Opinião

Repórter bom tem que apanhar

Diário da Manhã

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 22:30 | Atualizado há 9 anos

O prédio dos Diários Associados – Folha de Goiaz, Rádio Clube e TV-Goiânia – era no lote ao lado da atual Caixa Econômica, na Avenida Goiás, próximo à Rua 1, no centro. Conhecido como o ‘prédio das Araras’, pelo casal da colorida ave que ali vivia à solta, a praça – a construção era recuada – atraia muitas pessoas, porque ali se realizavam shows, com artistas locais e nacionais, lutas de boxer, etc. Lá dentro, o jornal, a impressora e as emissoras de rádio e Tv. Dia e noite, um formigueiro humano, constituído de repórteres, apresentadores, animadores de auditório, artistas e os diretores, comandados pelo superintendente Francisco Braga Sobrinho.

De fora se via o movimento na redação, pela parede de vidro. E como tinha curiosos apreciando o corre-corre dos que preparavam a edição do jornal, para circular, cedinho, no dia seguinte! A entrada à redação era livre e havia os que iam lá dentro, apreciar o tic tac das Remingtons, na agitação dos repórteres.

Anos 60, Goiânia dominada por uma política partidária violenta, por qualquer notícia que contrariasse interesses, as ameaças chegavam aos ouvidos do repórter, que se precavinha, para não sofrer atentado. Um exemplo foi Haroldo Gurgel, repórter de ‘O Repórter’, semanário, publicando matéria criticando o sistema elétrico da época, sob o título ‘O homem voltou e deu a luz’. O homem era o diretor da hidrelétrica, estatal, Pedro Arantes. Foi cravejado de balas, em plena luz do dia, na Praça do Bandeirante, no terreno baldio, onde depois se construiu o BEG – Banco do Estado de Goiás.

Certa feita, mexi com uns grileiros de terras e me dei mal. Estava trabalhando, à tarde, quando um ‘visitante’ me atacou, bateu muito e se foi. Foi tão rápido que os colegas, ao se darem conta do ataque, eu já tinha apanhado bastante! Dai em diante, passei muito tempo com o Chicão, um policial gordo e alto, como meu anjo da guarda, gentileza do secretário de Segurança, meu amigo Rivadávia Xavier Nunes.

Outra vez, tempos depois, posicionei-me contra um movimento revincatório do Sindicato dos Enfermeiros, com contundentes reportagens. Resultado: recebi, na redação, uma comissão deles, com a presidenta à frente, que me advertiu:

– Se publicar mais uma linha, vamos-lhe enfaixar que nem múmia do Egito!

O Braga Sobrinho, ao solidarizar-se comigo, mais uma vez me disse:

– Quem com muitas pedras mexe, uma lhe cai na cabeça!

Estudioso da História, passei a escrever sobre as belezas da Serra Dourada!!!

 

(Luiz de Carvalho, jornalista – [email protected])

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