Cotidiano

Biópsia líquida contra o câncer

Diário da Manhã

Publicado em 23 de agosto de 2016 às 03:03 | Atualizado há 8 anos

É possível ainda antecipar o diagnóstico de alguma mutação e medicamento com melhor resultado

Estudos científicos descobriram que as células cancerosas de tumores deixam rastros e sinais no sangue. Mas, por meio de uma técnica simples e eficiente, foi desenvolvido um exame que promete revolucionar o diagnóstico e o tratamento do câncer – a “biópsia líquida”: um método minimamente invasivo que permite a identificação do grau do câncer, a regressão ou o aumento, ou seja, com a biópsia líquida é possível detectar mutações no momento em que elas surgem. Com ela, o oncologista clínico tem informações personalizadas sobre seus pacientes, podendo direcionar a abordagem terapêutica mais adequada para cada situação.

A dificuldade de acessar as diferentes populações de células tumorais por biópsia convencional é um dos maiores desafios no cuidado contínuo e monitoramento do câncer. O método, que identifica células tumorais no sangue ou até mesmo o DNA destas células, pode auxiliar os médicos a caracterizar o tumor e determinar o melhor caminho para o tratamento sem que o paciente sofra tanto no organismo.

“A questão é que os tumores podem desaparecer e voltar em outro órgão. Daí, fazer a biópsia convencional leva a uma série de processos e acarreta sofrimento ao paciente como todos já sabem. Ao invés de tratarmos a doença de modo convencional, queremos facilitar o tratamento para o doente. A eficácia da biópsia líquida é de 80%”, enfatiza o médico Mariano Zalis.

A técnica desenvolvida nos Estados Unidos chegou ao Brasil. O exame foi desenvolvido no País pela Progenética Hermes Pardini. Em Goiânia, o exame é feito pelo Laboratório Padrão. Em Goiás, a população já pode realizar o exame. O teste está disponível para câncer de pulmão, colorretal e melanoma, mas a expectativa é de que o exame seja usado para outros tipos de tumores sólidos. No início de junho, os laboratórios apresentaram os resultados de um trabalho realizado com a biópsia líquida em 15 mil pacientes, evidenciando a eficiência da técnica para detecção e monitoramento da doença.

“Muitas vezes é possível obter uma qualidade melhor no resultado por meio da biópsia líquida, pois se trata de um exame que não demanda presença de um cirurgião, não requer anestesia e oferece um custo inferior ao processo tradicional”, explica Mariano Zalis.

A biópsia líquida é capaz de impedir a evolução da doença, antes mesmo dos exames de imagem ou do surgimento de sintomas clínicos. O teste consegue, ainda, identificar se o tumor está desenvolvendo qualquer mutação ou resistência ao tratamento. “Ele ajuda a detectar metástases e reincidência do tumor. É um método fácil e de grande eficácia”, garante o médico.

Segundo o especialista, o tumor vascularizado entra em contato com a corrente sanguínea e as células mortas colocam no sangue o DNA tumoral. “A ideia da biópsia líquida consiste na coleta e análise de uma amostra de sangue, de onde se extrai o DNA do plasma e por meio de um teste genético é possível descobrir mutações no gene”, explica Zalis.

O teste é revolucionário e tem suas vantagens. O médico Mariano Zalis explica que “a principal vantagem do teste é a possibilidade de monitorar a doença por meio de um método que reconhece as características moleculares do câncer, especialmente em diferentes momentos da evolução da doença. Isso permite aos médicos fazer as recomendações terapêuticas personalizadas para as especificidades do paciente”.

A objetivo é que pacientes que fazem o tratamento pelo método da biópsia líquida tenham uma sobrevida maior do que os que fazem com a convencional. Ainda é possível que o exame possa identificar a presença e o tipo do tumor antes que ele apareça nos exames convencionais de imagem. “Com a biópsia líquida é possível monitorar o paciente para verificar o aparecimento de algum tipo de modificação genética desse câncer. Como é um procedimento simples, ele permite a coleta em períodos mais frequentes do que a biópsia tradicional de quimioterapia. É possível antecipar o diagnóstico de alguma mutação ou perceber a resistência a determinado medicamento e, com isso, prever a mudança do tratamento”, afirma Mariano Zalis.

 

EFICÁCIA DA BIÓPSIA LÍQUIDA:

 

  • Método minimamente invasivo: análise realizada em amostra de sangue periférico.
  • Sensibilidade e assertividade: permite a identificação de mutações no momento em que elas surgem.
  • Tratamento personalizado: auxílio na escolha do medicamento com melhor resposta de acordo com o estudo individualizado do gene.
  • Acompanhamento contínuo: pode ser aplicado, além da detecção inicial do tumor, durante o prognóstico e o monitoramento da resposta ao tratamento.
  • Maior disponibilidade de amostra: pode ser usado em casos de esgotamento de material ou baixa porcentagem de células viáveis na amostra tumoral sólida em bloco de parafina.
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