Meio ambiente versus Bus Rapit Transit
Redação
Publicado em 11 de agosto de 2015 às 01:05 | Atualizado há 9 anosBeto Silva,Da editoria de Cidades
Prefeitura de Goiânia alega necessidade de corte para que seja instalado o Bus Rapid Transit (BRT). Licença ambiental estabelece obrigatoriedade do plantio de 30 mudas de espécies nativas para cada árvore retirada. Durante toda a segunda-feira ocorreu um embate muitas vezes nervoso entre defensores ambientais e gestores públicos da Prefeitura de Goiânia. Motivo: uma quantidade significativa de flamboyants plantados na Avenida Goiás Norte, no Setor Urias Magalhães, na Região Norte de Goiânia, foi derrubada no último sábado.
Conforme a prefeitura, a retirada das árvores tem como intuito a instalação do BRT – sistema de transporte novo por meio de coletivos e que exige mudanças urbanísticas. A retirada das árvores faz parte das obras para instalação do corredor do ônibus de trânsito rápido (BRT), que tiveram início no final de abril deste ano.
Uma das justificativas para a retirada das arvores é motivada pela necessidade de se fazer com que a pista central na avenida, que vai até a Praça do Violeiro, permita a ultrapassagem dos ônibus.
Segundo Nelcivone Soares de Melo, presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), a licença ambiental estabelece a obrigatoriedade do plantio de 30 mudas de espécies nativas para cada árvore retirada.
As imagens que circularam pelas redes sociais mostram as árvores serradas e outras retiradas pela raiz. Para quem defende as árvores, a cena significa uma agressão que poderia ser evitada.
O morador Fernando Luiz de Paula, analista de sistemas, reclama da forma com que ocorreu a retirada. “É sempre assim: cortam sem informar, sem comunicar nada. E ainda por cima sem atender ao mínimo: que é retirar as árvores sem a agressão vista no local”, diz o residente do setor Urias Magalhães.
“Árvore é vida e meio ambiente. Existem pesquisa que revelam que cada unidade diminui em 6 graus a temperatura. Então é só chegar e cortar este ar condicionado natural? Sem consultar os moradores?”, reclama Amanda Ferreira Matos, moradora.
PRECONCEITO
O vereador Djalma Araújo afirma que se “indignou” com a forma com que foram retiradas as árvores. Ele diz que pretende ir ao Ministério Público (MP) pedir investigação detalhada “sobre a devastação”. “Não sou contra a obra, mas a forma como foi feita a retirada, sem técnica, sem consultar a população foi irresponsável. Não podemos tratar a natureza com desrespeito”, diz.
No Facebook do vereador, ele divulgou também a agressão de um defensor da ação da prefeitura em relação às árvores. O ato ocorreu no microblog Twitter assinado por Raphael Scheinaider. Djalma teria dito que é contra os cortes da forma com que ocorreram. O internauta respondeu: “O sr. está muito acostumado com o sertão e lembre-se que Goiânia está em franco desenvolvimento”. Em outro post, ele comete supostamente crime de preconceito, vedado pela Constituição Federal: “No sertão sequer consegue beber água, mas aqui conseguimos desenvolver com obras importantes como essa do BRT”.
A Constituição Federal tem em seu artigo 3º um dos fundamentos da República: é fundamento do Brasil promover o bem estar da população sem preconceitos de idade, raça, cor e região.
Um corte de árvores na Capital revela o que existe por trás das palavras: preconceito. O autor sabe que Djalma nasceu na Bahia e articula bem seu escrito. A reportagem tentou entrar em contato com Raphael Scheinaider, mas ele deletou sua conta no twitter.
“Venho do sertão baiano sim, com muito orgulho! Passei fome, sede e necessidade, sim! Mas foi nesse sertão tão pobre e tão judiado que eu e milhares de outros nordestinos aprendemos a ser fortes, corajosos e guerreiros, desafiando todo tipo de dificuldade parar sobreviver”, desabafou o político.
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