As plantas do Cerrado que curam
Diário da Manhã
Publicado em 7 de julho de 2016 às 02:41 | Atualizado há 2 semanasO bioma Cerrado mostra toda sua riqueza botânica em Goiás, através das plantas medicinais, inclusive as que contribuem para a cura do câncer, da diabetes, da hipertensão arterial e da impotência sexual.
Os pesquisadores João Carlos Mohn Nogueira, da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agrícola (Emater-Goiás), e José Garcia de Jesus, da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), levantaram 189 plantas medicinais de todas as regiões goianas, constantes de 39 municípios. Com esse trabalho inédito, a ideia é resgatar o conhecimento do uso das plantas medicinais mais empregadas por essas comunidades.
Foi colhido material da maioria das plantas para identificação botânica. Um questionário foi elaborado pelos pesquisadores, os engenheiros agrônomos com mestrado e seu colega com doutorado. E respondidos pelos diferentes agentes de saúde, benzedeiras, raizeiros, fazedores de garrafadas, vaqueiros, parteiras, enfermeiras, entre outros. Foram usadas 112 plantas, das quais 96 identificadas botanicamente. “Nem todas as 189 plantas medicinais são do bioma Cerrado, mas algumas foram adaptadas e hoje bastante cultivadas”, como é o caso do abacate, do mamão e outras espécies, faz questão de apontar o pesquisador João Carlos Mohn.
A conclusão dos trabalhos indicou como as mais usadas pelas comunidades: erva-cidreira, sabugueiro, algodãozinho, hortelã, quebra-pedra, alecrim, alfavaca, arruda, romã e poejo. São usados como chá, xarope ou em pó como calmantes, digestivos, resfriados, tosse, infecções, vermífugos, digestivos, entre outras funções. O uso de ervas para amenizar ou tratar moléstias tornou-se uma prática comum desde a pré-história. Claro, de forma empírica e intuitiva, segundo autores como Van der Berg. O povo chinês reconhece a importância das plantas medicinais há mais de 3 mil anos.
João Mohn lembra que os índios brasileiros sempre utilizaram também das plantas medicinais para a cura de doenças. “Os africanos e europeus enriqueceram o continente com a introdução de novas plantas na nossa flora medicinal”, relata baseado em estudos. A evolução da medicina, da farmácia e da química, no entanto, criaram os medicamentos sintéticos ou alopáticos. Com essa nova realidade, contribui para o progressivo abandono do uso das plantas medicinais.
Plantas são adequadas para inúmeros tratamentos
Foram relacionados pelos pesquisadores João Mohn, da Emater, e José Jesus, da UFG, as seguintes plantas e suas indicações medicinais. Eles fazem uma observação. Dessa relação, algumas foram cultivadas e adaptadas ao bioma Cerrado: abacate, indicado para infecção dos rins. O fruto entrou na relação porque se adaptou ao solo do Cerrado. Abóbora, as sementes servem como vermífugo. Açafrão, o rizoma na condição de chá é antialérgico. Agrião, a planta é indicada para infecção da garganta. Alecrim, digestivo, calmante, gripes e problemas cardíacos. Alecrim do Cerrado, suas folhas são indicadas para os casos de desidratação. Alfavaca, suas folhas podem ser utilizadas no combate às febres e resfriados.
Algodão, suas folhas dão chá e são valiosos nos casos de intoxicação e infecção do útero. Algodãozinho do Cerrado, infecção do útero e ovário, depurativo do sangue. Alho, hipertensão arterial e antigripal. Amora, hipertensão arterial. Anador, analgésico e antitérmico. Anileira, infecção renal. Arnica, ferimentos, cólica menstrual, hematomas. Aroeirinha do campo, anti-inflamatória. Arruda, conjuntivite, vermífugo, constipação. Assa-peixe, antigripal, pneumonia, tosse e expectorante.
Babosa, as folhas em forma de comprimidos evitam queda de cabelos e cicatrizante contra queimadura. Barbatimão, infecção e cicatrizante. Beldrega, calmante e infecção urinária. Boldo do reino, Boldo de Goiás, dor de cabeça, vômito, má digestão. Bico do papagaio, o chá de suas folhas é antiinflamatório e cicatrizante.
