Opinião

Segurança pública e demagogia eleitoral

Diário da Manhã

Publicado em 2 de setembro de 2016 às 02:57 | Atualizado há 8 anos

Como previ em artigo anterior, publicado aqui dias atrás, segurança pública é o tema principal desta campanha eleitoral. Que trânsito congestionado que nada! Que transporte público que nada! Que limpeza pública que nada! Danem-se os crônicos problemas urbanísticos de Goiânia a exigir urgentes soluções. Todos os candidatos querem restabelecer a segurança pública, como se isto fosse atribuição do prefeito, como se a prefeitura dispusesse de meios legais e recursos financeiros para isso. Justiça se faça a Vanderlan Cardoso: foi o único a propor algo razoável. Ele quer espalhar câmaras de monitoramento. Está consciente de que tudo que a prefeitura pode fazer é atuar supletivamente, ajudando as polícias.

Iris Rezende Machado, como sempre, retornou ao seu habitual populismo demagógico. Em seu programa de TV, explorou de forma absolutamente tendenciosa a questão da Segurança Pública. Contracenando com atores que faziam o papel de “povo”, o ex-tudo da polícia goiana começa, como sempre, pela análise do problema para, em seguida, apresentar a solução.

A análise é furada, falsa. Iris sustenta que não há mais segurança em Goiânia. Estamos, segundo ele, entregues à sanha da bandidagem. Temos que nos trancar em casa porque os facínoras estão à espreita em cada esquina. Ele anuncia aos berros um incêndio que não há para vender seu extintor de incêndio que, vai ver, nem funciona direito.

A proposta de Iris é reforçar a guarda metropolitana – uma coisa equivocada que tem que ser repensada -, transformando-a em mais uma polícia. Prefeitos não podem ter uma polícia própria, muito embora este seja o sonho de todos eles. Mas o ridículo não para aí. Iris afirma que, eleito, vai cobrar do governador do Estado providências. Ele que, quando prefeito, não teve peito para desafiar Marconi na questão do transporte público, que ele prometera levianamente solucionará em seis meses, acha que poderá cobrar alguma coisa do governo do Estado.

Primeiro: o diagnóstico de Iris está errado. Goiânia não está à mercê da bandidagem. A criminalidade está sob controle, graças sobretudo aos esforços ingentes do secretário José Eliton e, claro, à ação cada vez mais eficiente de nossas forças policiai, que Iris insulta ao afirmar que estamos mergulhados no caos. Mas Iris é o tipo de pessoa que jamais terá a grandeza de reconhecer méritos em qualquer um que não se chame Iris Rezende. Eu poderia trazer aqui uma pletora de dados e informações que desmentem o catastrofismo de ocasião do candidato peemedebista.

Mas é perda de tempo. Quem não tem probidade intelectual para debater seriamente em cima de fatos conhecidos e provados, preferindo frases de efeito à verdade objetiva, não se importa com os fatos. Se os fatos o contradizem, pior para os fatos.

Segundo: Iris não precisa esperar ser eleito para cobrar providências. Como qualquer cidadão, ele pode cobrá-las agora mesmo. Ele, por certo, conhece o caminho da Secretaria de Segurança Pública. Mas a questão não é cobrar. Iris é o tipo de opositor que não faz crítica racional. Compara-se na abjeção de reduzir tudo ao nada. Não tem capacidade para identificar problemas. Ele não é capaz de indicar uma única falha na atual gestão da política de segurança pública. Eor não ser capaz disso, não tem capacidade para formular alternativas, apontar soluções.

Aí vemos o candidato a vice-prefeito, o major Araújo, que entende lhufas de segurança pública apesar de ser oficial da PM. Ele diz, na linha catastrofista de Iris, que Goiânia é a 4ª capital mais violenta do Brasil e está entre as 30 mais violentas do mundo. Não indica as fontes desta informação, a fim de que possamos verificá-las. Esses rankings, de resto, são altamente criticáveis, pois os critérios das coletas e análises de estáticas são geralmente subjetivos, unilaterais e arbitrários.

 

Helvécio Cardoso, jornalista

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