Terroristas ou heróis?
Diário da Manhã
Publicado em 18 de novembro de 2015 às 21:29 | Atualizado há 9 anosEm primeiro lugar deixo registrado as minhas condolências às vítimas dos atentados em Paris e no Brasil, aliás, desculpem-me tocar no assunto, mas, verdade seja dita, não ficamos devendo nadinha, nadinha mesmo, aqui no Brasil, no “nosso” País, às crueldades praticadas pelos extremistas muçulmanos na sexta-feira, dia 13, na “Cidade das Luzes”, nem às crueldades praticadas pelos franceses envolvidos nos assassinatos de centenas de crianças, mulheres e idosos, ou seja, de civis, nos bombardeios na Síria, citando apenas um exemplo, então, não devendo nada ao “Estado Islâmico”, nem à França, no quesito terrorismo, continuamos, nós, o maravilhoso e alegre “povo brasileiro”, que passa por cima de crianças deitadas em sacos plásticos na chuva, em praças públicas, vestidos de casacos, botas e chapéus que custam uma casa para várias famílias nestas condições, não significa que retrocedemos e voltamos à Idade Média superando-os? “O homem é o lobo do homem?”, e segundo Maquiavel precisa ser contido, sociabilizado por um governo justo, determinado e, mais ainda, haja vista os degolamentos, fuzilamentos, enforcamentos, esquartejamentos, enfim, muitos “lamentos” que temos por aqui, nessa maquiada e demoníaca democracia, todos os dias do ano, e muito mesmo destes crimes hediondos, inclusive os de pedofilia, são postados na internet para o deleite de seres satanizados nas drogas alcunhadas de “pesadas”, que ficam ávidos, sedentos, babando por violência e isso, de chegarem com uma AK-47 fuzilando inocentes, civis, em restaurantes, em boates, em escolas – aqui no Brasil? – é coisa corriqueira, cotidiana, “acontece a toda a hora”, como dizem, e são as manchetes prediletas da imensa maioria da população, ávida de sangue, devido aos seus recalques, conscientes ou inconscientes, por serem, a imensa maioria dos seus “membros”, alienados, conduzidos como gado, por um governo corrupto, para o matadouro, como cantava o Geraldo Vandré. Alimentam o seu lado horroroso, o “Self 6”, lendo jornais ou escutando telejornais com manchetes sangrentas e não, não, não, não mesmo, não estou querendo ser cruel com a mãe da minha filha caçula, a mãe da Sophia Penellopy, de apenas sete anos, que vivia se vangloriando da segurança em Paris, aonde mora há cerca de oito anos, bendizendo suas luzes, seus restaurantes, limpeza, povo, “isso e aquilo” e, “pior”, a invariável pergunta: “Por que você não deixa a Sophia vir morar aqui comigo?” Olha, para o misericordioso leitor ter uma ideia, nem o atentado no jornal “Charlie Hebdo” no dia 6, logo no princípio do ano, quando todo mundo, literalmente, comemorava a “passagem do ano”, como dizem, enfim, nem assim ela parou de me atormentar e eu nem sei, empenho a minha palavra de honra, como deixei a Sophia ir para lá nas férias do meio deste ano, em julho, quando viajou sozinha, ida e volta, para o espanto dos amigos que me confortavam ou consolavam perguntando: “Como você teve coragem?” Sobre estes tais “amigos” escrevi um artigo intitulado: “Palpite todo mundo dá, leite ninguém oferece.” Bem, voltando ao assunto, quando atendi ao telefone, sexta-feira, 13, ouvi a mãe, desesperada, dizendo que Paris estava sendo bombardeada. Eu fico imaginando o seu pavor, mas, sobretudo, fico imaginando o pavor que sentiria a minha filhinha se estivesse morando lá. E eu, suportaria? Acho que teria tido um ataque nessa “Sexta-feira 13”. Aliás, eu escrevi um artigo com este título, exatamente: “Sexta-feira 13”. Lá eu tentei explicar o que há de místico nessa conjunção que agora, devido aos ataques a Paris, evidentemente, aglutinou mais densidade, enfim, eis-me aqui tergiversando novamente, agora sobre misticismo, que pretensão!, então, não me contenho e vou transcrever, para tentar finalizar, o primeiro parágrafo dum artigo publicado aqui, logo no princípio de outubro “passado”, intitulado: “Terroristas disfarçados de refugiados?” Olha o que um pai, aliás, um corujão desesperado implora, publicamente, à mãe da Sophia Penellopy:
“Quinta-feira um maluco, de 26 anos, entrou em duas salas de aula, numa escola no estado de Oregon, na costa oeste dos Estados Unidos, gritando: “Quem é evangélico levante-se.” Antes de começar a disparar sobre os que se levantaram gritou novamente: “Vocês vão conhecer o seu Deus em um segundo.” Simpatizante do “Ira – Movimento Revolucionário Irlandês”, um grupo de extremistas católicos que, como os extremistas árabes, acreditam numa recompensa divina, com direitos especiais no céu, ou no paraíso, para os que conseguirem assassinar o maior número de pessoas em atentados, inclusive mulheres e crianças, como os temos visto praticando pelo mundão afora, vivia recluso com a mãe, que é divorciada, num pequeno apartamento repleto de armas e munições e, por falar em “mundão afora”, aproveito o ensejo, para repetir, mais uma vez, especialmente para a mãe da Sophia Penellopy e os que vivem repetindo que Paris seria o melhor lugar para a menina morar, viver, existir, então, pergunto: “Em meio a esses refugiados vindos dos países árabes, que penetraram em inúmeros países europeus, inclusive na França, quantos estarão disfarçados, quer dizer, quantos estarão carregando, em suas mochilas esfarrapadas e insuspeitas, ou até dentro dos seus corpos, pequenos pedaços, pequenas partes desmontadas de artefatos bélicos, fuzis, metralhadoras, bombas para concluírem os seus planos de destruição com atentados nas principais capitais europeias? Ora, este 2015 não ‘começou’ com o atentado no jornal com 12 mortos?”
Se o governo brasileiro criar uma “instituição” para receber todos os europeus que estão loucos para sair da Europa, além de os ajudarmos, angariaríamos bilhões, trilhões em investimentos nos próximos cinco anos e, aliás, como disseram que eu exagerei no artigo “Os portugueses roubaram o nosso ouro?”, da semana passada, quando afirmei que devemos muito aos portugueses, a nossa extensão territorial e, concomitantemente a riqueza amazônica, além da nossa cultura e língua, então, ousadamente, sem lastro oficial algum, convido todos os nossos irmãos europeus, em especial os portugueses, a mudarem-se para o Brasil. Que tal virem conhecer e morar no paraíso descrito por Pero Vaz de Caminha? O misericordioso leitor me perdoe a ousadia mas a Sophia Penellopy pediu para eu colocar a seguinte frase: “Mamãe volte para o seu País, volte para o Brasil!” Fiquei até emocionado. Até.
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)
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