Opinião

Uma botina, um voto

Diário da Manhã

Publicado em 7 de abril de 2016 às 03:02 | Atualizado há 9 anos

Fui criado ouvindo que, nos primórdios do Brasil republicano trocava-se um voto por um par de botinas. Melhor: pela promessa de um par já que se entregava um pé e, só depois de vencida a eleição, entregava-se o outro. Isto, noves fora o chamado voto de cabresto em que os grandes proprietários obrigavam seus serviçais a votar em um candidato predeterminado.

Quem é Maurício Marinho?

Não sei dizer se de fato tais coisas aconteciam, mas acredito que possa ser verdade. Dado que o Brasil tem se revelado a cada dia mais e mais capaz de produzir novos escandalos que supera o anterior, já não há mais esperança nem dúvida: as coisas eram assim e pioraram muito. Não há fundo do poço.

Quem é Sílvio Pereira?

De fato não há que se culpar Dilma, ou Lula, ou FHC ou outro qualquer. Por mais que situações como a de Collor, Renan e Jefferson, que num passado recente tiveram encontros com a justiça, nos tenha dado uma esperança momentãnea, o resultado final tem ferido de morte nossa fé no homem.

Quem é este tal de Bessias?

Não quero aqui, portanto, defender o Impeachement, tão pouco ir contra ele. Não quero dizer que Dilma é culpada tanto quanto o Eduardo Cunha ou o Aécio. Nada disto. Minha desilusão já não é com o politico que, por hora, se aboleta no poder. Minha desesperança agora é com o povo, que se vende por um par de botinas. Ah!, já não há mais botinas.

O governo brasileiro está falido. E está falido porque tem despesas superirores à receita. O propinoduto onera a todos. Isto é mais simples de dizer para que todos entendam. Pedaladas aqui, no mundo real, não existem a menos que seja para utilizar um velha bicicleta para ir ao trabalho. O certo é que o governo tem gastado mal. E tem gastado com o quê? Com botinas.

Na última semana, o governo central brasileiro tem distribuído botinas, na forma de ministérios e cargos do segundo escalão para quem queira manifestar-se contra o tal Impeachemant. Calma, não é dele que falarei. O que quero destacar são os cargos do segundo escalão, que dizem ser mais de 500. Alguém sabe dizer o que faz um funcionário de segundo escalão? Um só? Não quero saber qual a função é determinada como sendo do segundo escalão. Quero saber o que efetivamente faz qualquer um deles. Se você não sabe, não se aborreça. Já somos dois ignorantes.

Maurício Marinho revelou-se no escandalo dos correios, onde ocupava o segundo escalão, em 2005. Sílvio Pereira, alcunhado de Land Rover, apareceu por ter recebido uma land rover de um fornecedor da Petrobras. Não é exatamente um funcionário do segundo escalão do governo, mas do Partido dos Trabalhadores que hoje, tem se confundido com o próprio Estado. E o Bessias? Este dispensa comentário. É o office boy encarregado de recolher assinaturas nos aeroportos a mando da presidente.

Não digo que todos os funcionários do segundo escalão são maus, mas sempre que um aparece, é para fabricar dinheiro para o primeiro escalão. Deve ser por isto que são o segundo. Só carregam, enquanto os do primeiro: embolsam. Ainda bem que a maioria não querem (e por certo não precisam) aparecer.

O segundo escalão se tornou a botina da vez. A botina camaleônica tem se adaptado aos tempos. E não são poucos os personagens ávidos por uma botina governamental. Este é o motivo de nossa desilusão. A mercadoria comprada é a mesma: o voto. Só a moeda mudou. E não adianta reclamar. Já usei minhas legítimas botinas. Dizem que todo mundo tem um par que lhe cairia bem. Que botina você toparia calçar?

 

(Coronel Avelar Lopes de Viveiros, comandante do policiamento ambiental de Goiás)

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