O que diz o Ibope

Ulisses Aesse está sempre à frente dos seus pares, por sentir e verbalizar o que outros podem até sentir, mas demoram a processar. Em sua coluna do dia 28 escreveu: “A campanha eleitoral está sendo tomada por pesquisas. Muitas delas sem credibilidade…” Esclarecedor para o público, principalmente no momento que se avizinha as eleições. Poucos têm coragem de botar o dedo nesta ferida. Mais à frente, o repórter repercute o que a imprensa vem alardeando, a propósito dos policiais candidatos em Goiânia: “O eleitor brasileiro, na maioria das capitais, só tem tido uma preocupação: a saúde, segundo revela pesquisa do Ibope.” Este assunto tem sido manchete em vários jornais locais. Recorri ao site do instituto para ver a tal pesquisa.

A primeira percepção que se pode apurar da pesquisa é que ela se concentrou na apuração qualitativa da percepção das pessoas com relação a cada assunto apresentado. De pronto, percebe-se que “melhoria na saúde” foi um ítem mencionado por 55% dos entrevistados em 2012, 49% em 2013 e 51% em 2014. Há uma margem de erro considerada em 2%. Variação de 4% para menos entre 2012 e 2014 no quesito melhoria da saúde.

No ítem “combater à violência e a criminalidade” os números para 2012, 2013 e 2014 são: 30%, 31% e 29%. A variação aqui, portanto, está dentro da margem de erros, 2% para mais ou para menos. Há uma observação não divulgada, de que tal pesquisa teve por referência um segundo mandato do governo Dilma, o que implica dizer que não está devidamente conformado com a atual campanha. Outra questão importante é notar que, no quesito saúde, os números tendem a queda, enquanto na segurança parecem estabilizados.

Ao aprofundar um pouco mais nos dados percebe-se no holl de “principais Problemas”, taxados de extremamente graves, Drogas ocupando o primeiro lugar com 67%; Em segundo vem segurança com 64%; em seguida corrupção com 62% e só em quarto vem saúde com 58%. Considerando que Droga é um assunto tanto de saúde quanto de segurança, não seria demais dizer, com base nesta informação, que Segurança era, em 2014, a maior preocupação do eleitor embora o governo Federal teime em ignorar o assunto. Estes dados publicados em fevereiro de 2015, podem ser conferidos no endereço eletrônico do IBOPE em http://www.ibopeinteligencia. com/arquivos/antigos/RSB%2022%20-%20Problemas%20e%20prioridades.pdf

Há ainda uma pesquisa mais atualizada no site da Confederação Nacional da Indústria e que pode ser conferida em http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/cni_estatistica_2/2016/01/26/203/RetratosDaSociedadeBrasileira_28_ProblemasePrioridadespara2016.pdf                que diz mais ou menos a mesma coisa. Os números lá são: 1. Principais problemas do Brasil: para 65% dos entrevistados, Corrupção; 61% Drogas e 57% violência. 2. O ranking das respostas fica assim: 65% Corrupção, 61% drogas, 57% violência, 51% impunidade e 50% saúde. Se considerarmos que drogas, violência e impunidade nada mais é que segurança, a saúde perde feio.

O Ibope tem sido uma instituição respeitada por seus resultados, mas é preciso notar que uma mesma pesquisa pode servir a propósitos diversos. Ter uma observação critica, como ensinou o Jornalista Ulisses Aesse é que nos salvará dos enganos e da má fé. Mesmo sendo respeitado, o Ibope não passa incólome às suspeitas. Agora mesmo a candidata por São Paulo Marta Suplicy o acusa de pesquisa direcionada para favorecer o candidato João Dória. Como? Segundo ela na pesquisa do Instituto 33% dos entrevistados tinham curso superior e que este índice não chega a 22.9% da população, o que falsearia os resultados.

Replicando meu amigo Ulisses Aesse: É bom o eleitor prestar bastante atenção para não ser manipulado.

(Avelar Lopes de Viveiros, coronel RR da PMGO)