Crer reabilita
Diário da Manhã
Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 23:34 | Atualizado há 2 semanas
Considerado um dos maiores nomes da medicina goiana, o médico e pesquisador Heitor Rosa apresentou a uma equipe de profissionais, em reunião realizada na sede do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), na última quarta-feira, um projeto de pesquisa sobre microcefalia a ser desenvolvido a partir de maio.
Heitor Rosa irá coordenar o estudo focado na busca de métodos para a reabilitação de bebês com este tipo de má formação. De acordo com o especialista a pesquisa pretende responder questionamentos como: quais são as diferenças anatômicas, estruturais e antropométricas entre as microcefalias associadas ao zika vírus e as não relacionadas; bem como, as diferenças nas respostas terapêuticas entre as microcefalias, dentre outras interrogações que o estudo visa encontrar respostas.
Para a formação da equipe Heitor Rosa tem a intenção de poder reunir um grupo de pesquisadores composto por profissionais da Pediatria Clínica, Neuropediatria, Neurofisiologia, Fisiatria, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia, Infectologia, Radiologia, Laboratório e Nutrição do Crer. “Pesquisa só funciona em equipe, precisamos buscar métodos para reabilitação em microcefalia, independentemente de ser por zika ou não”, declara.
Durante o encontro ficou definido que o grupo de pesquisadores irão se reunir mensalmente com o objetivo de que todos estejam sempre informados sobre o que os outros estão desenvolvendo. O superintendente da Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (AGIR) Sérgio Daher, reforçou a importância do trabalho. “Independentemente do resultado, vamos trabalhar. É importante que o Crer comece a ter uma área de pesquisa mais forte. Essa era uma ideia desde a criação dessa unidade. Isso é muito gratificante para nós”, conclui.
O último boletim epidemológico de microcefalia divulgado pelo Ministério da Saúde, demonstra que existem 4.107 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. Em Goiás, já são oitenta casos em investigação, seis confirmados e dois descartados, totalizando oitenta e oito casos notificados entre 2015 a 2016.
Entrevista
Em entrevista à reportagem do Diário da Manhã o diretor técnico de reabilitação do CRER e um dos Coordenadores da Pesquisa, Fabríccio Queiroz Corrêa fala sobre a importância do estudo que a busca de métodos para a reabilitação de bebês com Microcefalia.
Fabríccio Queiroz – A pesquisa sobre microcefalia no CRER baseia-se principalmente em aspectos ligados a reabilitação de pacientes com microcefalia. O processo de reabilitação possui características bastante específicas e com uma curva de evolução de longo prazo. Acreditamos que nos primeiros 6 a 12 meses seremos capazes de mensurar alguns resultados preliminares.
DM – O que a ciência entende sobre a reabilitação em microcefalia?
Fabríccio Queiroz – O processo de reabilitação é, de forma geral, consagrado há longa data. Para este perfil de paciente varia de acordo com o comprometimento apresentado por cada um, no entanto, o que será realizado é a chamada Estimulação Precoce Multiprofissional.
DM – Quais serão os possíveis benefícios alcançados com o estudo?
Fabríccio Queiroz – Por meio da pesquisa, queremos avaliar se os pacientes com microcefalia causada pelo vírus zika respondem as terapias da mesma forma que os pacientes microencefálicos causadas por outras doenças infecciosas ou genéticas. Assim, será possível estabelecermos protocolos mais adequados para cada perfil de paciente, objetivando inclusive planos terapêuticos singulares – individuais.
DM – Qual a realidade sobre microcefalia em Goiás e no Brasil?
Fabríccio Queiroz – Acredito que as autoridades de Saúde Estadual se mobilizaram de forma ágil e adequada nas tomadas de decisões para o diagnóstico e tratamento das crianças com microcefalias. No entanto, ainda temos muito a melhorar nos quesitos de prevenção às doenças infecciosas que levam a microcefalia, no que tange o combate aos vetores e mudanças de políticas de diagnóstico de doenças no pré-natal, como a sífilis e toxoplasmose.
Podemos dizer que hoje os registros de bebês nascidos com microcefalia passam, a partir de agora, ter maior fidedignidade, o que facilita o acesso destes pacientes à reabilitação e com melhor prognóstico para as atividades de vida diária no futuro. Ressalto ainda, que os gestores estaduais e nacionais assumiram o importante papel de incentivar pesquisas científicas sobre o tema, o que traz benefícios a todos nós.
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