Picada de cobra
Cagaita, hipertensão arterial. Cajazeiro do Mato, calmante e hipertensão arterial. Camomila, dores de cabeça e má digestão. Cana do brejo, diurético, dores de cabeça. Cana caiana, hipertensão arterial. Canela de perdiz, depurativo do sangue. Cana de macaco, o suco fresco de seu caule é diurético e indicado ainda como cicatrizante. Cansanção, urtiga, depurativo do sangue. Capim amargoso, cicatrizante. Capim cidreira, antigripal, antitérmico, calmante, hipertensão arterial. Capim pé de galinha, picada de abelha e pneumonia. Carambola, antitérmico, hipertensão arterial e diabetes. Carapiá, expectorante e antigripal. Carobinha, depurativo de sangue. Carqueja, problemas renais, fígado e vesícula. Carrapichinho, problemas renais e urinários, ferimentos infeccionados. Cereja, diurético. Chapéu de couro, infecção no útero e ovário.
Chichá, como infusão é usada na picada de cobra. Chuchu, adaptado ao Cerrado e cultivado, hipertensão arterial, picada de insetos, colocando a folha. Cigano, depurativo do sangue. Cipó Milomem, azia, má digestão, diabetes e depurativo do sangue. Cipó cobra, o sumo do seu caule é indicado picada de cobra. Coco da Bahia, a água constitui um vermífugo. Coentro, calmante, cólica de recém nascidos, insônia, infecção de garganta, vômitos. Congonha do campo, o chá da casca é indicado à obesidade, infecção nos rins, problemas de coluna, cardíacos, depurativo no sangue, reumatismo e hipertensão arterial. Couve, anemia.
Douradinha, da folha se faz um chá, indicado às pessoas diuréticas.
Erva de bicho, hemorróidas, diurética. Erva cidreira, calmante, antigripal, hipertensão arterial. Erva doce ou funcho, desidratação, gazes, vômitos e calmante. Erva de Santa Maria ou mastruz, vermífugo, fraturas, contusões, luxações e anti-inflamatórios. Espinheira santa, problemas renais. Eucalipto, produto cultivado, usado no combate à coqueluche, asma, febres, antigripal.
Fedegoso, considerado como erva invasora, como chá é usado no combate às cólicas estomacais e infecção no fígado.
Gengibre, hoje cultivado e que se adaptou ao Cerrado, é utilizado como chá para o combate à infecção de garganta, gripe e resfriado. Gervão, cólicas e infecção no fígado. Goiabeira, também cultivado em larga escala, é adstringente e combate a diarréia. Guatambu ou pereira, indicada para combater o colesterol alto, diabetes, distúrbios no fígado e à obesidade. Guiné ou tipi, cicatrizante, corrimento vaginal.
Hortelã, cultivada e adaptada ao solo dos Cerrados, é digestiva, calmante, e ajuda no combate às gripes, vômitos, resfriados e antiinflamatório.
Imburana, como infusão boa para as dores musculares e pneumonia.
Juá, planta invasora, como unguento é indicada para caroços e furúnculos. Jequitibá, a casca do caule pode ser usada como chá na infecção de ovário, útero e outros males. Jurubeba, comido o fruto é estimulante do fígado e da má digestão.
Laranja, seu uso como chá é considerado analgésico, e combate a gripe. É cultivada no Cerrado, mas não tem procedência nacional. O mesmo ocorre com a lima, fruta usada como infusão no combate à hipertensão arterial, calmante, digestivo e combate a gripe. O limão, gripes e resfriados, espécie que correspondeu no Cerrado. Lobeira, colesterol alto.
Mamão como xarope
Macaé, seu chá é bom para sanar problemas no estomago. Malva branca, tônico muscular e cardíaco, cólica menstrual. Mama cadela ou burerê, antiinflamatório e depurativo do sangue. Mamão, cultivo que correspondeu no Cerrado, como xarope, sua folha tem uso como combatente da tosse, bronquite, colesterol alto e na diarréia. A semente serve como vermífugo. Mamão macho, sua flor ajuda a combater o colesterol e à congestão. Mamona, sua folha e semente são usadas como óleo de rícino, ótimo laxante e combatente de furúnculos. Manacá, anti-reumático e diurético.
