Caldeirão brasileiro
Redação
Publicado em 6 de agosto de 2016 às 03:25 | Atualizado há 8 anosSamba de raiz, música de protesto, dança do passinho e até festa de aparelhagem. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 trouxe ritmos variados e bem brasileiros para embalar uma longa noite de celebrações. Veteranos como Elza Soares, Jorge Ben Jor e Paulinho da Viola dividiram o palco com nomes da nova geração, como Ludmilla, MC Soffia e Gang do Eletro.
A noite no Maracanã começou com a voz de Luiz Melodia interpretando “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, enquanto um vídeo passava nos telões com vistas da cidade Olímpica do Rio de Janeiro. Depois, na contagem regressiva, veio uma versão contemporânea de “Samba de Verão”, de Marcos Valle, acompanhando uma coreografia com mil pessoas que manipulavam grandes infláveis metalizados.
O Hino Nacional foi cantado por Paulinho da Viola, que começou de um jeito bem solene e escapou para um sambinha antes de finalizar com uma pequena orquestra de câmara com nove cordas, como baixo, viola e violino.
Um rearranjo de “Toada e Desafio”, de Capiba, toca quando o mar do Rio avança pelo Maracanã, numa imensa projeção seguida por um vídeo da artista Susi Sie com imagens que lembram microorganismos, referência ao começo da vida.
Em “Pindorama”, o segmento em que índios dançam com grandes telas de elásticos, surgiu uma peça composta por Beto, Antonio e duas convidadas, Renata Rosa e Marlui Miranda, uma das maiores autoridades em pesquisa de música indígena no país.
Uma versão instrumental de “Construção”, de Chico Buarque, impulsionou os atletas que pularam de prédio em prédio numa gigantesca projeção no palco do estádio, enquanto “Samba do Avião”, de Tom Jobim, ajudou a decolar o 14 Bis de Santos Dumont e acompanhou sua viagem noturna pelo Rio. Daniel Jobim, instrumentista neto do maestro Tom, apareceu num piano na Cidade das Caixas para “Garota de Ipanema”, embalando os passos de Gisele Bündchen.
Na sequência, Ludmilla puxou o “Rap da Felicidade”, um hino das favelas cariocas, convidando uma série de artistas para rápidas apresentações. Elza Soares interpretou “Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, e Zeca Pagodinho cantou “Deixa a Vida me Levar”, com Marcelo D2 fazendo versos por cima. A música de protesto veio das rappers MC Soffia, de apenas 12 anos, e Karol Conka, que escreveram a canção inédita “Toquem os Tambores”.
A letra passou nos telões do Maracanã para todos acompanharem. Em seguida, o palco ficou tenso com a entrada de maracatus, espadas de fogo e bate-bolas ao som de uma trilha original que Beto e Antônio fizeram com alfaias, gonguês e efeitos sonoros. O grupo Gang do Eletro, vindo diretamente das festas de aparelhagem de Belém, trouxe seu treme-treme para o estádio com a música “Velocidade do Eletro”, agitando uma coreografia gigantesca de 1.500 pessoas.
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