Policiais militares agridem mulheres durante manifestação
Diário da Manhã
Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 01:38 | Atualizado há 2 semanasDurante o “controle” da manifestação realizada na tarde de quarta-feira (17), policiais militares usaram de força e bombas de efeito moral para “conter” os estudantes.
Dentre eles uma mulher e esta repórter do DMonline que escreve este hypertexto foram agredidas fisicamente.
Tudo começou ao fim do protesto, quando os manifestantes se reuniram para voltar à Praça Cívica, onde se dispersariam.
Porém, durante o caminho uma das manifestantes teve o celular roubado.
Um pequeno grupo se separou da manifestação e seguiu o suspeito até o Edifício Alencastro Veiga, em uma das ruas adjacentes à Avenida Goiás, gritando para que ele saísse do prédio.
Ao ver uma viatura passar pela rua, os próprios estudantes chamaram os PM’s, para denunciar o furto.
No entanto, o clima continuava quente entre ambas as partes.
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Lorena, uma estudante que discutia com um dos policiais, apontou na direção do agente e o chamou de “otário”. Quando a estudante se virou para ir embora, o policial a agarrou pela gola da blusa, que se rasgou, e empunhou um cassetete em seu rosto, quando foi impedido por um colega da corporação.
O Diário da Manhã perguntou por que a estudante havia agido de tal forma.
Ainda irritada, Lorena afirmou que não conseguiu se conter pois o PM havia lhe dito que “não existia crime, se não existia vítima”.
Pouco após a breve entrevista a jovem voltou a discutir com os policiais e por fim, agarrada, foi levada para dentro do edifício.
Outro manifestante, e irmão de Lorena, afirmou que ela havia dito ao policial: “é trabalho da policia prender ladrões” e os questionou porque não estavam fazendo isso.
Segundo o jovem, a irmã foi levada para dentro do prédio, foi agredida, e teve sua roupa retirada.
Do lado da PM, um dos policiais não uniformizados levou socos e foi derrubado por um dos manifestantes com uma rasteira enquanto prendia outro.
A estudante foi mantida lá até o fim da tarde, quando foi enviada para o 1º Distrito Policial. Além de Lorena, um dos estudantes teve sua bicicleta pega por um PM que estava acompanhando a manifestação à paisana.
Pouco antes do ocorrido, esta repórter foi agredida pelo mesmo homem, que a confundiu com um dos manifestantes.
Sem abordagem correta, apenas tocando seu ombro e apontando com a cabeça num sinal de “saia”, o policial a empurrou, deu-lhe um tapa no ombro e agarrou-a pelos braços. Antes que pudesse lhe dar um chute no estômago o fotojornalista que acompanhava esta reportagem interrompeu o PM.
A tropa de choque foi acionada e se reuniu formando uma barreira na rua. Foram lançadas duas bombas de efeito moral no meio dos estudantes, que mostraram as mãos dizendo estarem desarmados. Estes protestaram durante mais algum tempo e depois, quando a tropa foi embora, se dispersaram.
MANIFESTAÇÃO
Os estudantes se reuniram às 17h30 de quarta-feira na Praça Universitária em manifestação contra o aumento da passagem de ônibus, que passou de R$3,30 para R$3,70.
No meio da praça, os jovens empunhavam cartazes de protesto e cantavam rimas chamando os cidadãos para vir à rua ajudá-los.
Entoavam as palavras “Não pago, não pagaria, transporte público não é mercadoria”.
Homens, que os jovens julgavam ser policiais sem farda, chegavam perto do grupo e se afastavam após os gritos dos manifestantes.
Quando estavam todos reunidos, os manifestantes andaram pela praça em direção a Avenida Universitária, passando pela Praça Cívica, Avenida Goiás.
O grupo parou por fim na Praça do Bandeirante. Até o presente momento a manifestação foi tranquila, cinco carros da polícia acompanharam o grupo dos 250 manifestantes até seu destino.
Lá os jovens pararam e se sentaram no meio do cruzamento da Goiás com a Anhanguera espalhados pela avenida. Em meio à discursos em repressão à imagem da estátua do Bandeirante, considerado pelos jovns “assassino de índios” e afirmando que ele “não representava o povo”, os estudantes queimaram sacos de lixo cheios de papel ao pé do monumento.
Sem qualquer policiamento para impedir a depredação, logo após o ato, estudantes arrancaram a placa que contem informações sobre a estátua e por fim a jogaram em meio ao fogo.
Uma das estudantes, que estava presente junto com o namorado, afirmou que, mesmo estando na manifestação, não apoiava tal atitude, e que as pessoas deveriam protestar por seus direitos de maneira pacifica.
O carro de som que acompanhava os estudantes transmitia os objetivos da caminhada, que, além do não aumento da passagem e privatização da Metrobus, lutava também pelo fim da operação 2,80 e em defesa dos 31 estudantes que foram presos pela ocupação da Seduce.
Um aluno do curso de Direito que estava com os manifestantes afirmou: “Espero que com a pressão popular, pelo menos as autoridades que são competentes, como o Ministério Público, que pode barrar o aumento, se sensibilizem e estejam do lado do povo”.
Quando questionado sobre os outros motivos que o levaram para a rua, o jovem disse que “é difícil ficar parado quando você tem amigos ou você próprio sofreu essa repressão”.
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