José Eliton está à altura do desafio que lhe foi imposto
Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 21:12 | Atualizado há 9 anosO vice-governador José Eliton assume a Secretaria da Segurança Pública cercado das melhores expectativas. Marconi não o escolheu por acaso. O vice-governador vem sendo, há tempos, uma espécie de curinga do governo, o pau pra toda obra. Presidiu a Celg em momento dramático da empresa. Depois da Celg, voltou para seu gabinete no quarto andar do Centro Administrativo, o Palácio Pedro Ludovico, para cumprir missões junto ao governo federal.
Na gestão que teve início em 2014, o governador confiou a ele a execução da política de desenvolvimento econômico e o comando de inúmeras missões comerciais ao exterior, todas bem sucedidas. Agora lhe confia outro desafio: combater a criminalidade através da sempre problemática Secretaria de Segurança Pública.
Em 2010, o jovem e desconhecido advogado José Eliton foi imposto a Marconi Perillo pelo DEM de Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado para compor a chapa majoritária da coligação. Marconi fez, à época, concessão pesada. A vice e uma senatória para um partido eleitoralmente desmilinguido. Foi o preço de impedir que o DEM de Caiado caísse nas mãos de Alcides e de Vanderlan.
Quatro anos depois, José Eliton voltou a integrar a chapa majoritária por indicação pessoal do próprio Marconi. Durante a pré-campanha, o então presidente do PSDB, Paulinho de Jesus, promoveu uns encontros regionais para agitar a militância marconista. Muita gente da base aliada não demonstrava entusiasmo algum pelo vice-governador. Mas bastava ele empunhar o microfone para reverter as expectativas. A cada discurso, ganhava o auditório e passava a ser não mais o candidato de Marconi, mas o candidato da base. Ele é um orador vibrante, bem articulado, que fala de improviso e fala bem. Dizem que ele não tem carisma. Os que dizem isso nunca o viram de microfone na mão em cima de um palanque. É pegar o microfone e o carisma descer.
O que leva um jovem político em confortável situação como titular da SED a aceitar, de pronto, sem piscar, uma missão espinhosa como a que Marconi lhe deu? Fico imaginando os conselhos que recebeu dos bons conselheiros, sempre muito prudentes, que sempre aparecem nessas horas. “Aceita não, que é fria!”. Mas ele aceitou. E Marconi sabe que os bons, como o ouro, são provados pelo fogo. É diante do praxismo que os homens de fibra se revelam. O próprio Marconi é exemplo disso. Em l990, ao ser lançado candidato a governador contra o então imbatível Íris Rezende Machado, ele preferiu lutar a se lamentar. Outros poderiam ter sido candidatos. Tiveram medo. Marconi foi lançado como boi de piranha. O boi devorou as piranhas.
Todo desafio implica riscos. Quando alguém se lança em aventuras arriscadas, o fracasso é uma possibilidade, tanto quanto o êxito. Fazer do êxito potencial uma realidade em ato não é fácil. Depende da conjugação de vários fatores. Mas o êxito, afinal, vem da capacidade do sujeito fazer a diferença. Por isso, a secretaria de Segurança pública é o tipo de desafio que só os corajosos, os que confiam em si mesmos, e os que têm talento são capazes de aceitar.
Homem de ação e homem de pensamento, José Eliton está mais do que preparado para cumprir bem a sua missão. Já acumulou experiência administrativa nos cargos anteriores que exerceu. Vem acumulando experiência política no exercício desses cargos e nas ocasiões que assumiu interinamente o governo. Experiências que vem da facilidade em dialogar com todos, e sobretudo de ouvir pacientemente seu interlocutor. Saber ouvir, para Tancredo Neves, era a maior virtude do político. Os que não têm paciência para ouvir estão fadados a tomar decisões erradas.
Marconi mostrou-se sábio ao investir o novo secretário de poderes que nenhum outro teve antes dele. O governador transferiu a José Eliton prerrogativas que são suas, quais sejam, a de compor os comandos operacionais das polícias. José Eliton tem que trabalhar com gente em quem confia, com gente disposta a se engajar com ele na elaboração e na execução de uma política de segurança pública eficaz. Esta delegação de poderes é condição necessária ao bom êxito da missão.
Por outro lado, o novo secretário já sinalizou que vai prestigiar o aparato policial, embora ressaltando que não vai tolerar desvios. Saber motivar policiais e demais funcionários do aparato de segurança é fundamental. A cooperação entusiasmada dos servidores da segurança, combinada com o total respaldo político que lhe dá o governador, prenunciam o êxito da empreitada. O apoio irrestrito do governador ele já tem. Obter a estima de suas tropas, porém,, terá que ser mérito dele. Meu palpite é de que vai conseguir. Com seu jeito aberto e franco de lidar com as pessoas, com seu estilo de chefiar sem afetação e sem vaidade, com sua capacidade de liderar inspirando confiança, é certo que ele vai conseguir este apoio e vai devorar as piranhas.
José Eliton sabe que o êxito de seus projetos futuros depende do sucesso do atual governo. E o atual governador sabe, por sua vez, que o sucesso de seu governo cada vez mais depende do êxito de José Eliton à frente da Segurança Pública. Ninguém espera dele que faça milagres. É complexa a etiologia da criminalidade e nunca haverá consenso sobre os meios adequados de erradicá-la. A repressão policial continua sendo melhor meio, talvez o único, de mantê-la em níveis socialmente toleráveis. Mas de nada adiada espalhar homens armados e fardados pelas ruas sem que ação desses homens seja guidada por estratégias bem pensadas e melhor executadas. Com sua capacidade de pensar estrategicamente e coordenar cabeças pensantes, José Eliton tem tudo para devolver às ruas aquela tranquilidade que já não há.
Na medida em que tiver liberdade para reorganizar o comando do aparato repressivo, podendo livremente formar o seu estado-maior, José Eliton terá poderes para impedir que ambições corporativas e interesses vulgares se sobreponham ao bem comum. Talvez o que vinha faltando, no momento, fosse a presença de um chefe motivador. De um político no sentido nobre da palavra, virtuoso e engajado, ou seja, alguém dedicado a servir ao Estado onde e quando sua presença for necessária. É este o caso.
]]>