Somos todos cristãos
Diário da Manhã
Publicado em 31 de outubro de 2015 às 21:54 | Atualizado há 9 anosA Doutrina dos Espíritos, também conhecida por Espiritismo, nos foi trazida pelo Espírito Verdade, auxiliado por uma falange de espíritos do bem que o seguiam, na codificação sábia de Allan Kardec. Um projeto anunciado pelo próprio Mestre Jesus que, à época, chamou-o de O Consolador Prometido.
O Espiritismo restaura o pensamento público de Jesus, conforme o que ele viveu com seus apóstolos. Segue o fundamento moral, exposto no Evangelho Segundo o Espiritismo e consola os dramas e as dores humanas. Mas, principalmente, traz um novo conceito sobre a morte, e o pôs morte, ditando que essa é apenas o retorno ao Reino de Deus, ao Mundo Espiritual.
E, com o surgimento desse novo ensinamento, apareceram, também, algumas dúvidas e discussões, levantadas principalmente por adeptos de outras religiões, uma das mais relevantes é: o Espiritismo é cristão ou não?
Encontramos nessa doutrina de amor, diversos contextos que vão de encontro às escrituras sagradas. Mas, em relação aos ensinamentos de Jesus, não podemos dizer o mesmo, pois esses são universais, válidos para todos os povos, tempos e lugares e são amplamente aplicados e divulgados na seara espírita.
A inclusão do Espiritismo no rol das doutrinas cristãs, sempre provoca discussões, às vezes acaloradas, por adeptos de outros credos religiosos. Para alguns religiosos, um espírita se dizer cristão é motivo de ofensa.
Para outros, Kardec fundou um “novo cristianismo”, de acordo com seus moldes e crenças próprias. Existem, também, os que acreditam que ele apenas reinterpretou algumas partes da teologia cristã. Importante dizer que o que Kardec fez não foi apenas reinterpretar passagens bíblicas. Ele divulgou amplamente os ensinamentos de amor, perdão e caridade, já há muito tempo prometido por Jesus, que poucas horas antes de ser entregue aos judeus, por ocasião da última ceia, profere as seguintes palavras:
“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João XIV: 15 a 17; 26).
Surgiu, então, essa bonita e oportuna doutrina, junto à modernidade, na sociedade europeia, quando as demais religiões começaram a se perder, principalmente por serem consideradas inimigas do progresso, pelos estudiosos. Kardec visava a abrandar e responder as dúvidas dessa população tão carente de informação e, principalmente, de consolo, para os problemas diários, que, a cada dia, tornavam-se mais frequentes e inquietantes, visto que a vida moderna apresenta maiores desafios aos encarnados.
Observa-se, então, que a Doutrina Espírita surgiu inserida em um momento em que as ciências naturais e sociais ganhavam prestígio perante a sociedade. Muitos procuravam respostas que a fé, por si só, não apresentava.
Assim, é impossível negar a conexão da doutrina consoladora ao Cristianismo. Em 1864, finalmente, tal questão foi solucionada. Com a edição do Evangelho Segundo o Espiritismo, a vinculação da Terceira Revelação (trata-se da terceira, pois a primeira se deu com Moisés, e a segunda, com o próprio Mestre Jesus) com a teologia judaico-cristã ficou bastante evidente.
O Espiritismo demonstra a eficácia da Lei de ação e reação, onde cada um colhe o que planta. A evolução espiritual depende do próprio ser humano, sendo, portanto, pessoal e intransferível. Ao longo das encarnações se expia e se prova o quanto foi aprendido e, principalmente, se o indivíduo conseguiu, ou não, colocar em prática os ensinamentos do Mestre do amor. A cada um cabe, desse modo, a colheita dos seus erros e acertos.
Portanto, sempre sábio o Mestre Allan Kardec ao afirmar:
“Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.
Assim, o mais relevante é praticar e viver o bem; seguir Jesus e seus exemplos de fé, amor e humildade, independente da religião que escolha seguir, pois Cristão é aquele que segue os princípios de moralidade que estão contidos nas sagradas escrituras, e os espíritas de coração, com certeza, aí se inserem.
(Camilla Rayana Arruda, espírita, médium do Grupo de Edificação Espírita/GEE, membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás – cadeira 21 advogada – E-mail: [email protected])
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