Brasil Central contra crime organizado nas fronteiras
Diário da Manhã
Publicado em 19 de agosto de 2016 às 23:03 | Atualizado há 8 anosOs Estados do Brasil Central decidiram não esperar mais pelo apoio do governo federal, que não participa das políticas regionais de segurança pública, e decidiram se articular contra o crime organizado nas fronteiras e divisas de seus territórios. O combate às organizações criminosas que atuam nas fronteiras e divisas dos Estados que compõem o Consórcio Brasil Central, presidido pelo governador Marconi Perillo, foi o principal tema dos debates e medidas do 4.º fórum do bloco em 2016, realizado ontem em Bonito (MS).
Por sugestão de Marconi, os governadores determinaram que as forças de segurança locais promovam, por meio do Pacto Integrador de Segurança Pública Estadual, o mapeamento da atuação das quadrilhas que atuam na região. O Fórum de Bonito também foi marcado pelo pedido formal de adesão do Maranhão ao Consórcio Brasil Central. O encontro reuniu os governadores de Goiás, Marconi Perillo, presidente do Consórcio e os governadores Reinado Azambuja (MS), Flávio Dino (MA), Pedro Taques (MS), Marcelo Miranda (TO) e contou com a participação de um representante do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Na abertura da plenária dos governadores foi apresentado pelo secretário de Segurança Pública de Goiás, o vice-governador José Eliton, um vídeo sobre o Pacto Integrador de Segurança Pública Estadual – ele é coordenador regional das ações. O Pacto conta com comitês de inteligência, análise criminal, planejamento e ações integradas. O objetivo é o combate articulado, inteligente e estratégico das organizações criminosas que atuam dentro e fora do sistema prisional.
Três Estados do Brasil Central têm uma longa área de fronteira com países latino-americanos, através das quais trafegam armas e drogas. Rondônia e Mato Grosso são áreas fronteiriças com a Bolívia, assim como o Mato Grosso do Sul, que tem o Paraguai como vizinho do Brasil. Os Estados integrantes do Pacto já estão realizando ações conjuntas na área de inteligência, cadastros de criminosos e operações estratégicas de combate ao crime organizado.
Os crimes mais comuns são narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpo ilegais. Recentemente, houve as policias de Goiás e do Tocantins atuaram em operações de combate ao chamado “novo cangaço” em três municípios dos dois Estados.
Na avaliação dos governadores, o Pacto é estratégico para o enfrentamento à violência nos Estados, principalmente em função da tímida participação da União no custeio da Segurança Pública. Os governadores de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins e Rondônia aprovaram a Carta de Bonito, que será encaminhada ao presidente Michel Temer, ao presidente do Senado, da Câmara dos Deputados e às autoridades federais de Segurança Pública.
Dez Estados aderem a Pacto Integrador
As medidas de enfrente ao crime organizado nos Estados do Brasil Central, reunidas na Carta de Bonito, assinada ontem durante a 4ª reunião do bloco em 2016, foram endossadas também por Minas Gerais, Amazonas e Bahia. As administrações estaduais assinaram a carta, que será encaminhada ao presidente interino Michel Temer, ao presidente do Senado, Renan Calheiros, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e às autoridades federais de Segurança Pública.
Também manifestaram interesse em integrar o Pacto Integrador de Segurança Pública Estadual os Estados do Pará e Piauí. Coube ao secretário de Segurança Pública de Goiás, vice-governador José Eliton, apresentar as principais diretrizes do Pacto, na abertura do encontro dos governadores. Segundo José Eliton, o combate à criminalidade não será eficaz se não for possível valorizar a atividade policial.
Antes de iniciar os debates, os governadores tiveram um encontro reservado entre eles, no Hotel Wetiga, na cidade de Bonito (MS), local da da reunião. Eles acordaram também que vão intensificar a ação política em defesa da criação do Ministério da Segurança Pública e que a União intensifique ações de combate ao crime organizado nas fronteiras do Brasil, com foco principalmente para o tráfico de drogas.
Na pauta de Bonito, os governadores do Brasil Central referendaram Acordo de Cooperação para o Pacto Estadual de Segurança Pública Integrada, a criação de uma política de atração de Parcerias Público Privadas (PPPs) e um Projeto de Integração e Promoção de Turismo na região.
Também foram abordados outros temas estratégicos como previdência complementar, reforma do Estado, experiências inovadoras de programas de Saúde, como destaque a Caravana da Saúde, realizada por Mato Grosso do Sul e a integração ferroviária dos estados integrantes do Fórum.
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