Em busca de respeito e legalidade
Diário da Manhã
Publicado em 29 de junho de 2016 às 02:55 | Atualizado há 5 diasA apreensão de quatro veículos filiados ao aplicativo Uber na tarde de segunda-feira acendeu um estopim de consequências imprevisíveis. A ação dos fiscais da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, auxiliados por agentes da Guarda Civil Metropolitana, foi classificada como arbitrária, truculenta e desnecessária por motoristas e passageiros que assistiram as apreensões na porta do Goiânia Shopping.
De acordo com José Mamede, um dos líderes dos motoristas cadastrados no Uber, não havia nenhuma alteração dos parceiros e a apreensão não teve justificativa. “Estamos trabalhando de forma ordeira e decente, são pais e mães de família buscando seu sustento de maneira honesta e buscando uma legalidade que insistem em nos negar”, comentou.
A atividade dos fiscais da Seplan foi justificada pelo titular da secretaria, Sebastião Ferreira Leite, como sendo parte de uma “fiscalização de rotina” que flagrou os motoristas deixando usuários do Uber no shopping e resolveram apreendê-los porque o serviço não está regulamentado em Goiânia. “Os fiscais estavam fazendo uma atividade comum naquela região e viram os carros do Uber deixando passageiros e resolveram intervir”, explicou. Ele só não conseguiu justificar a razão inusitada dos fiscais com coletes de identificação e acompanhados de agentes da Guarda Civil Metropolitana.
Aliás, os elementos da GCM foram o centro das atenções pela truculência com que agiram para repelir a manifestação de motoristas que se formou próximo ao local onde os veículos foram apreendidos. Armados de pistolas, máquinas de choque, coletes e demonstrando disposição para agredir os manifestantes, os guardas municipais não deixaram os proprietários de carros apreendidos retirarem sequer seus pertences pessoais, não lavraram termo de apreensão dos carros e não informaram para onde os veículos foram levados.
“Esses guardas municipais agora se julgam integrantes de uma tropa de elite da Polícia Militar ou do Exército. São truculentos e se acham acima da lei com a violência com que tratam os cidadãos, não fazendo distinção entre bandido e trabalhador”, comentou um motorista que acompanhou a manifestação.
Regulamentação
Na manhã de ontem, terça-feira, os motoristas se reuniram no pátio do Hotel Confort, no Jardim Goiás, onde fica a base do aplicativo Uber em Goiânia, para ordenar suas ações visando lutar pela regulamentação. O mesmo José Mamede, que lidera um grupo expressivo de motoristas, lembrou que as conversações com a Prefeitura de Goiânia não avançaram mais porque houve uma ingerência de vereadores que não querem a legalização.
Alguns motoristas comentaram que três vereadores estão radicalmente contra a legalização do Uber em Goiânia: Anselmo Pereira (PSDB), Carlos Soares (PT) e Tatiana Lemos, que mudou sua opinião e agora é favorável. A proposta do vereador Djalma Araújo (Rede) também é criticada pelos motoristas do Uber, por beneficiar os taxistas em detrimento do aplicativo que busca ser regulamentado.
O presidente do Conselho Seccional da OAB Goiás, Lúcio Flávio de Paiva, disse que pessoalmente é favorável à regulamentação do Uber, mas que a entidade só vai tomar uma posição oficial após apreciação de processo que tramita no Conselho. “A liberdade para os motoristas do Uber trabalharem deverá ser regulamentada porque já há um apelo popular intenso por sua legalização e sua proibição é, a meu ver, uma ilegalidade”, explicou.
Estão cadastrados hoje aproximadamente 4.700 veículos no aplicativo Uber em Goiânia, que transportam em média 20.000 usuários por dia.
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