Opinião

Velho Flamboyant e o tempo

Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 21:54 | Atualizado há 9 anos

Há muito tempo eu o observo sempre quando passo ali pela Avenida Goiás descendo até a Rua 4, na esquina com a Rua 3. O tronco e as protuberâncias que se formaram através dos anos parecem querer falar de idade.

Os galhos quase não produzem folhas, mas ainda assim, na época apropriada do ano ainda se vem flores, aquelas flores lindas que não me canso de ver e admirar, umas vermelhas, outras amareladas. Ainda se veem as enormes bagas necessárias à reprodução da espécie. Mas as chuvas em conluio com o asfalto levam tudo, não sei para onde, talvez para o rio meia ponte, através de esgotos que vão se revezando até chegarem ao seu destino.

Os troncos estão grandes e grossos. Penso que já não crescem mais.

Às vezes sento-me na cadeira de engraxate onde o senhor Divino pule os sapatos de fregueses. O Senhor Divino é um cara que gosta de papear com as pessoas. E fico olhando o porte agigantado do velho flamboyant que coloca em risco os transeuntes. Muitos nem lhe dão bola. Apenas passam indiferentes. Mas alguns passam e aproveitam para conversar com o Divino, ou com a senhora que compra ouro, ou com outra que tira pressão dos mais velhos. De minha parte também gosto de conversar. São muitos que lá permanecem admirando-se do movimento de gente, dos veículos que sobem e descem pela Avenida Goiás, aliás, em velocidade não condizente com o fluxo de pessoas na Praça do Bandeirante, velocidade que pede mais controle em benefício dos pedestres e dos próprios veículos.

Ao mesmo tempo o senhor Divino cumpre sua missão com alegria e a conversa continua. E então que em vem a mente uma idéia não muito simpática, um tanto macabra. Então penso: se esse flamboyant resolver cair, como tem acontecido em outros lugares com arvores mais novas e menores, vai ser um Deus nos acuda. Essa árvore se bifurca em dois grandes ramos, um em direção da avenida e o outro em direção ao Grande Hotel.

Então, perambulo em meu pensamento macabro e torno a pensar: Se Deus não segurar as pontas, vai ser um desastre feio, capaz de machucar alguém.

Já pensou?

Que tal não aconteça jamais. Mas que é possível, isso é. Basta olhar a grossura e a posição dos galhos principais. Não dá para pensar em coisa boa. (Cruz-credo)! Espero que o órgão competente trate do assunto logo tomando as providências necessárias antes que seja tarde…

 

(Gabriel Ribeiro Soares Filho, advogado, procurador federal, membro da Associação Goiana de Imprensa)

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