Autismo: o preconceito só pode ser combatido com informação
Diário da Manhã
Publicado em 1 de maio de 2016 às 01:11 | Atualizado há 9 anosPercebemos que o assunto autismo reveste-se de uma concepção de “infelicidade” por aqueles que o desconhecem e acabam escorando-se em tabus e preconceitos, em desfavor dos indivíduos com autismo e de suas famílias.
Comprometimentos variáveis e crônicos em interação social, comunicação verbal e não verbal e interesses restritos e inflexibilidade (atividades ritualizadas e repetitivas) compõe o quadro do que se define como Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O autismo está classificado dentro dos Transtornos do Neurodesenvolvimento. O grau de gravidade varia desde pessoas que apresentam quadro leve, com total independência e discretas dificuldades de adaptação até aquelas que serão dependentes para atividades de vida diária ao longo da vida. Os sintomas que caracterizam o autismo afetam a socialização, a comunicação e o comportamento, com especial destaque para o comprometimento da interação social.
É essencial a avaliação médica especializada para o diagnóstico precoce, uma vez que o mesmo é iminentemente clínico, e a antecipação das intervenções melhora o prognóstico. O diagnóstico precoce pode ajudar os profissionais a desenvolverem tratamentos para reduzirem a frequência e a gravidade dos sintomas desse transtorno, tais como: problemas sensoriais, desenvolvimento de linguagem, programas sociais e dificuldades alimentares.
Após o diagnóstico, pais e familiares vivenciam então uma nova realidade e geralmente buscam tratamento que envolve equipe multiprofissional (médico, psicólogo comportamental, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo), a depender das necessidades de cada paciente.
Nesse ínterim, a Terapia ABA (AppliedBehaviorAnalysis), utiliza-se de métodos com fundamentos científicos para construir repertórios socialmente relevantes e reduzir repertórios problemáticos. É a forma de tratamento que possui mais investigações científicas e relatos de sucesso dentre as terapias que lidam com indivíduos diagnosticados com autismo. Os programas ABA constroem pré-requisitos de atenção e habilidades básicas de aprendizagem para que as crianças sejam capazes de aprender sem ajuda e estarem preparadas para desenvolver conhecimentos complexos.
O tema está sendo abordado no I Encontro Goiano de Autismo, que é realizado em Goiânia neste final de semana (termina neste domingo), cuja temática vai do diagnóstico ao tratamento, direitos e inclusão, possibilitando a participação de profissionais de saúde e educação, estudantes, pais e cuidadores, com o objetivo de difundir conhecimentos e informações que contribuam, inclusive, com a quebra de tabus e preconceitos.
Aos poucos, cada um fazendo a sua parte, vamos trilhando este caminho que busca a eliminação de estereótipos sociais. O preconceito só pode ser combatido com informação.
(Raquel Borges Magalhães, neuropsicóloga, psicóloga escolar e pós-graduada em Análise do Comportamento Aplicada)
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