Cotidiano

Goiânia quer afastamento definitivo de Dilma

Diário da Manhã

Publicado em 6 de agosto de 2016 às 03:28 | Atualizado há 5 dias

Qual a opinião do goianiense sobre o julgamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado? Salvo acidente de percurso, o Senado deverá julgar, afora em agosto, a presidente Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade. Se for julgada culpada, será destituída do cargo, afastada em definitivo da presidência da República.

Apesar da massiva promoção dos jogos olímpicos – não se fala de outra coisa nos jornais e na TV -, a questão política atrai o interesse dos habitantes da capital goiana. O Instituto Verus quis saber o que acha o goianiense do afastamento em definitivo da presidente eleita. 69,2% são a favor da destituição de Dilma Rousseff e a cassação de seus direitos políticos. É o que constatou a pesquisa feita com exclusividade para o Diário da Manhã. O instituto fez uma sondagem do humor do goianiense não só a respeito do julgamento de Dilma como também sobre outros temas polêmicos.

O instituto usou metodologia do tipo quantitativa, com amostragem por cotas proporcionais a sexo, faixa etária e região de moradia no município de Goânia. Foram ouvidas pessoas acima de 18 anos e residentes em Goiânia há, pelo menos, mais de um ano. Os dados foram coletados entre 23 de julho a 2 de agosto do ano em curso.

Segundo Luiz Felipe Gabriel, presidente do Instituto Verus, o trabalho de campo foi realizado por coletadores especialmente treinados para este estudo. 30% de todo o material obtido foi submetido a fiscalização e checagem junto ao próprio entrevistado. A amostra é bem representativa do universo pesquisado. Foram 600 entrevistas, determinado margem de erro de 4,1% para baixo ou para cima.

Segundo o presidente do Verus, a margem de erro tende a se estreitar à medida que os resultados apresentam frequências maiores ou menores. “O instrumento de coleta de dados foi do tipo estruturado com questões fechadas, sendo toda aplicação dos mesmos supervisionada por fiscais de campo e coordenadores”, explica.

A distribuição dos entrevistados por sexo, idade e local de moradia foi proporcional aos dados demográficos disponibilizados pelo IBGE. Há uma rápida preponderância da população feminina sobre a masculina. Por faixa etária, 29% da população está entre 35 a 49 anos, e 26,2% situa-se na faixa acima dos 50 anos. Os mais jovens, entre 18 a 24 anos, representam 18,5% da população.

Minorias

Segundo Verus, apenas 23,8% dos goianienses são contrários ao afastamento de Dilma. Para 5,7% dos entrevistados, tanto faz. 1,3% dos goianienses não sabe responder. A pesquisa indica que Dilma está mais prestigiada pelos homens do que pelas mulheres. 25,1% dos homens são contra a deposição; contra 22,7% de mulheres.

Por faixa de idade, a opinião favorável à destituição é esmagadora, com pouca discrepância. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 67,3% são favoráveis ao afastamento; na faixa dos 25 aos 34 anos, a torcida contra Dilma é ainda maior: 71,9%; pessoas entre 35 e 49 somam 70,5% a favor; os maiores de 50 a favor da cassação constituem 66,2%.

O grau de instrução parece não ser determinante na opinião dos entrevistados. Foram ouvidas pessoas com grau de instrução fundamental, médio e superior. Entre os que são contra destituir a presidente, os índices oscilam entre 22,6% a 25,5 %. Os que são contra somam 65,1% entre os que têm formação fundamental; 71,9% para médio; 69,2% dos que têm formação superior querem a destituição de Dilma.

Entre os ricos, a opinião favorável à cassação de Dilma é avassaladora. Na classe A, 73% dos entrevistados querem Dilma fora. Na classe D, apenas 63% são a favor. A tendência se inverte no quesito “contra”. Na classe C, 29% são contra afastar Dilma. Na classe C, temos 24% querendo que ela permaneça. Na classe B Dilma tem o apoio de 23%. Na burguesia, somente 18,9% são contra a sua destituição.

Resumindo, sem entrar no assim chamado mérito da questão, e sem indagar das razões de cada um para ser contra ou pró Dilma, ou ficar indiferente, o fato é que, de acordo com a amostragem, a maioria esmagadora da população quer mesmo o afastamento da presidente eleita pelo voto livre do povo brasileiro nas últimas eleições, sobre quem pesa a acusação, meio canhestra, de ter feito umas tais pedaladas fiscais. Verus não pesquisou se os que julgam a presidente, a favor ou contra, tem alguma compreensão da denúncia que pesa contra ela.

 

O goianiense e as Olimpíadas

Luiz Felipe Gabriel,Instituto Verus

O Instituto Verus vem realizando estudos de comportamento do brasileiro, especialmente aqui no Centro-Oeste, no Norte e Nordeste do País nos últimos cinco anos. Temas como a participação dos eleitores nas redes sociais, opinião diante de temas polêmicos e assuntos emergentes da pauta social das nossas grandes cidades são o objeto de estudo deste trabalho. Após a divulgação da pesquisa, os dados são disponibilizados no site do Verus e as universidades podem solicitar o banco de dados para uso acadêmico. Esta semana, o Diário da Manhã irá trazer alguns temas estudados este ano aqui em Goiânia. A divulgação da pesquisa se inicia com as Olimpíadas.

Assunto da hora

Ao avaliar a expectativa do goianiense com as Olimpíadas, devemos ter em mente o cenário econômico e político que se vive hoje no Brasil. Sem falar na Copa do Mundo, quando o brasileiro já estava de mau humor, a presidente não podia fazer aparições públicas sem ser vaiada e as denúncias de superfaturamento nas obras dos estádios estavam nas manchetes dos jornais. Ao final do evento, o saldo para o País parece não ter sido muito bom. Fala-se mais dos estádios inúteis, dos bilhões jogados fora, e pouco se fala das obras de infraestrutura que, prontas ou não, vão interferir positivamente no dia a dia das pessoas quando estiverem em pleno funcionamento. O momento é ruim.

O goianiense está de mau humor, como a maioria dos brasileiros. Vê a Olimpíada como mais um sumidouro de dinheiro público e se diz pouco interessado no evento. O prejuízo ao País é visto claramente todos os dias nos jornais, seja em obras superfaturadas e malfeitas, seja no prejuízo à imagem internacional. Como na Copa do Mundo, apesar dos alardes, as competições acontecerão, os vencedores serão premiados com a magia das medalhas olímpicas, histórias de heróis serão contadas e os humores podem ser amenizados no decorrer das próximas semanas. O povo brasileiro não merece passar vexame e acredito, sinceramente, que não será o caso. Há que se ver a postura dos nossos governantes, não defendendo o indefensável, mas não abaixando a cabeça, num equilíbrio tênue.

Analisando a pesquisa publicada ontem, é interessante observar que, apesar das opiniões não serem divergentes, são os mais velhos, com 50 anos ou mais, assim como as classes mais altas, o público mais interessado no evento. Em contrapartida, as classes mais baixas e menos instruídas, mesmo com algum interesse pelo evento, são mais convictas de que os prejuízos vão superar os benefícios ao País. Talvez não consigam entender a dimensão e o alcance do evento. Ou, não conseguem entender por que lhes falta escola de qualidade, atendimento médico e não falta dinheiro para eventos grandiosos.

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