O indivíduo, a sociedade e o planeta

Faz duas semanas que O Dia da Sobrecarga da Terra ou “Overshoot Day” foi alcançado esse ano e isso atesta que há uma letargia humana em relação à percepção dos sinais de falência na biosfera. A cada ano que passa o dia da sobrecarga chega mais cedo, portanto, se continuarmos no mesmo ritmo de consumo e alienação, em 2050 serão necessários praticamente 3 planetas para fornecer o sustento da população humana. O que está faltando para que a mudança paradigmática realmente aconteça, e tanto o planeta quanto a humanidade possam sair do vermelho? Falta de conhecimentos ecológicos e tecnologias eficazes? Não creio. Falta de uma real compreensão das implicações da crise ambiental, por parte das governanças e outras lideranças mundiais? Talvez. Mas uma coisa é certa, para conseguirmos reverter o quadro de falência nas bases da sustentabilidade que naturalmente se encontram na fauna, flora e fatores abióticos planetários, não basta a realização de ações de mitigação da pegada ecológica, temos, sobretudo, que transmutar valores da nossa interioridade para saltarmos rumo à racionalidade ambiental, lugar da mente onde o modo de ver a realidade e nela se conduzir pressupõe a integral eliminação do sentimento de separação entre o indivíduo, a sociedade e o planeta.

A pegada ecológica é uma ferramenta necessária à conscientização da crise ambiental, pois mede a quantidade de recursos naturais renováveis que utilizamos em nosso modo de viver. Para o cálculo dela devemos somar todas as áreas necessárias para fornecer os recursos renováveis que são utilizados e também as áreas necessárias para a absorção dos materiais residuais. O hectare global (gha) é a unidade de medida utilizada no cálculo e corresponde à média mundial para terras e águas produtivas em um ano. Trata-se de uma contabilidade ambiental relacionada à demanda humana por recursos naturais e pode ser calculada para a pessoa, cidade, país, continente e mundo.