A morte de um gigante
Redação
Publicado em 31 de julho de 2015 às 22:23 | Atualizado há 9 anosApós 96 anos de gloriosa existência, eis que dos próprios médicos nos deixa o imperador do Vale do Gurgueia.
Neste 8 de julho, após quase 100 anos de laboriosa existência, eis que parte para o Oriente Eterno um dos homens mais dinâmicos, inteligente, trabalhador, valente, do Piauí, Região Sul. Notadamente, Vale do Rio Gurgueia. Na Missa de 7º Dia, foi proclamado este sumário de sua vida, em que a sua personalidade vibrante está vigorosamente delineada no “santinho” distribuído naquela missa, juntamente com a Oração de São José.
Eis o seu texto integral, que me permito transcrever, ipsis verbis:
“Zé Martins era uma pessoa rara. Um entre pouquíssimos, não só para orgulho dos familiares e amigos, mas também na análise dos próprios médicos. Beirou um século de vida sem se preocupar em driblar a morte com dietas, tratamentos, excessivos cuidados próprios da idade avançada. Nunca abandonou sua pimenta, sua azulzinha, e suas caçadas. Caçadas de corso, nunca de espera, como se o fizesse de propósito para nos chocar com sua enorme força e coragem, não abaladas pela idade.
Nessa abundância de vida e de querer viver, viu estórias e fez a sua própria história, marcando sua presença com tinta indelével em todos os lugares por onde passou, do Piauí ao Maranhão – inclusive no seu trajeto sobre o lombo de uma burra (nunca um burro, ele aconselhava). Fez sua parte, como marido, como companheiro, como amigo, como pai, como avô, como bisavô e como homem público de grande tirocínio.
Tinha paixão ardente pela sua grande família, que teve e sempre terá a graça de ser unida, rodeando-o de muito amor e, agora, de saudade. O maior orgulho de Zé Martins era dizer que ser rico de filhos. E, também, que era milionário de netos, e com uma fortuna incalculável de bisnetos.
Como qualquer livro que se desgasta com o tempo, e vê suas folhas se quebrantarem, Zé Martins se foi, mas apenas na matéria, que é efêmera. Sua essência, como a dos bons livros, fica para toda a eternidade.” (No “santinho” da Missa de 7º Dia).
A Missa denominou-se “Celebração da Esperança”, em que o celebrante assim se manifesta: “Fortalecido e amparado pelo apoio, solidariedade e carinho recebidos, nos reunimos na mesma fé, diante do Altar do Senhor para rezarmos por José da Silva Martins, para proclamarmos a alegria da Ressurreição e do Encontro definitivo com o Pai. Diante da morte de uma pessoa querida, sentimos nossa fragilidade expressa em saudades e dor. A fé, porém, nos leva a reconhecer a Bondade e Misericórdia Divina, e nos faz experimentar a Esperança, e até a certeza de que nosso José da Silva Martins foi acolhido na Casa do Pai. Portanto, vamos expressar o nosso agradecimento a Deus pelo dom que foi a sua vida, e nos concentrar, no momento da celebração.”
A seguir, o Salmo de Meditação.
Ei-lo.
“Tu me conheces, quando estou sentado / Tu me conheces quando estou de pé / Vês, claramente, quando estou andando / Quando repouso, tu também me vês.
Se pelas costas, sinto que me abranges / Também de frente sei que me percebes / Para ficar longe do Teu espírito / O que farei, aonde irei não sei. / (…) Se eu disser que as trevas me escondem / E que não haja luz onde eu passar / Pra ti, a noite é clara como o dia / Nada se oculta ao Teu divino olhar.
Tu me teceste, e teceste no seio materno / E definiste todo o meu viver / As Tuas mãos são maravilhosas / Que maravilha, meu Senhor, sou eu!”
Aclamação do Evangelho
“Olho em tudo, e sempre encontro a Ti / Estás no Céu, na Terra, aonde for / Em tudo o que me acontece, encontro o Teu amor / Já não se pode mais deixar de crer no Teu Amor / É impossível não fazer de Ti meu ideal.”
Na Aclamação do Evangelho, o celebrante escolheu, com muita felicidade, o Evangelho de João, 14, 1-6;
“Jesus falou: Não fique perturbado o coração de Vocês. Acreditem em Deus, e acreditem também em mim. Existem muitas moradas na Casa de meu Pai. Se assim não fosse, Eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para Vocês. E quando Eu for, e lhe tiver preparado esse lugar, voltarei e levarei Vocês comigo, para que, onde Eu estiver, estejam Vocês também. E para onde Eu vou, Vocês já conhecem o caminho.”
(Licínio Barbosa, advogado criminalista, professor emérito da UFG, professor titular da PUC-Goiás, membro titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 – E-mail [email protected])
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