Curso de Medicina passa de seis para oito anos
Diário da Manhã
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 22:29 | Atualizado há 9 anosO Governo Federal, com a desculpa de “regulamentar a Medicina”, está é desmantelando a prática médica no Brasil. Vejamos: qual é o único motivo de um Governo “regular” a Medicina? Seria o de “proteger o povo” contra Faculdades fajutas e contra pessoas que se dizem médicas e não são; pessoas que se dizem capacitadas mas não são (“brincar de médico” ou “ganhar dinheiro como falso médico” pode redundar na morte ou seqüela de alguém). Mas, veremos abaixo que o Governo, hoje, faz exatamente o contrário disso.
1- Para “salvar o SUS”, está autorizando Faculdades que estudam com bonecos de plástico, com atores fingindo ser pacientes, professores em sua maioria esmagadora constituídos por profissionais não-médicos (bem mais baratos do que os médicos), faculdades que, para não dizer que não têm hospitais, nem consultórios têm. Tudo isso para “fornecer mais médicos para o SUS”.
2- Ou seja, subvertem completamente a delegação que o povo colocou em suas mãos: isto é, fiscalizar Faculdades adequadas, fiscalizar médicos adequados. Fazem o contrário, autorizam faculdades sem a menor condição, ora movidos por propinas, ora por interesses “comunistas” (fornecer médicos a baixo preço para o SUS).
3- Se não bastasse só isso, o Governo também influencia , subverte, as matérias e as formas do curso: por exemplo, ao invés de aulas de UTI, de geriatria, de oncologia, de psiquiatria, etc, manda darem aulas de psicologia e sociologia de esquerda (os alunos são , p. ex., entupidos de uma tal de “saúde coletiva”, que, em sua maioria, não passam de doutrinação comunista ou blá-blá-blá enrolativo tecendo “glórias ao maravilhoso SUS”). Várias entidades de ensino médico já denunciaram isto, mas o Governo, mais uma vez, utiliza-se do poder de imposição que a Sociedade lhe deu para legislar em causa própria: não muda nada.
4- Ou então, o Governo aumenta artificialmente os já longuíssimos anos de curso médico: agora, mesmo faculdades particulares (ou seja, que não recebem dinheiro do Governo e são sustentadas a peso de ouro por alunos particulares) são obrigadas a mandarem seus alunos para servirem de mão de obra grátis no SUS, aumentando o curso de seis para oito anos. Isso não visa nenhuma melhora de formação, visa mão de obra socialista, obrigatoriamente escrava, para o SUS. O aluno da particular está pagando uma enorme mensalidade para fornecer mão de obra para o SUS e ainda por cima não aprender nada (e desaprender o que eventualmente já sabia).
5- O mesmo acontece no processo de formação de médicos especialistas: o Governo ingere negativamente mesmo em cursos particulares, ou seja, cursos de residência médica pagos pelas instituições privadas: o hospital privado X paga para um aluno aprender aquela especialidade , é a bolsa -residência paga por um hospital privado que, diga-se de passagem, já está em situação pré-falimentar, também por causa das políticas estatais). Veja bem: um médico que está fazendo especialização em Cardiologia numa instituição privada X, num hospital X, agora terá de dar um ano de graça para o SUS. Neste ano que o Governo obriga este médico ir para o SUS, onde não irá aprender nada (pelo contrário), quem irá pagar seu salário continuará sendo o hospital particular no qual ele faz o curso.
6- Da mesma forma, continuemos imaginando o hospital privado X: é ele quem paga o salário do médico residente, é ele quem se esforça para manter o hospital funcionando (isso hoje no Brasil é uma coisa heróica), é ele quem se esforça para dar um ambiente adequado para o médico e para o paciente, é ele quem montou toda enorme e caríssima estrutura assistencial-didática, sem nenhuma ajuda do Governo, mas é o Governo que o obriga , goela abaixo, a receber um aluno mal-formado, incapacitado, que o Governo, compulsoriamente, discricionariamente, indicou. Com que Direito ? O Governo “indica”, obrigatoriamente, para entrarem na residência, mesmo nos hospitais que não são do Governo, os alunos que, depois de formados, foram trabalhar nas espeluncas do SUS. Isto não tem nada a ver com a função precípua do Governo: regulamentar a abertura de cursos de graduação e pós-graduação médica. O Governo extrapola suas funções por motivos políticos e financeiros (isto lhe abre oportunidades para propinas, como veremos abaixo).
7- Ou seja, mostra-se acima que o Governo obrigou os médicos a se degenerarem moralmente: aceitam trabalhar nas espeluncas do Governo para , ao final de um, dois anos de SUS, saírem de lá com uma “autorização” do Governo para passarem por cima de quem estudou e ralou, honestamente, para passar num concurso.
8- Ao mesmo tempo, para fornecer mão-de-obra barata para o SUS (onde o Governo acha que o médico custa caro), o Governo acabou com a lei que dizia que quem pode diagnosticar e tratar doenças é o médico. Ao acabar com esta lei, o Governo autoriza qualquer pessoa a exercer a Medicina, colocando em sério risco a população. Ou seja, em nome do socialismo, ou movido por propinas (p. ex. faculdades mal-preparadas têm de “molhar” a mão ou “influenciar politicamente”, determinados funcionários e gabinetes para conseguirem autorizações), está fazendo exatamente o contrário daquilo que o povo lhe delegou: fiscalizar boas faculdades e bons médicos. Além de não fiscalizar, além de destruir a segurança da prática médica para a população em geral, está destruindo a Medicina e o seu ensino até fora do SUS.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra, escreve as terças, sextas, domingos)
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