demais não respeitam essa categoria.
EDUCAÇÃO
Mestre em Sociologia e consultor em educação para segurança no trânsito, Eduardo Biavati vê com cautela a motorização do País. “Esses altos índices de acidentes nos fazem refletir até que ponto temos acionado ferramentas para preveni-los. O potencial da educação não está sendo usado em sua totalidade e apropriadamente, mas terá que ser, pois não há meios que possam compensar a sua falta. Só assim é possível engajar o jovem”, avalia.
Para ilustrar a influência da educação neste processo, ele cita o projeto Michelin Best Drive, desenvolvido em 2014 com foco no público universitário. “Colocamos um aparelho de rastreamento nos veículos conduzidos pelos participantes para registrar o desempenho que tiveram durante trajetos diários. Por meio de uma experiência prática, eles puderam reconhecer os próprios erros ao dirigir”, sintetiza.
Para ele, lançar mão de estratégias envolventes também é uma alternativa para modificar alguns conceitos equivocados relacionados ao trânsito. “O trânsito é um assunto muito presente no cotidiano, mas distante da sala de aula. É comum, por exemplo, que se associe o acidente a algo inesperado, imprevisível e que foi obra do acaso. Trazer estas questões para o debate depende do sistema educacional como um todo”, argumenta.
Ambev faz campanha para consumidores beberem com inteligência
Hoje, os 32 mil funcionários da Ambev no Brasil vão visitar bares, restaurantes e supermercados para alertar consumidores e profissionais desses estabelecimentos a terem atitudes responsáveis quando forem vender ou servir bebidas alcoólicas. Só em Goiás os 980 colaboradores da companhia estarão envolvidos na ação e mais de 31.800 pontos de vendas serão visitados durante o mês de setembro. A mobilização faz parte da sétima edição do Dia de Responsa, data criada para reforçar o compromisso da cervejaria com a promoção do consumo responsável. Além dos bares, restaurantes e supermercados, a Ambev vai mobilizar uma ampla rede de parceiros para reforçar e disseminar mensagens sobre a importância de cumprir a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, de não consumir em excesso ou associado à direção.
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