Terapia intensiva PediaSuit traz ganhos
Diário da Manhã
Publicado em 26 de maio de 2016 às 02:35 | Atualizado há 9 anosAs famílias de pacientes que possuem síndromes, paralisia cerebral ou autismo enfrentam dificuldades diárias. Promover bem-estar, saúde, convívio social e diversão é um desafio diário e uma verdadeira corrida contra o tempo, pois muitas vezes essas doenças são degenerativas e vão diminuindo a qualidade de vida do paciente. O que acontece é que as terapias neurológicas convencionais – de 30 minutos duas vezes na semana geralmente –, por vezes não dão resultados substanciais e que apenas mantém o paciente estável, haja vista que 30-45 minutos duas a três vezes por semana não são suficientes para o aprendizado motor e cognitivo. mas é justamente para mudar esse cenário que surgiu o PediSuit.
Inspirado nas vestimentas de astronautas (Penguin Suit) desenvolvidos pela Rússia em 1971, o PediaSuit é uma modalidade terapêutica diferenciada, na qual o paciente é atendido por Terapia Intensiva associada à órtese corporal, que favorece o alinhamento biomecânico, a propriocepção e a reorganização músculo-articular otimizando o controle postural e a função global. O diferencial dessa modalidade é justamente o tempo de duração. O programa tem quatro horas diárias durante quatro semanas, seguido de duas semanas de manutenção com seis horas semanais. Após a manutenção, o paciente deverá voltar para a terapia intensiva por mais quatro semanas realizando os ciclos enquanto se fizer necessário.
Uma criança comum realiza cerca de oito horas diárias de atividades para aprender o que quer fazer. Brincar, correr, andar de bicicleta, tudo isso passa pelas três fases do aprendizado motor: fase cognitiva-verbal (treino mental), fase motora (teste de erro-acerto-erro-acerto) e a fase autônoma (automático). Por muitos anos não foi justo com os pacientes neurológicos, que precisam de mais treino para aprender, fazer sessões de 30 minutos duas vezes por semana. Eles precisam de reforço de aprendizagem e a duração do tratamento e sua totalidade de estímulos é que faz com que os resultados sejam mais significativos.
Acompanhamos com frequência pacientes que chegam estagnados ao Centro Goiano de Reabilitação Neurofuncional (CGRN). Crianças que estão há anos na terapia convencional e, em alguns meses, têm ganhos muito significativos como passar do andador para a bengala. Incentivamos muito os pacientes a ficarem de pé, tendo prognóstico de aprender ou não. Somos seres bípedes e direcionando os movimentos funcionais da marcha e do ortostatismo, promovemos bem-estar. Isso promove um ganho cognitivo muito grande, pois crianças que nunca balbuciaram ou emitiram som, começam a emitir sons porque estão sendo estimuladas através da mudança da forma como ela enxerga o mundo.
Longe da monotonia, outra vantagem do PediaSuit é que a convivência com paciente permite ao profissional perceber sinais de exaustão, sonolência, irritabilidade e assim podemos trocar a fase do treino, passando para uma atividade mais lúdica e menos intensa e exaustiva. Buscamos dar a oportunidade ao paciente de brincar, ficar de pé, jogar bola com o irmão.
(Silvana Batista Vasconcelos, fisioterapeuta e diretora do Centro Goiano de Reabilitação Neurofuncional)
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