É sempre tempo para recomeçar!
Diário da Manhã
Publicado em 3 de junho de 2016 às 02:49 | Atualizado há 9 anosOs quarentões estão em alta no mercado de trabalho, inclusive como estagiários. E, felizmente, isso vem desde 2004, quando o Ministério do Trabalho divulgou que das 1.862.649 vagas abertas, àquela época, 411.925 foram ocupadas por pessoas com idades entre 40 e 49 anos. E, hoje, diante da atual geração de profissionais muito jovens, sem experiência e que não consideram a estabilidade no emprego como prioridade, várias empresas estão priorizando trabalhadores acima dos 40 anos.
No comércio varejista e atacadista, categoria de trabalhadores representada pelo nosso sindicato, a quantidade de empregados acima dos 40 anos com carteira assinada aumentou significativamente nos últimos anos. Na verdade, o número mais do que quadruplicou. Para os cargos de chefia, como coordenação, gerência e supervisão, esse porcentual é maior. As empresas estão em busca de funcionários com características comportamentais que são mais comuns a uma faixa etária com mais maturidade emocional.
Cito duas razões principais para esse crescimento na demanda do mercado de trabalho por pessoas mais idosas e, consequentemente, mais experientes: a melhoria da qualidade de vida da população, aliada à mudança de atitude dos profissionais contemporâneos. Essa fórmula tem permitido que os quarentões ou cinquentões de hoje estejam em plena forma física e intelectual, tanto quanto a dos jovens de algumas décadas atrás. Sem falar que as pessoas mais maduras têm maior responsabilidade com as tarefas, o comprometimento com os horários e, sobretudo, a preocupação de fazer uma carreira e, portanto, se manter por mais tempo na firma.
Entretanto, mesmo com a mudança de perfil de profissionais e contratantes, no atual cenário de extrema escassez de mão de obra em diversos setores, encontrar candidatos com mais idade ainda é complicado, mesmo que as exigências de qualificação sejam mínimas. Essa é uma dificuldade declarada por vários empresários, sobretudo porque a legislação não permite anúncio de vagas com distinção de características – como sexo, origem, idade, raça, estado civil ou situação familiar –, que seriam discriminatórias. Inclusive, muitas empresas têm vagas abertas há mais de ano sem candidato e que tem, como únicas exigências, que a pessoa saiba ler e escrever.
Há um tempo, falar em voltar ao mercado de trabalho após os 40 anos soava como uma missão impossível. Aos 50 anos, então, de jeito nenhum! Hoje, o mundo mudou e a sociedade teve que rever velhos conceitos: pessoas nesta faixa etária têm, sim, disposição, talento e podem muito bem conquistar, como qualquer um, seu lugar ‘ao sol’, ou melhor, no mercado de trabalho. Antes, uma pessoa com 50 anos, por exemplo, era considerada velha. Muitos se aposentavam nessa idade e a expectativa de vida era muito menor do que temos agora. Hoje, muitos ‘jovens’ de 50 anos estão voltando a estudar, prestando concursos, começando uma nova carreira, tornando-se empreendedores, e tudo isso com saúde, qualidade de vida e experiência. E que fique bem claro: muitos são mulheres, algumas delas deram um tempo em suas carreiras para cuidar dos filhos ou para se dedicar totalmente ao casamento.
Muitos, inclusive, estão investindo em uma nova carreira, deixando evidente que isso é possível após os 40 anos, principalmente agora com o empreendedorismo ou a consultoria. Até porque é sempre tempo para recomeçar!
(Eduardo Genner de Sousa Amorim, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás (Seceg) e da Federação dos Trabalhadores no Comércio nos Estados de Goiás e Tocantins (Fetracom/GO/TO) e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC)
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