Cotidiano

Taxistas contra Uber

Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2016 às 22:13 | Atualizado há 9 anos

Hoje acontece o lançamento oficial do Uber na capital goiana, que é a sétima no país a recebê-lo

O lançamento oficial da plataforma Uber em Goiânia acontece hoje às 14 horas e antes mesmo de ser lançado, o projeto já gera polêmica entre os taxistas, que afirmam sofrer concorrência desleal.

Para quem não conhece, o Uber é um aplicativo de celular que conecta usuários e motoristas profissionais cadastrados na plataforma do aplicativo. O serviço é similar ao dos táxis, mas há diferenças, como o valor das corridas diferenciado, a cobrança direto no cartão de crédito dos usuários que são cadastrados nos aplicativos, os carros possuem sistema de GPS para proteção de motoristas e usuários em tempo real.

No Brasil, sete capitais possuem o serviço do Uber, sendo elas: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Brasília e Goiânia. Ao todo são dez mil motoristas cadastrados no país.Fábio Sabba, diretor e comunicação da Uber no Brasil, em entrevista ao Diário da Manhã, afirma que “a Uber é uma empresa de tecnologia que tem como missão oferecer transporte eficiente e seguro para todos”. Ele  explica que a grande diferença do projeto para qualquer outro tipo de meio de transporte é o uso da tecnologia: todas as viagens são registradas por GPS e o pagamento é feito somente por cartão de crédito.

“O que torna o Uber seguro é o uso da tecnologia. Quando um passageiro está fazendo um trajeto com o Uber, ele pode compartilhar a rota com algum familiar ou amigo, que acompanha, em tempo real, a localização do carro. Depois de cada viagem o passageiro dá nota para o motorista e o motorista dá nota para o passageiro. O motorista que não tiver a nota em média de 4,6 (em uma escala que vai até 5), é desligado do Uber. Assim mantemos o serviço sempre bom. A mesma coisa acontece com o usuário, que pode ser desligado do Uber se houver grande número de avaliação ruim por parte dos motoristas”, explica Fábio.

Motoristas

Fábio Sabba conta a respeito do rigoroso processo de seleção para motoristas do projeto. O candidato precisa ter carteira de motorista profissional, passar pela checagem de antecedentes criminais (esfera estadual e federal), além da checagem dos Diários Oficiais de todos os estados para ver se há antecedentes criminais.

“O motorista não pode ter nenhum processo em aberto contra ele e nem antecedentes criminais. Além disso, é preciso ter um carro que esteja com toda a documentação em dia e é preciso ter um seguro para o passageiro nesse carro”, afirma Fábio.

Para Fábio, motorista da Uber se vê como um empreendedor, “então ele sabe que se tratar bem o cliente e oferecer um serviço de qualidade, os indivíduos vão deixar o carro em casa, o que não acontece se o serviço não for eficiente e confortável”.

Valores

Fábio afirma que o preço da chamada é 2,50. Por cada quilômetro rodado é cobrado 1,20 e por cada minuto, 17 centavos. O preço mínimo por corrida é de 6 reais.Quando a corrida termina o usuário recebe uma correspondência eletrônica informando o tempo da viagem, a quilometragem e o valor, além do mapa com o trajeto. A Uber fica com 25% do valor da corrida.

Ameaça aos taxistas

De acordo com Fábio Sabba, se existe algum antagonista da Uber, ele é o carro particular, “pois com o objetivo de oferecer transporte barato, eficiente e seguro para todos, o que fazemos é concorrer com o carro privado, não com os demais meios de locomoção. A ideia é tornar o serviço tão barato que ninguém precise mais ter nem um carro em casa”.

Ele explica que esse é um mercado novo. “Com ele, mais pessoas vão estar dispostas a deixar o carro em casa e ao fazer isso elas vão usar mais o transporte público, os táxis, o Uber, vão usar outros tipos de transporte que não seja o carro particular”.

Entretanto, essa não é a opinião dos taxistas de Goiânia, que afirmam se sentir ameaçados por sofrer concorrência desleal. Joaquim Nascimento Dantas, taxista e presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado de Goiás, com exceção de Goiânia, defende que todos os transportes estão ameaçados com a chegada do Uber à capital, pois os motoristas do Uber não têm nenhum tipo de despesa.

“Isso vai acabar com o serviços de táxi de Goiânia. Os motoristas do Uber não pagam impostos, o serviço não é legalizado, qualquer um pode se tornar motorista. Em contrapartida, o serviço de táxi é um dos que mais paga impostos no país”, defende Joaquim.

Joaquim contou à reportagem que tem ido à reuniões com autoridades em Brasília para impedir a chegada da plataforma Uber em Goiânia. Ele se mostra otimista e acredita que o governo irá vetar o projeto na capital. “Goiânia tem serviço pra todo mundo, mas pra quem paga imposto”, defende.

Ele explica da dificuldade para conseguir comprar um táxi e trabalhar para sustentar a família, e completa: “eles estão vindo pra cá para tirar o nosso pão de cada dia”.

Fábio Sabba, entretanto, defende que a lei federal de “Política nacional de mobilidade urbana” tipifica os tipos de transporte que podem existir na cidade, sendo que táxi e Uber estão em categorias diferentes: o primeiro é serviço de transporte individual público, e o segundo, privado, sendo que os dois tipos são regidos por regulamentações diferentes.

“No caso dos táxis existe uma regulação específica, que deve ser atendida por quem se submete à categoria. Já para o uber, que se enquadra em uma categoria diferente (de transporte privado) ainda não há uma regulamentação específica. Existem vários projetos de lei em andamento para a regulamentação do Uber. Hoje a discussão não é de vetar, mas de como regular a uber. Isso porque essa plataforma pode ser usada pelo bem da cidade, já que gera emprego, contribui para a diminuição da quantidade de carros circulando, o que diminui o trânsito e é sustentável”, finaliza Fábio.

Taxistas melhoram o serviço para concorrer com Uber

Em pesquisa divulgada ontem (28) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a maioria (94,9%) dos taxistas acredita que houve diminuição na demanda por seus serviços em 2015. Para 43%, o motivo foi a crise econômica do país e 30,3% consideram que a causa seja consequência do transporte clandestino/ilegal, como o Uber.

Os taxistas comentaram o que pensam sobre o aplicativo. Entre os 92,1% que já ouviram falar desse serviço de transporte de passageiros, 72,0% disseram ser contra a legalização. 59,9% consideram a possibilidade de oferecer um serviço diferenciado em seu táxi para torná-lo mais vantajoso na concorrência com o Uber. Nas cidades onde o Uber opera, 68,6% dos taxistas perceberam impacto negativo em sua atividade devido a esse serviço, pois houve diminuição de passageiros.

]]>


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias