Cultura

Redução de danos e legalização da Maconha

Diário da Manhã

Publicado em 20 de abril de 2016 às 01:57 | Atualizado há 5 dias

A data de hoje, 20 de abril, é um dia bastante representativo na luta pela descriminalização, regularização e legalização do plantio, uso e venda da cannabis, conhecida popularmente como maconha. O símbolo ‘420’ (ou 4:20, ou ainda 4/20) surgiu na Califórnia (Estados Unidos), na década de 1970, como uma referência ao horário em que estudantes, ao sair da escola, encontravam-se para fumar maconha enquanto procuravam por uma lendária plantação de maconha abandonada. Hoje, com a agregação progressiva de sentidos os números são utilizados principalmente como uma forma de identificação entre usuários e como referência à cultura canábica em geral. A escolha da data vem da grafia em inglês: 4 de abril = 4/20.

Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Nova Gales do Sul , a maconha é a droga ilícita mais consumida do mundo, e apesar disso, é uma das que menos trás riscos ao usuário, tendo em vista o risco baixo de dependência. Na prática, podemos encontrar as populares ‘sedas’, papel usado para enrolar o fumo de maconha, na maioria das lojas de conveniência e distribuidoras de bebidas de Goiânia. O crescimento do uso gera discussões quanto à qualidade da planta e a lentidão dos avanços legais em torno da cultura. Organizações tentam difundir a redução de danos do uso do prensado, pior qualidade de maconha do mundo, e ensinam inclusive a lavar a erva, reduzindo impurezas. Usuários reivindicam principalmente o direito poder de plantar o que vão consumir.

Facebook, uma das redes sociais mais acessadas do mundo, inúmeras páginas, de longo alcance, se dedicam a falar sobre vários assuntos que giram em torno da cannabis, como o uso consciente, redução de danos e situação legal do uso, porte, cultivo e venda da planta. Uma das páginas mais seguidas traz uma ironia logo no título. ‘Maconha torna VOCÊ violento’ conta com mais de 104 mil seguidores, e usa exageros e comparações para ridicularizar os discursos leigos que propagam que o uso de cannabis faz com que o usuário se torne violento, e que estaria diretamente relacionado com a criminalidade, o que para os defensores e consumidores não faz nenhum sentido.

Mitos espalhados no dia-a-dia por pessoas mal informadas também são usados com efeito reverso, e ao mesmo tempo em que diverte, traz reflexões importantes e bem humoradas sobre os danos causados por drogas lícitas como o álcool e o tabaco. Lourenço Elemaster foi o autor de um dos comentários mais curtidos de uma postagem da página ‘Maconha torna VOCÊ violento’. “A Cada dia 7 BILHÕES de pessoas morrem por injetar maconha! Enquanto até hoje ninguém morreu por causa do tabaco! Muito pelo contrário! O tabaco é responsável pela juventude eterna!”. O comentário de Lourenço brinca com confusões, já que maconha não se injeta e que o tabaco é um dos grandes causadores de mortes no planeta.

Outra página bastante seguida se chama ‘Redução de danos’. Com cerca de 80 mil seguidores, a página tem como objetivo orientar usuários de drogas no sentido do consumo consciente, apresentando pesquisas científicas e orientando principalmente sobre a importância da hidratação na diminuição de efeitos colaterais de várias drogas. A descrição dos organizadores é breve: “Página destinada a pessoas que usam drogas ou trabalham com esta temática”. Na mesma rede social, outro ponto de encontro e debate sobre a cannabis e a regularização das drogas se chama ‘Quebrando o Tabu’, e existe em paralelo ao documentário de mesmo nome dirigido por Fernando Andrade e conta com colaboração do ex-presidente Fernando Henrique.

Cinema

‘Quebrando o Tabu’, foi lançado em 2011 e é uma boa recomendação para quem tem interesse em entender o contexto de “Guerra às Drogas”, encabeçado pelos Estados Unidos na década de 1970 e com influência mundial. O documentário mostra como a proibição das drogas não foi capaz de eliminar seu consumo, e como o uso ilegal das substâncias pode ser prejudicial à saúde, o que influencia tanto na qualidade de vida da população quanto na economia de uma nação. São narrados episódios que mostram como a guerra às drogas pode proporcionar situações absurdas, na voz de personagens reias como o médico Dráuzio Varella, o escritor Paulo Coelho e o ator mexicano Gael Garcia Bernal.

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