Mandioca, bastante cultivada no Brasil. Suas folhas podem ser transformadas em pó e indicadas para combater anemias e desnutrição. Manga, adaptada ao solo brasileiro e em particular ao Cerrado, suas folhas como chá combatem as gripes. Maracujá, suas folhas e frutos podem ser usados como suco na indicação contra a hipertensão arterial e à insônia. É uma fruteira cultivada praticamente em todas as regiões nacionais. Maracujá poc-poc, no entanto é do bioma Cerrado. Seu fruto como gargarejos são indicados às dores de dente e bom anti-micótico.
Maruleite, seu rizoma pode ser usado na forma de pó como depurativo do sangue e como lombrigueiro. Marcela e Marcelinha, suas folhas são usadas na condição de chá e combate à diarréia, cólicas e vômitos. Melão de São Caetano é uma invasora, cujas folhas dão suco fresco e combate a anemia. Mentrasto é outra invasora, cuja planta pode ser utilizada como chá e indicadas para as cólicas uterinas, menstruação difícil, diarréia, resfriado, prisão de ventre, gripe e reumatismo.
Pau D’óleo, sua seiva como ungüento é cicatrizante. Pega-pinto ou erva tostão, sua raiz pode ser utilizada como chá nas cólicas de rins. Picão preto, sua folha pode ser usada como chá e indicada para icterícia, hepatite e problemas de fígado. Pé de perdiz, a raiz dá infusão, indicada para infecção uterina, de rins e depurativo do sangue. Poejo, suas folhas dão um chá indicado para se combater gripes, dores de cabeça.
Hipertensão arterial
Quebra pedra, o chá é indicado para problemas urinários, hipertensão arterial, febre e hepatite. Quina do campo, chá abre o apetite, indicado para infecção do útero, anemia e fraqueza muscular. Quitoco, as folhas podem ser usadas como chá nas dores de cabeça e cólicas menstruais.
Rabo de égua, suas folhas podem ser usadas como compressa ou suco fresco no combate ao pano branco, mancha da pele ou micoses. Rabo de tatu, raiz indicada para má digestão, abrir o apetite e dores de cabeça, em forma de suco. Raiz de cobra, a casca do caule, transformado em xarope ou pó, limpa a pele e cicatriza. Romã, seu cultivo deu bem no Cerrado. A casca do fruto é utilizada como chá ou gargarejo nos sintomas da gripe, infecção de garganta e vermífugo.
Impotência sexual
Sabugueiro encontrou terreno sólido no Cerrado. Suas flores podem ser usadas como chá na condição de antigripal, antitérmico e nas indicações de sarampo. São José do Campo. A planta dá ótimo chá. Indicado para a tosse, bronquite, asma. Saúde da mulher, o chá de sua raiz é regulador do clico menstrual. Sete folhas, chá antiinflamatório. Sete dores ou boldo do reino, suas folhas dão chá e suco fresco. Interessante digestivo, mal funcionamento do fígado e da vesícula. É um produto cultivado e adaptado ao solo de Goiás. Sofre dos rins quem quer, suas folhas têm como forma de uso a infusão e é indicada para infecção do rim e da hipertensão. Sucupira, a semente na forma de chá ou gargarejo combate a infecção de garganta.
Tanchagem, adaptada ao Cerrado. Suas folhas dão suco e chá, indicadas para a infecção de garganta, do útero e do ovário.
Urucum, as sementes dão chá e indicado contra pneumonia.
Velame branco, o chá de sua raiz atua contra infecção de pele e é um depurativo do sangue. Vergateza, o chá do rizoma é indicado para a impotência sexual. Vick, é uma espécie de menta. Sua parte aérea dá um chá, indicado como calmante e combatente da infecção urinária. É cultivado no Cerrado.
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